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Ensaios-->33. JUSTIÇAS HUMANA E DIVINA -- 24/06/2003 - 09:50 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Longo arrepio perpassou pelas espáduas do sofredor. De repente compreendeu que não estava só naquele lodaçal de vícios, embora não fosse capaz de caracterizar as criaturas que lhe faziam companhia. Seriam seres repelentes, viscosos, quais víboras traiçoeiras, que ameaçavam sua integridade física?

Sabia que estava de há muito lançado no Hades mais profundo, pois, em vida, tivera noções de espiritismo. Conhecera os meios de se safar das aperturas morais, mas não integralizara na consciência a necessária convicção de que só o bem redime e o arrependimento regenera. Conhecera as preces mais comovidas e os apelos mais veementes, mas não soubera discernir que propriedades morais deveria desenvolver para fazer valer tais orações. De há muito tempo repetia sem cessar as orações, mas nenhum efeito aparente produziam.

Esperava ansiado o bote dos animais pressentidos e nessa expectativa ficou durante largo tempo, até que foi capaz de imaginar outra situação bem diversa:

— Será que não são amigos da espiritualidade superior que terão ouvido os meus chamados? Se bem me lembro, em várias passagens das obras espiríticas, entidades ficavam à mercê de seu abandono por insuficiência da própria visão. Estarei eu neste caso?

E pôs-se a clamar pelos nomes dos antepassados, a começar pelos do pai e da mãe. E nesse estado quedou durante outro largo tempo, sem, entretanto, atinar com as causas que o levaram a enfrentar esse longo e doloroso transe.

Embora angustiado, não mantinha fel nem ódio no coração. A sensação que o atormentava era vago sentido de remorso, idéia não bem caracterizada, já que a memória se encolhera diante da poderosa vontade de se afastar daquele lugar de sofrimentos.

Um dia, já desesperançado, vislumbrou no fundo da consciência luzinha que brilhava bruxuleante. Com muito esforço de concentração, pôs-se a sofrear os ímpetos de fugir e recolheu-se, por um átimo de instante, para reconhecer o motivo daquele inusitado brilho. Foi o bastante para sofrer imediata transmudação. Imediatamente lhe surgiram pela frente várias entidades desconhecidas, que o agasalharam em seu seio e o soergueram para retirá-lo da infeliz situação.

Não tinha voz para agradecer lenitivo tão imensurável, pois a só presença de seres iguais lhe trouxera alvoroço de felicidade e de alegria indescritíveis. “Não mais! Não mais!”, repetia entre lágrimas, oferecendo-se do fundo do coração para qualquer sacrifício, desde que não mais se sentisse só, como que abandonado no espaço infinito, sem possibilidade de regresso.

Desde aquele instante compreendeu o porquê do sofrimento: é que em vida havia condenado à reclusão, em celas solitárias, inúmeros criminosos, perversas e feras criaturas, cuja hediondez monstruosa faria recuar multidões inteiras. Sabia, como juiz togado que era, que se amparara em dispositivos legais legitimamente constituídos. Não só não cometera nenhum ato contrário à legislação, como suas atitudes e decisões mereceram largo elogio de toda a comunidade. Compreendia agora que seu ato fora frio e sem qualquer comiseração e que não dera aos condenados nenhuma possibilidade de resgatarem os crimes por meio de qualquer atividade redentora. Entendia, finalmente, a razão mais profunda da provação e da dor.

— Quão misteriosa é a vontade divina! Como são os homens insignificantes e ignorantes! Eu, que tinha todos os pendores intelectuais mais sublimes para o entendimento da verdade; eu, que tive a coragem de enfrentar o infortúnio da pobreza, alteando-me, através do meu esforço, do meu trabalho e da minha inteligência, a invejável condição social; eu, que me jactava por ter julgado até mesmo ricos e poderosos, agora é que compreendi que, diante das leis de Deus, a justiça humana é tão-só arremedo, simulacro, rabisco sem valor, inexpressivo. Que bela maneira de aprender! Graças vos dou, Senhor, por me fazer crer em vossa divina justiça! Graças vos dou, Senhor, por permitir-me compreender, finalmente, o valor da virtude e a necessidade do amparo! Graças vos dou, Senhor, e vos prometo que jamais me surpreendereis procedendo em injustiça! E se eu, Senhor, titubear, peço-vos que me ampareis com a lembrança do infortúnio, de minha solitude, de meu amargo desespero de ontem. E eu vos agradeço, Senhor, comovido e ansioso por regenerar-me, toda luz que estava velada e agora resplandece gloriosa, jorrando em borbotões a demonstrar vossa sacratíssima misericórdia. Fazei, Senhor, de mim servo fiel, para que possa cumprir o meu destino. Assim seja!



Exercícios

Eis texto-mensagem rico em sugestões de trabalho. Fomos buscá-lo nos arquivos, por isso, inicialmente, solicitamos a todos os aluninhos que elevem os pensamentos em prece silenciosa em favor do crescimento moral do irmãozinho sofredor.

Vamos, então, trabalhar.



1. Após cuidadosa leitura do texto, discuta os aspectos da penalogia divina. Esteja atento para a seguinte observação: “Se o crime do juiz fora subtrair os sentenciados do convívio dos semelhantes, não teria a Divindade procedido da mesma forma, arremessando-o nos meandros do báratro?” Analise a propositura de sorte a tornar-se advogado da justiça divina.

2. Se os criminosos eram tão violentos e perigosos, conforme caracterização do texto, por que foi o juiz condenado, pessoa íntegra e honesta que era? Não teria sido excessiva a pena? Por que não lhe foram levadas em conta as atenuantes da vida pregressa?

3. Exercendo o papel de “advogado do diabo”, coloque-se no lugar do defensor do juiz diante de Deus e teça algumas considerações em defesa dele. Não se esqueça de que a argumentação forçosamente terá de ser falaciosa.

4. Argumente contra o discurso anterior, como se fora promotor a acusar o réu de seus crimes.

5. Vista a toga de juiz e escreva a condenação do réu, expondo ponto por ponto todos os itens que prescreveram a pena cominada.

6. Caracterize inequivocamente a razão primordial que possibilitou ao juiz receber amparo espiritual. Esta questão é de difícil solução; apreste-se, portanto, para responder a ela compulsando as obras sagradas do espiritismo kardecista.



Todo o exercício propicia íntima visão dos conceitos de justiça divina. Para complementação de tão árduo conhecimento, leia as obras acima referidas e estabeleça roteiro de questões a serem respondidas pelos participantes do grupo de estudos. Busque orientar o roteiro pelas suas dúvidas, ilustrando com fatos reais ou situações imaginadas. Você verá que da discussão surgirão respostas surpreendentes. Faça todo este trabalho com dedicação, pois, um dia ou outro, precisará destes conhecimentos para bem compreender as circunstâncias existenciais de seu próprio devenir.

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