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Ensaios-->Capimiã: O útero como signo ideológico -- 08/06/2003 - 11:24 (Mário Lemanski) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
“Um corpo físico vale por si próprio; ele não significa nada a não ser coincidir com sua própria natureza. Mas se este corpo, fazer parte de uma realidade natural ou social, refleti-la e refratá-la a uma outra realidade, ele estará cumprindo sua função ideológica e transformando-se num importante signo para a humanidade”.

Com este pequeno apanhado do mestre Mikhail Bakhtin, na sua ímpar obra “Marxismo e Filosofia da Linguagem”, arrisco algumas breves e relevantes considerações sobre a mais recente obra do amigo-poeta-legis, Jairo Batista Pereira, na sua epopéia, em seu livro-poema “Capimiã”.

O poema-libelo tem em seus signos, imagens tecidas a partir da lona preta de centenas, talvez milhares de filhos considerados “bastardos” pelos senhores da terra, que ao sabor de goles de wisky doze anos decidiram expulsá-los do ventre da mãe-terra. Tenham certeza!... o aborto pode ter sido provocado pela ingestão de Citotec, tendo em sua composição o sistema neocapitalista.

Após encontros com Marylin Semiótica, Jairo decide e ataca em “Capimiã” os gabinetes oficiais com ar-condicionado Spring-Carrier de Brasília. - Nas esquinas: Camarilhas circundas/ librés e gravatas/ no congresso/ utopia de messias/ ejaculadas em discursos oficiais...(1987- Poesianisso). De fato: meu labor poético encontrou um parceiro-eco atento aos sem-merda nenhuma, acuados pelos PMs e seus cães.

“Capimiã” deve ser lido por professores das escolas primárias, mestres e doutores com síndrome da Vaidade Intelectual – definição do poeta-economista e amigo Vander Piaia – e por um bando de babacas atolados e tapados em suas academias, cegas endemias.

Também por aqueles que se denominam salvadores da Pátria e hoje estão no poder. Poder que inebria simples homens de boa aparência, vendedores de mexerica e jornalistas outrora amigáveis e agora autodenominados donos (bobos) do mundo. Por favor leiam!
O útero da mãe-terra está para Capimiã, assim como o ar para vida. A mulher, em sua labuta infinita no assentamento que não se consuma, nas panelas feitas com lata de Leite Ninho catadas nos lixões da cidade grande, prepara feijão com restos do couro da anta. Aquela morta no acampamento.

O porvir não há de vir dos ternos engomados do planalto central. Resta aclamar o aconchego do beijo com gosto de cachaça preparando outro sem-mamadeira. Mais um brasileiro paradoxalmente ser e não ter terra, enfrenta no útero uma tentativa precoce de despejo. Sangra, mas a natureza, ou seria seu anjo da guarda, ou ambos, cuidam para que seja cumprida sua sina.

A bunda assada não terá pomada Hypoglós, nem fraldas Johnson. Seu destino será mesmo engrossar estatísticas da mortalidade infantil. Isto é depois de migrar às metrópoles incivilizadas vir sobre-viver nas beiras dos rios e acompanhar seus pais na catação de papéis. Caixas que carregaram Brastemps duplex até apartamentos de luxo em ruas bem iluminadas, com água tratada e esgoto.

“Capimiã” é a imagem viva em signos da vivência de Jairo, retratando seus vizinhos sem-terra, espalhados em todo Brasil, em confronto permanente com a indústria que produz, gera empregos e renda, “Pérolas aos poucos”. Estes mesmos homens; que negam a outros homens e mulheres e crianças sem-registros de nascimento e sem-esperança, o direto de retornar ao útero da mãe-terra.

Campimiã – uma espécie de capim duro de ser debelado das lavouras cheias de pesticidas da Bayer – metaforiza bem o íntimo, a razão e a resistência destes homens, mulheres e crianças que sobrevivem em Quedas e em todo País; sem-luz, sem-pão, sem terra, sem-vida, sem-amor, sem leis, sem-nada...nada mesmo!

Contatos com o autor do livro 'Capimiã' - Jairo Batista Pereira - jairobp@fiqnet.com.br

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