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Poesias-->17. A VÍTIMA -- 23/01/2003 - 07:21 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Ao Pai do Céu mandamos nosso grito,

Quando sentimos n’alma mais aflito

O túrbido desejo da vingança.

O coração da gente, em descompasso,

Envia vibrações por todo o espaço,

Pois esse sentimento não se cansa.



É triste compreender que somos fracos,

Que os olhos não enxergam, por opacos,

As leis de Deus, em toda a eternidade.

Queremos que haja o bem pelo Universo

Mas nosso pensamento é mais perverso,

Se a fúria da desforra a alma invade.



Peregrinei pelo evangelho inteiro

E, ainda assim, um grande mal requeiro

P’ra quem não soube respeitar-me a vida.

Levei três tiros, em funesto crime,

E quer Jesus que o desafeto estime,

Ao me dizer não existir saída.



— “Que vais fazer, ó alma inconsolável?

Tornar, talvez, o débito insolvável,

Prejudicando o reles assassino?

De que te vale o claro estudo agora,

Se para ti a lei do mal vigora,

P’ra completar a força do destino?”



— “Irás sofrer, enquanto não te aquietes,

Pois, neste jogo, reis, damas, valetes

Hão de valer igual a simples ás.

Queres ter a razão sempre ao teu lado,

Por te sentires mais prejudicado,

E pagas para ver, com tua paz.”



Caso acerte a consciência o prognóstico,

Irei tornar o verso mau, pernóstico,

Que o tema da maldade não tem fim.

Caso dê muita corda ao sentimento,

Aí, verei que o ódio mais aumento

E tornarei o mundo bem ruim.



Se a vítima conserva tanta dor,

Que se dirá, então, do pobre autor

Dos tais disparos contra a minha vida?

Se a consciência o julga criminoso,

Não cabe a mim sentir prazer ou gozo,

Porém, trazer a alma combalida.



Dar tempo ao tempo é norma aqui vigente.

Não poderia ser mui diferente,

Que o tempo flui no etéreo doutro jeito.

Enquanto alguém do grupo está encarnado,

Os outros permanecem deste lado

A evoluir, se à lei houver respeito.



Depois de ler o verso lá de cima

Em que se alçou a fúria, em triste rima,

Me pus tristonho, a meditar na lei:

Se apaziguar a alma é complicado,

Por que não ajudar ao encarnado,

Passando-lhe o valete, a dama e o rei?



Não basta conhecer só o evangelho:

Precisa transformar o ódio velho

Em sentimento novo de perdão.

O estudo ajuda muito, nesse caso,

Porém, orar é flor que dá ao vaso

A vida que tirou o pobre irmão.



Se sofre o meu amigo, atormentado,

Por ver algum parente assassinado,

Pense que o Pai é caridade pura,

E vai fazer valer sua justiça,

Porquanto o bem co’amor logo lhe atiça

A salvação de cada criatura.



A mágoa que me trouxe tão perverso

Quis transformar em paz, durante o verso,

E dei triste impressão de desmazelo.

Mas o recado há de ficar expresso,

Porquanto o mal jamais trará progresso,

Seja qual for a forma de dizê-lo.



Eu agradeço o amigo, nesta rima,

E digo que lhe tenho em grande estima

Essa vontade imensa de acertar.

Gostei do compromisso satisfeito

E, se me der amor e luz, aceito,

Que o meu cantar é pobre e devagar.



Vamos rezar a prece costumeira,

Ou qualquer outra que você requeira,

Que o dia já está ganho para mim.

Graças, Senhor, vos peço aqui, contrito,

E perdoai desta minh’alma o grito,

Que o meu rancor está chegando ao fim.



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