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Ensaios-->1. TRAGÉDIA FAMILIAR -- 20/05/2003 - 06:55 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Era tarde já quando Timóteo adentrou seu lar. Não sabia o que o aguardava, pois viera despreocupado, pensando nos negócios do dia. Atrasara-se quando atendeu a convite de amigos para uma “bebidinha” no bar, onde se deixou estar além do tempo normal, interessado em conservar acesa a chama da amizade. Não bebeu muito, longe ficou de se embriagar, no entanto, esquecido da vida, prolongou a conversa com os amigos. Durante o trajeto da volta, outras considerações tomaram campo em seu pensamento, principalmente projetos relativos ao seu trabalho. A respeito da cara esposa e dos filhinhos não pensou.

Ao entrar em casa, no entanto, clima de amarga tragédia estava formado. Um de seus queridos filhinhos, o Robertinho, tinha caído da janela e fraturado a bacia. A mãe cuidara de tudo, mas o pequerrucho estava internado no hospital, sob suspeita de acontecimentos ainda mais graves. De tudo lhe deu relato sua amorosa progenitora, que o censurou por não ter sido encontrado nos lugares habituais.

Desarvorado, Timóteo deu partida ao automóvel e, dirigindo como louco, pôs-se a caminho do hospital. Lá chegando, foi logo procurando informações a respeito do estado de saúde do Robertinho.

“Inalterável”, foi a resposta obtida da enfermeira encarregada do plantão de recepção, após ligar para o Centro de Tratamento Intensivo. Assim que soube do local em que estava o filho, correu para lá, em busca de Isaura, sua esposa, encontrando-a debulhada em lágrimas. No desespero, nem se lembrou de perguntar como é que ocorrera o acidente. Sua ânsia era por saber novas do estado do garoto, pequenino ser de apenas seis anos de idade.

Isaura, assim que o viu, arremeteu-se aos seus braços e ambos, enleados pela dor, confundiram suas lágrimas. Não demorou para que surgisse o médico responsável pela unidade hospitalar que, com muito pesar, informou aos pais a respeito do passamento da criança.

Foi de desespero a reação de Timóteo. Pôs-se a lamentar profundamente, invectivando contra si mesmo por ter tido a despreocupação de não ir direto para casa, assim que deixara o escritório. Sabia que de nada valeria estar por perto, uma vez que do destino ninguém foge, mas lamentava-se por não ter podido prestar, ele mesmo, a assistência necessária para encaminhamento do menor para a instituição hospitalar. Queria, por força, assumir a responsabilidade pelo acidente, dizendo-se infeliz, infortunado, desgraçado.

Naquele instante, entidades espirituais velavam pela família, insuflando em seus ânimos vertentes de coragem e de respeito às sublimes leis do Senhor. Especialmente, quanto a Timóteo, temiam que seu desespero pudesse vir a prejudicar os trabalhos de desprendimento dos despojos terrenos do espírito do seu Robertinho. Por isso, “injetaram” nele substância desfalecente, provocando rompimento mental com a realidade, fazendo com que caísse em pesado estado comatoso. Não era sem tempo, pois seu ânimo abalara-se demais. Em estado de absoluto torpor, seu espírito foi invocado para os trabalhos de desligamento do filho, a fim de alertá-lo para os aspectos morais envolvidos na situação.

Foi assim que pôde, sob orientação de um dos mentores, ir percebendo a verdadeira graça que fora o falecimento de seu filhinho, pois cumprira curta jornada sobre o orbe, necessitado que estava de resgatar alguns poucos elementos cármicos, principalmente relativos a dívidas contraídas com a natureza do desenlace na última encarnação, quando se revoltara e acusara os circunstantes e a Divindade de injustiça e desconsideração. Chegava agora em estado de profunda harmonia com as forças que regem o planeta, de modo que sua permanência na Terra fora inteiramente proveitosa. Posto a par destes aspectos, Timóteo foi devolvido à consciência. Os médicos lhe haviam administrado sedativos, de sorte que de estado de quase catalepsia passou para sono tranqüilo, sob influenciação fluídica e magnetizadora dos espíritos amigos.

Tanta assistência tinha razão de ser. Timóteo não podia sofrer interrupção vital naquele momento, pois estava prestes a enfrentar provas mais duras, se é possível existirem provas mais penosas do que a perda de filhos queridos. Mas tal era seu “destino”: o de resgatar, através do sofrimento cármico, muitos deslizes que cometera ao longo de encarnação cheia de tropeços e de fadigas inúteis, uma vez que mal aceitos.

Quando descerrou os olhos, viu a esposa ainda lacrimosa mas com o pranto abrandado. Ela também estava sob o efeito de medicamentação sedativa, além de ter recebido assistência espiritual, no sentido de fazer valer os princípios religiosos de que dispunha, espiritista de grande mérito que era. Sentia a perda do ente querido, mas sabia que, sendo Deus justo, razões havia para a tão inesperada perda. Esses princípios não faziam parte dos preceitos de vida do Timóteo, de sorte que não se valeu ela de imediato dos argumentos cármicos para influenciar no ânimo do esposo.




Exercícios



Este o quadro que queríamos esboçar. Não valeria de nada cena de dor e desespero se não contivesse alguma noção moral para ser analisada e compreendida pelo leitor. Sendo assim, vamos propor-lhe algumas perguntas.

1. Se você fosse o pai de Robertinho, ter-se-ia incriminado pela demora em chegar ao lar?

2. Faltava ainda muito para completar-se a vida biológica da criança. Você acha que Deus agiu bem em retirá-la? Ou Deus nada teve de ver com isso?

3. Quando Deus tirou a vida ao Robertinho, estava castigando o pai? Castigou também o filho?

4. Sendo tão emérita no conhecimento do espiritismo kardecista, andou bem Isabel ao “debulhar-se em lágrimas”? Não deveria ter demonstrado maior segurança em seus conhecimentos e mais confiança em Deus?

5. Como agiria você em iguais circunstâncias?

6. Qual a maior lição a ser extraída da atitude dos espíritos socorristas?

7. Que outra pergunta você acrescentaria a este roteiro para ser respondida pelos seus orientadores evangélicos?

8. Andou bem o Timóteo quando aceitou o seu destino fora do corpo físico? Por quê?

9. Justifique o fato de você ter acrescentado pergunta, sem que nenhuma resposta pudesse ser obtida de imediato. Será que você mesmo não seria capaz de responder a ela?



Este texto e este roteiro nós os elaboramos com o intuito de prestar à inteligência do leitor uma homenagem. Se for capaz de respeitar todo o processo inserido na mensagem e se conduzir com segurança as suas observações, terá tido seguramente oportunidade de dedicar alguns momentos valiosíssimos à meditação a respeito de um dos temas espirituais de maior importância: o desenlace.

Do mesmo modo que procedemos aqui, poderão proceder os encarnados, inventando histórias através das quais poderão estabelecer os princípios doutrinários envolvidos. Sabemos tratar-se de sistema conhecido e vastamente aplicado. No entanto, o nosso desiderato ao voltarmos a este tipo de trabalho foi o de insistir em que se trata de uma das formas mais comuns entre nós de examinarmos as questões nas aulas de “catecismo”. Da troca dos textos e da aplicação dos questionários, surgem discussões memoráveis e elucidativas, principalmente quando submetemos as conclusões às apreciações dos professores.

Infelizmente, sabemos da pouca atenção dedicada aos temas mais importantes pelos espiritistas encarnados. Dão pouca importância a essa parte e destinam a sua atenção às minudências, em constante busca de atingir a intimidade da vida espiritual. Entretanto, é preciso devolver aos assuntos mais prementes (vida e morte; a natureza do espírito; encarnação e reencarnação; oração; mediunidade; provação; méritos do procedimento virtuoso) a dedicação que nossos evangelizadores lhes atribuem. Vamos incentivar o retorno às origens, para que a nossa tarefa se coadune com o pensamento atual das personalidades humanas. Quando chegar o momento do conhecimento específico da natureza das esferas superiores, todos iremos poder enfronhar-nos nesses assuntos de elevada importância para nossa ascensão rumo à casa do Senhor. Mas só no devido tempo. Agora que estamos envoltos por esse espesso manto de carne, vamos aceitar as nossas limitações e brindarmos os orientadores com questões possíveis de serem respondidas.

Grato ficamos, irmãos, pela atenção que nos deram neste tão longo discurso. Sabemos, nós também, de nossas limitações, por isso não esperamos ter realizado trabalho de grandes méritos. Entretanto, se conseguirmos chamar a atenção para o estudo dos temas espirituais, ficaremos imensamente felizes.

Antes de encerrar, um agradecimento ao escrevente e um forte desejo de que tudo realize na vida em consonância com o norteamento prévio.




Comentário



Otávio é um de nossos colaboradores mais antigos. Deixou-se seduzir pela “Escolinha” e desde há muito nos ajuda, elaborando textos e situações em que as aulas devam ser ministradas.

Do ponto de vista didático humano, pode parecer muito capenga a formulação metodológica da unidade. No entanto, grandes proveitos tiram os nossos discípulos, pois esta forma de ministrar os conhecimentos parte do princípio de que os alunos sejam dedicadíssimos. Este experimento pode ser realizado entre os encarnados, mas com resultados muito duvidosos, dada a preguiça que se nota quando se trata de ler e pesquisar. Não vamos, contudo, formular idéias pessimistas. Vamos acreditar em que todos estejam realmente interessados em crescer em conhecimentos. Para isso, recomendamos a sistemática indicada por Otávio.

Elabora-se texto e questionário. Os alunos respondem individualmente às perguntas e submetem as respostas à classe ou ao grupo, dependendo do número de participantes, em função do tempo que se tem para a aula. Após as discussões, que devem chegar a resultado único, as conclusões dos grupos devem ser levadas à classe, para novas apreciações, sob orientação do professor, que deverá apressar o processo sob a perspectiva de sua maior facilidade e de seus maiores conhecimentos. Não nos surpreendem já observações dos alunos tão judiciosas que parecemos nós os orientandos, de sorte que, mesmo para os professores, o sistema se ajusta como o mais eficaz.

Após esse coroamento doutrinal, passamos à observação “in loco”, junto aos encarnados ou aos espíritos no etéreo, segundo o tema analisado, e propomos novas questões, ao mesmo tempo que inserimos aspectos práticos dada a aplicabilidade do que se aprendeu teoricamente. Nesse momento, surgem novas questões e novas dúvidas, que vão inspirar-nos na preparação de outro texto e de outro roteiro, para futuras aulas. É uma espiral que nunca termina, ou melhor, que termina no instante em que os conhecimentos se ampliam tanto que necessitamos caminhar na forma de encarnados, para compreensão mais adequada da natureza de nossas existências.

Quanto aos méritos da mensagem de nosso Otávio, são tão óbvios que não vamos comentar. Deu-nos um exemplo como poderia ter dado milhares e milhares de outros, dada a vastidão de seus conhecimentos empíricos na construção de situações de vida. Devemos, isto sim, é agradecer-lhe pela boa vontade de vir trazer amostragem de seu trabalho.

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