Conta-me, traça no ar um gesto vago
De mortal indecisão que eu entendo.
Mostra-me as tuas perenes certezas,
De aves mortas que entrelaças
Em cenários de desérticas asperezas.
Traça a simetria do sonho, no infinito
onde vagueias, pelas noites de chuva
batidas pelo vento, diluvianas sem
que as suas águas perturbem a seráfica
virtude das hienas, essas almas perdidas
que penitenciam penas que são tuas.
Entre duas abcissas se esboça o nosso percurso,
O teu uma escalada de frio, em everéstico gelo,
O meu descida ao Inferno, em refulgente apelo.
Diametral é a distância do fosso nosso
Que se abre de repente entre o orvalho e o mosto
Desse vinho de flores agrestes que beberemos
Em dia azul do loiro mês de Agosto.
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