A relação que tenho comigo é muito dolorosa e intensa.
Vivo numa discussão interna que é comum de quem pensa,
Mas de quem não concorda com suas próprias conclusões
E, deste modo, se perde sempre em internas discussões.
Às vezes penso em alguma coisa que merece ser pensada,
E me detenho, perdido na matéria internamente cogitada,
Mas de súbito me perco do pensamento-tronco, e em suas ramadas
Me desvio de meu motivo inicial e mil coisas diferentes são imaginadas.
Mantenho a linha original de raciocínio, mas me desvio em caminhos
Que são excessivamente mais difusos e que no fundo são desalinhos
De uma mente que não consegue se manter fiel a si e suas conjecturas.
E isso sempre me remete, invariavelmente, a auto-penas muito duras.
Se, ao menos, me concedesse o Destino o simples dom de não pensar...
Talvez esse descompasso de eu para mim não me causasse tanto mal-estar.
Eu usaria o pensamento como todos que o usam e que não sabem que o tem,
Porque é bom para a cabeça ser apenas cabeça e não querer ir mais além.
16/12/02
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