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Ensaios-->Sobre Sidney Miller -- 07/04/2003 - 20:59 (Felipe Cerquize) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Sidney Miller (*)

Conheci-o em 1968, no antigo Café-Concerto Casa Grande: propunham-me dirigir, lá, um show com um grupo de cantores e compositores novos, formados por Joyce, Guttemberg Guarabyra, Sidney Miller e o Momentoquatro. A casa andava ruim e os tempos, inseguros. E nos identificamos, ali, na mesma perplexidade que nos faria parceiros de muitos empreendimentos. O show foi montado (chamava-se 'Catiti, Catiti' - idéia do Sidney que andava numa fase indigenista, concebendo seu disco 'Brasil, do guarani ao guaraná') e dele nasceu, entre nós, uma amizade de irmãos.

Fizemos, então, outros shows: primeiro, o 'Yes, nós temos Braguinha', redescobrindo, naquele tempo, o repertório do imortal João de Barro; depois o 'Carnavália', um espetáculo antológico (e era uma loucura, naquela época,pensar-se em Carnaval em pleno julho), que contava com a força vital de Eneida inesquecível, do General da Banda - Blackout, e de Marlene e Nuno Roland que, por nossas mãos, voltaram à noite.

No dia 13 de de dezembro de 1968, escutamos juntos, no vozeirão do Alberto Cury, as palavras malditas do AI-5. Então, tomamos de assalto o bar do Casa Grande, embarcamos num porre homérico e compusemos cinco sambas desesperados que, assim como vieram, se perderam na madrugada infeliz.

Mas a parceria se estenderia por muito tempo. Quando o café-concerto transformou-se no Teatro Casa Grande, nós o inauguramos com um espetáculo escrito a dez mãos (pois às nossas quatro se acrescentaram as de Tite de Lemos, Luís Carlos Maciel e Marcos Flaksman): 'Alice no país do divino maravilhoso', para cuja música Sidney trouxe pelas mãos, brotada de Juiz de Fora, uma moça meio gordinha e de fala mansa que se chamava Sueli Costa. Vários casamentos musicais resultariam daí e, entre eles, persiste até hoje, de forma invejável, a parceria Sueli/Tite de Lemos. Quando 'Os Lusíadas' completaram 400 anos de edição, escrevi, com o Tite, uma peça - 'Por mares nunca dantes navegados' - , que o Orlando Miranda produziu e eu dirigi no Teatro Municipal do Rio. E é claro que a música seria a de Sidney - surgindo daí uma boa dúzia de melodias lindas sobre os mais comoventes sonetos de Camões. Mas dessa safra, infelizmente, por absoluta falta de registro fônico ou gráfico, perdeu-se quase tudo - o que é uma lástima.

Depois, a vida separou a gente. Encontrávamo-nos raramente. Até que um dia, em 1978, ele apareceu em minha casa, de amor novo a tiracolo, querendo escutar uma fita que havíamos gravado sete anos antes e que agora, quando já não podemos ouvi-lo vivo, é uma preciosidade de valor incalculável. Pouco depois nos reencontraríamos na Funarte,onde fomos ambos assessores em áreas diferentes. Chegamos a sonhar a retomada da parceria e do sonho. Estávamos ambos sem telefone, Sidney preparava seu disco que não chegaria a ser editado e a morte estúpida castrou os nossos planos roubando-me o convívio de um irmão. Por isso tudo, fiz questão de fazer este show que assinala o lançamento do Lp póstumo de Sidney Miller, editado pela Funarte. E procurei recolher nele o repertório mais preciso de tudo o que o Sidney compôs e cantou. Há algum material inédito, salvo principalmente daquela fita que gravamos em minha casa em 1971. Há os maiores sucessos do Sidney. E há, além disso, um grupo de melodias preciosas que, embora gravadas em diferentes oportunidades, ficaram injustamente esquecidas e que, entretanto, testemunharam o enorme poeta e cantor que foi e é (pois viverá na sua música) meu irmão Sidney Miller.

Paulo Afonso Grisolli

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(*) depoimento de Paulo Afonso Grisoli, acerca do talento de Sidney Miller, por ocasião do show póstumo 'Pala-Palavra' (28 de junho a 09 de julho de 1983) e lançamento do LP 'Sidney Miller' (Funarte/1983), com os cantores Zé Luiz Mazziotti, Alaíde Costa e Zezé Gonzaga. O show contou com os músicos Fernando Leporace (baixo), Helvius Vilela (piano), Ruy Quaresma (violão), Mário Negrão (bateria), Luiz Fernando Zanith(cello) e Meirelles (flauta e sax). Direção Musical de Antônio Adolfo.

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