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Artigos-->OS DOCENTES DA ESCOLA LIVRE DE MÚSICA PRÓ-ARTE NOS ANOS1950 -- 14/10/2011 - 06:29 (LUIZ CARLOS LESSA VINHOLES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


OS DOCENTES

DA ESCOLA LIVRE DE MÚSICA DA PRÓ-ARTE

NOS ANOS 1950




L. C. Vinholes



Em conversas com professores e alunos de nossas escolas e departamentos universitários que se dedicam ao ensino e estudo da música, verifiquei que bastaram pouco mais de 50 anos para que o nome e o papel da Escola Livre de Música da Pró-Arte, em São Paulo, fossem totalmente esquecidos e assim esquecidos foram também os nomes daqueles que integravam o corpo docente que formou profissionais que desempenharam e desempenham papel relevante no mundo musical do Brasil e do exterior.



O empresário Theodoro Heuberger, empreendedor alemão residente no Brasil desde 1924 fundou em 1931 a Sociedade Pró-Arte com a finalidade de promover a difusão artístico-musical às platéias das principais cidades do Brasil. Em 1952, alugou o sobrado de dois andares da Rua Sergipe nº 271, no bairro da Consolação, ambiente tranqüilo da São Paulo quase quatrocentona, e ali instalou a referida escola.



Heuberger convidou seu amigo e colaborador Hans-Joachim Koellreutter para ser o diretor do novo estabelecimento de educação musical. Novo não só por ter sido recém-criado mas, principalmente, pela adoção de uma grade de matérias novas em nosso meio e de uma nova metodologia pedagógica, abrangente e renovadora. Heuberger e Koellreutter foram os implementadores dos Cursos Internacionais de Férias da Pró-Arte iniciados em janeiro e fevereiro de 1950 na cidade de Teresópolis, no alto da Serra do Mar, no Rio de Janeiro, novidade no Brasil seguindo o modelo dos cursos europeus.



Koellreutter, flautista, compositor e regente chegado ao Brasil em 1937, foi durante décadas mestre de gerações de músicos executantes e compositores e defensor de uma mentalidade nova, gestor de idéias e ideais que sacudiram o emperrado ambiente musical daquela época, dando novo rumo à música brasileira.



Em 25 de dezembro de 1954, atendendo a solicitação que me foi apresentada, concedi entrevista ao Cultuarte, órgão do Grêmio dos Alunos do Conservatório de Música de Pelotas representado pela pianista Ignez Dias da Costa Vidal, minha contemporânea naquela casa e ex-presidente daquele grêmio. A entrevista, com 34 perguntas, foi publicada em três partes nos números 11, 14 e 15 daquele periódico, nas edições de 14 de março, 1º de junho e 1ª de setembro de 1955, que podem ser encontradas nos arquivos daquele conservatório.



Em dado momento, a entrevistadora formulou a seguinte pergunta: “Poderia dar-nos uma relação dos professores que lecionam na Escola Livre de Música e as respectivas matérias que lecionam?”. Como naquela época já desempenhava a função de secretário não só da Escola mas, também, do seu diretor, respondi de maneira a satisfazer a curiosidade da minha interlocutora. Não imaginava que daquele diálogo surgiria o documento que permitiria, sem sombra de dúvidas, o resgate de um dos aspectos importantes relativos à Escola por mim freqüentada por pouco mais de quatro anos. A relação de nomes e atribuições dos professores daquela época é, por si só, indicativo da amplitude e abrangência dos estudos ali realizados, conforme pode ser observado a seguir:



- H. J. Koelrreutter: Flauta, Harmonia e Contraponto, Fuga, Composição, Estética, Regência Coral, Regência Sinfônica e Análise.

- Damiano Cozzella: Harmonia e Contraponto, Teoria Superior e História.

- Padre Jaime C. Diniz: Música Sacra.

- Celina Sampaio: Canto.

- Hilda Sinnek: Canto.

- Gabrielle Dumaine: Canto.

- Ernst Mahle: Análise, História da Forma, História dos Instrumentos, Ornamentos, Flauta (assistente).

- Antonieta Moreira Leite: Teoria Elementar, Piano (curso infantil).

- José Kliass: Piano.

- Sebastian Benda: Piano e Música de Câmara.

- Henry Jolles: Piano.

- Hans Bruch: Piano.

- Madaleine Bernhein: Piano.

- Isolda Bassi: Piano (curso infantil).

- Alexandre Schafmann: Violino e Música de Câmara.

- Lola Benda: Violino e Música de Câmara.

- Johannes Oelsner: Viola e Música de Câmara.

- Calisto Corazza: Violoncelo e Música de Câmara.

- Dino Pedini: Pistão.

- Carlos Pes: Violão.

- Roberto Schnorrenberg: História.

- Heins Müller: Oboé.

- Conrad Bernhard: Instrumentação, Leitura de Partitura, Leitura à Primeira Vista e Improvisação.

- Maria Rosita Salgado Gois: Iniciação Musical, Piano (curso infantil) e Análise.

- Eva Milkó: Iniciação Musical e Piano (curso infantil).

- Paul Urbach: Piano de Jazz e Improvisação de Jazz.

- Kurt Lomnitzer: Acordeão.

- Zina Bueno: Acompanhamento de piano.

- Cyro Monteiro Brizola: Harmonia e Contraponto, História e Teoria.

- Diogo Pacheco: Harmonia e Contraponto.

- Ernst Mahle e H. J. Koellreutter: Estúdio de Música Eletrônica.



Cumpre registrar que o corpo docente seguidamente era enriquecido com a presença de novos mestres que ofereciam cursos específicos de suas especialidades, não podendo deixar de serem lembrados, entre outros, os nomes de Madalena Nichol (teatro), Yanka Rudzka (dança), Yulo Brandão (exímio violonista e professor de estética e filosofia da música) e Masami Kuni (dança criativa).



O ambiente da Escola, assim como o dos Cursos em Teresópolis, possibilitava ao corpo discente a convivência com figuras expressivas de outras artes, freqüentadoras de eventos nela promovidos, tais como os irmãos Augusto (1931- ) e Haroldo de Campos (1929-2003), Décio Pignatari (1927- ), Pedro Xisto (1901-1987), poetas concretistas; Dora Ferreira da Silva (1918-2006), poetisa e tradutora; Samson Flexor (1907-1971), Luiz Sacilotto (1924-2003), Waldemar Cordeiro (1925-1973), Maurício Nogueira Lima (1930-1999), Wyllis de Castro (1926-1988) e Hercules Barsotti (1914-2010), pintores; e Angelo Taccari (1924-2004), escultor.



Ofereço o que está registrado acima como modesto subsídio aos que desejem conhecer a realidade do ensino oferecido pela Escola Livre de Música da Pró-Arte nos anos 1950 e como homenagem aos que participaram da envolvente tarefa de mostrar à juventude musical daquela época a existência de caminhos novos condizentes com suas aspirações.





 


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