O fogo do sorriso leproso,
De alguém que representa nada sofrer,
Ninguém sabe o quão é custoso.
Então celebremos o Romatismo,
Esta farsa que sempre leva-me ao abismo.
Não quero amor, não quero amar,
Se é que este verbo seja possível conjugar,
Não quero mais esperanças partidas.
Quero escarrar na boca que me beijou
E apedrejar a mão infame que me afagou.
Quero um dia para desprender-me
Dessa aventura mal-entendida.
E nessa desventura conseguir conter-me.
Pois quanto mais grito por socorro,
Mais depressa morro.
A voz é rouca e dorida
E a distância, tão penosa...
De longe não se escuta, nem se sente
Quem sofre já não se espanta:
Cala, compreende e chora.
Quem ignora as lágrimas,
Ignora o clamor e diz não ser nada.
Aqui está a minha dor: este espírito insano,
Sobrevivendo ao seu patético momento.
No triste adorno para o sofrimento-
O canteiro fúnebre para o corpo –
A inscrição do epitáfio morto:
Morreu de uma flor na boca,
Não do espinho na garganta.
Não foi desejo ou imprudência,
Nem amor ou desamor:
Não foi nada.
20/01/2002 20:25h
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