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Ensaios-->O Novo Grito do Ipiranga -- 09/03/2003 - 15:41 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O NOVO GRITO DO IPIRANGA
(por Domingos Oliveira Medeiros)

Tudo bem. Eleição é isso mesmo. Cada qual tem a sua opinião, a sua história de luta, os seus anseios, as suas simpatias e antipatias pessoais e as suas obsessões e loucuras. Mas, apelar, a ponto de sair do sério, não vale. Vamos acabar com este malcomparado assunto. Ciro não tem nada a ver com Collor. Até porque, esta tática é de autoria dos tucanos, que estão desesperados com o crescimento do Ciro. Não bastasse a primeira colocação de Lula. Os eleitores do PT não deveriam, jamais, utilizar artifício tão pequeno. Até porque, de novo, o Itamar, que tanto tem sido bajulado para dar respaldo à campanha do PT em Minas Gerais, se não me falha a memória, foi vice na chapa de Collor, que venceu àquela malfadada eleição. Ademais, a estratégia não se tem mostrado suficiente para deter o crescimento de Ciro que, à cada pesquisa, se distancia de Serra e já está, tecnicamente, empatado com Lula. A bem da verdade, esta “mentira” mal contada só tem ajudado ao próprio Collor que, sem qualquer esforço, tem visto seu nome preencher espaços na mídia, sem que ele nada precise fazer a respeito. Vamos ser um pouco mais cautelosos, para não dizer, inteligentes.

Há coisas mais importantes, que estão sendo negligenciadas e despercebidas, por grande parte do eleitorado. Acredito até que, propositadamente, e também desvirtuadas, por grande parte da imprensa comprometida com interesses alheios à vontade da maioria dos brasileiros. Refiro-me ao furacão que derrama sua larva quente e irreversível na credibilidade do mercado financeiro internacional; e que atinge, em cheio, as bolsas de valores do mundo inteiro, acarretando enormes prejuízos, principalmente, às do Brasil e, como de resto, dos demais países do chamado terceiro mundo.

O tão decantado modelo de sucesso dos grandes conglomerados e corporações americanos, antes baseados em taxas de crescimento e lucratividade ascendentes, incomparáveis ao resto do mundo, está caindo por terra. Como que ratificando uma espécie de maldição financeira. Maldição que hoje pode ser interpretada como herança ou uma espécie de síndrome das duas torres, que foram, surpreendentemente, e inusitadamente, derrubadas pelo ódio e pelo espírito de vingança; aproveitando-se de um excesso de confiança e de arrogância de alguns governantes, que se achavam intocáveis e protegidos por um aparato de superioridade tecnológica.

Prevaleceu, como sempre, a voz do povo, conforme diz o ditado: a voz de Deus. Prevaleceu o dito popular, segundo o qual a mentira tem pernas curtas. E a mentira, desta vez, foi pega de calças curtas. A mesma mentira que serviu de base para invadir países estrangeiros, sob o falso argumento de combate ao terrorismo. Na tentativa, ingênua, de esconder o outro lado da face terrorista: o terrorismo econômico. A ganância. O terrorismo da imposição. Da subserviência. Da escravidão do homem pelo homem, que, na versão neoliberal, significa a exploração da nação pela nação.

Os limites da ética foram ultrapassados. Venceu a tese do desprezo à moral e à responsabilidade na condução dos negócios financeiros. A maquiagem contábil passou a ser o instrumento de garantia de lucros fáceis. Feriram de morte o sustentáculo da economia de mercado: a credibilidade das bolsas de valores. Falcatruas e uso de informações privilegiadas, que normalmente faziam parte de países do terceiro mundo, passaram a compor o dia-a-dia dos negócios da grande potência.

Falhas que não foram descobertas a mais tempo porque, até então, todos estavam ganhando. Embora de forma fictícia. A queda da WorlCom – assim como da Enron e de outras grandes empresas – despertaram o furacão. Muitos americanos viram suas economias, em questão de horas, evaporarem. E a confiança abalada no mercado transformou-se numa bola de neve. Ninguém mais acredita em ninguém. E a fuga de capitais se fez presente.

E o dólar começou seu roteiro de queda, em relação aos mercados europeus. Até então com mais credibilidade. Até quando, ninguém sabe. O mau exemplo americano contamina o mundo todo. O próprio presidente Bush e seu vice estão sendo investigados. Já teriam praticado, há anos, estes artifícios enganosos. O mundo está de orelhas em pé. Vamos aguardar as investigações.

Enquanto isso, cá no Brasil, alguns jornais tentam misturar as coisas. Política e economia. Seguindo a mesma linha de boatos e mentiras. Alguns jornalistas sugerem, inclusive, uma correlação direta entre o aumento do dólar, que atingiu, nesta data. a casa de R$2,92, com o fato de o candidato Ciro Gomes ter subido nas pesquisas, ao mesmo tempo em que o candidato do governo, Serra, continua em queda livre.

A mentira parece que ainda ganha força. É sinônimo de lucro fácil. E serve, ainda, para confundir o eleitorado, numa tentativa de mudar as intenções de voto, de modo a que a atual situação econômica, de total subserviência as frágeis regras ditadas pelos EUA e pelo FMI, perdurem por mais algum tempo. De preferência, seguindo no mesmo ritmo, até o próximo presidente ser eleito. E de preferência dar continuidade a este jogo sujo. De cartas marcadas.

O risco-Brasil, calculado pelos bancos americanos, tem sido a arma utilizada pelos especuladores. Mas, agora, e diante da queda dos papéis dos bancos americanos, e da suspeita de que os bancos JP Morgan e Citibank, estariam envolvidos com a concordata fraudulenta da Enron, possa ser que a imprensa inicie um processo de esclarecimento ao público, a fim de sustar este caminho de desinformação ao público brasileiro. Afinal, o que está em jogo , agora, é o risco-americano. E que ninguém fala nele. Nem se sabe quem terá condições de calculá-lo.

Um articulista do Jornal do Brasil chegou a aconselhar que “Nesses casos, a única saída que resta é tentar fortalecer os fundamento da economia brasileira e diminuir a nossa necessidade de financiamento externo. Parece óbvio. Mas fortalecer o que está sendo posto em prática, não seria propriamente uma saída. Mas, uma perniciosa permanência.

Por enquanto, resta ao Brasil recolher os cacos dos prejuízos causados pela atitude fraudulenta que vem do exterior. O dólar já acumula, no ano, uma valorização pouco mais de 25%, em relação ao real; o chamado risco-Brasil aumentou (?) de 1.558 para 1.598 pontos. O título da dívida externa brasileira perdeu cerca de 3% de seu valor de face. A queda das bolsas internacionais afeta diretamente o nosso país. Ao aumentar a desconfiança nos mercados, os investidores diminuem a aplicação de recursos em países do terceiro mundo, os chamados países emergentes.

Com isso, por conta de suas elevada dependência de recursos estrangeiros, o Brasil fica numa situação cada vez mais difícil. Segundo a imprensa, todos os anos o país precisa de cerca de U$ 45 bilhões de dólares para honrar seus compromissos externos, além de precisar desse dinheiro para manter o pagamento de juros das dívidas pública e privada.

Assim, há, cada vez de forma mais acentuada, menos dólares no mercado. Menos dólares significa maior pressão sobre o câmbio. Maior pressão, aumenta o valor da moeda americana. Aumentando o dólar, aumenta a nossa dívida. É o ciclo vicioso a que estamos obrigados por conta da equivocada política econômica deste governo.

Estas são algumas das razões para que se leve a eleição mais a sério. Não se trata de dar chance a este ou aquele candidato. Pelos seus lindos olhos. Pela sua simpatia. Pela cores de seu partido. Por sua origem humilde. E coisas do estilo. Trata-se da escolha entre a razão e a emoção. Trata-se da escolha entre a miséria e o desenvolvimento sustentado. Trata-se, na verdade, de um novo Grito do Ipiranga. Precisamos, apenas, mudar o 09 de abril para 06 de Outubro. O Novo Dia do Fico. Para ficarmos com a competência e a honestidade. Optarmos pela habilidade política. Pela capacidade de gerar resultados positivos. Pela vontade de trabalhar em prol deste país. Pelo bem-estar de seu povo. Rompendo este ciclo de endividamento crescente, geométrico, que não nos leva a lugar algum. A não ser para o precipício. E meu grito, no momento, tem nome: CIRO GOMES. Dê o seu grito, também.


Domingos Oliveira Medeiros
Reap. 23 de julho de 2002
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