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Cartas-->Não Pise na Grama. -- 12/10/2002 - 22:59 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Não Pise Na Grama
(por Domingos Oliveira Medeiros)


É uma pena! Mas não posso dedicar, como gostaria, maior tempo para tratar de meu jardim. Pois lá fora a coisa ainda ruim. Na rua passam as crianças em bandos. Gritando e sorrindo. Chorando com fome. Sem nomes. Anônimos. Todos fomos crianças. Apelidados de menores infratores. Menores trabalhadores. Meninos de rua. Meninos de ruas. De bairros. De favelas.De palacetes.

A maioria sem nome. Apelidados. E quem nunca pisou na grama? Quem nunca teve um apelido na infância? Quem nunca gritou um palavrão. Da boca pra fora. Ou teve um apelido que pegou. Que pegou pela mão? Que marcou. Que mudou de conotação? Para o apelido carinhoso. Que não denigre. Não diminui. Não é preconceituoso. Não fere ninguém. Brincadeira de criança. Quem não conhece Pelé? Garrincha? Tostão? Zico, que jogava um bolão? E o aleijadinho? Coitadinho? Não! Apelido preconceituoso ou carinhoso? Para quem não tinhas as mãos? Eis a questão. Quem irá se incomodar com esse tipo de gozação? Só quem não enxerga um tostão. Uma obra do aleijadinho. A bola de um campeão.

Aqui está o xis do problema. Não se brinca com o preconceito. É uma questão de direito. De formação. De cabeça. De respeito ao irmão. Nada a ver com brincadeira. Com piada passageira. Com bom humor e afeição. É como no futebol. Se meu time ganha, é minha a gozação. Se ele perde, cabe ao rival. Meu irmão. E o jogo continua. Devemos ter medo sim, do preconceito. Que tem várias caras. O preconceito da má distribuição de renda. Do desemprego forçado. Do dinheiro emprestado. Sem investir. Sem resultado.

Do Brasil parado. Do preconceito que coloca mil brasileiros sentados. Esperando a banda passar. Na fila de hospitais. Sem médicos e sem remédio. Um tédio. Sem escolas e sem educação. Na contra-mão da história. Uma multidão. Inglória. Exército de miseráveis. Exército sem salvação.

Não posso ficar olhando para o meu jardim, apenas. Tenho que olhar para o mar de lama. Que passa bem em frente a minha casa. E quase ninguém reclama. Só difama. Por isso prefiro usar as armas de que disponho. Para escrever o meu repúdio. A minha indignação. Já escrevi sobre quase tudo. Sobre os males do cigarro. Sobre os malefícios da droga. Sobre tudo me agarro. Sobre o crime organizado. Sobre a insegurança do povo. Seqüestrado. Vilipendiado. Caluniado. Calado. Adoecido pela falta de saneamento. O básico que seja. Pro banho e pro cozimento. Não, eu não agüento. O preconceito do preconceito. O preconceito disfarçado. De uma piada de português. Amigo do peito ao meu lado. Que também solta das suas. Piadas de brasileiro. Piada de estrangeiro. A meu respeito. A respeito de nós. Que rimos um bom bocado.

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