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Ensaios-->Grande Porto Seguro -- 19/02/2003 - 20:54 (Lêda Maria Carvalho da Nova) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Grande Porto Seguro!
A energia é sentida no ar, nas pessoas, nas folhas das árvores, nos salpicos da água do mar e da piscina, nos raios do sol e nos reflexos da lua no horizonte sem limites.
Num esforço de tradução do significado, as letras mambembes avizinham uma palavra: brilho.
A cidade de Porto Seguro, no sul da Bahia, sem dúvida, tem um brilho só seu!
Ela reluz, penetrante e contagiante!
O seu diferencial talvez já tenha se afigurado desde os primórdios do descobrimento e o seu feitiço atraído os portugueses, ávidos por uma terra firme.
Pelas areias da praia, calçado do shopping ou chão da Passarela do Álcool, a beleza é a rainha.
Mulheres e homens de todos os tipos e gêneros: bonitos, medianos e feios; obesos, gordinhos e magros; adolescentes, jovens, coroas e velhos; másculos, femininas, masculinizadas e efeminados; perfumados, malcheirosos e fedorentos – todos se igualam e são majestosos e imponentes!
- Que encanto é esse que torna todos tão magníficos?
Parece que é algo invisível que salta do olhar, da pele e da alma dos que ali se ajuntam, enfeitiçados pela magia desse terreiro, tal qual uma grande tribo.
- Como e quando começou essa alquimia? - Nem o maior dos experts oferece a resposta. Quiçá com os marujos de Cabral, porque muito fogosos eram aqueles estrangeiros.
Não se atendo à busca da origem, visto não se saber, o fato é que a bruxaria existe há tempos.
O desfile exibe-se elegante ou surrealista – dependendo só do enfoque ou do humor:
Roupas, muito poucas - mesmo nas ruas e bares, para não dizer que não falei das praias (ou das flores), dignas de registro e maravilhosas - principalmente no corpo das mulheres:
As mais destemidas, com um palmo de short apertado, que não se sabe como entrou, deixam à mostra polpa e cava do bumbum. Desafiando as leis da gravidade e da peruagem, trafegam entre os buracos dos paralelepípedos, faiscando e balançando tudo, inclusive a celulite – porque, Santo Deus, nem essas deusas e esse paraíso, essa maldita praga poupa não! Fazem até lembrar os concursos de miss, de maiôs e longos saltos...
Barrigas e umbigos, até as mais tímidas exibem e, de tão comuns, nem se fala, e tem as que logram contrariar a tese e a lógica e desfilam de saia e blusa compridas, apropriadas, por certo, para cultos de igrejas conservadoras.
Os homens, aparentemente mais discretos, compõem-se de bermudões, tão iguais que parecem produtos de queima de liquidação – exceto, claro, os mais confiantes, completamente seguros na minúscula sunga, nos músculos arrebentados e nas invasivas tatuagens.
Alguns casais, seja dia ou altas horas da noite, respingam por todos os cantos e por quem se batem, ao passar, areia e cheiro de um fumo que não se sabe de quê, desprendidos das roupas de banho ainda molhadas e grudentas.
No entanto, tem-se que convir, somente pelas indumentárias não se localiza o ponto nevrálgico ou o ponto G, porquanto também encontradas em demais beira-mar.
- O quê, então, você, Porto Seguro, tem de especial?
Pela paz e pela naturalidade dá-se para adivinhar:
Nesse oásis abençoado, cada qual é o que é!
O ego idealizado é largado lá por onde se mora, dentro dos armários e misturados com os tailleur e paletós, ou se não tanto, com peças maiores, reservando as moçoilas o salto alto para outra combinação que não a com o short diminuto.
Abandonando os personagens fictícios, por uma fração de tempo e de lugar, permitem-se à fêmea e ao macho velados revelarem-se.
Não acostumados à luz da exposição, a sexualidade e a sensualidade inundam os poros e os gestos e por vezes até os neurônios, entupidos de tanto tesão!
Num processo de inversão, introjeta-se a permissividade e oferece-se às sensações negadas: de exibir-se para o outro; de apossar-se do que vê: – É meu! ; de somente olhar ávida ou ternamente, despertando fantasias suas e/ou de outrem; do desrespeito ao mandamento de não cobiçar a mulher (ou o homem) do próximo; da sedução sem ética ou restrições; da dona que toma chope em um bar e abre as pernas, displicente, sei lá se por inocência ou sacanagem; e até daquela pudica que ainda nem sabe o que ela mesmo é.
Nesse reino do vale do prazer, as cores realçam, as pupilas e dedos convidam, os pássaros gorjeiam, o brilho é o lugar-comum que não se esgota nem chateia e cada qual é o espelho do narciso do que está ao lado.
Porto Seguro é seguramente o que o seu próprio nome implica: um porto e um refúgio sem perigos.
Não obstante, muito mais ainda é essa bendita cidade: Porto Seguro é uma obra de arte! Tem tanto tudo que beira o abuso. È de uma exacerbação ímpar o mistério que o tempero picante evoca; de uma imprudência arriscada a suculência das mangas e dos abacaxis maduros; e de um sacrilégio pagão o dengo e o remelexo que o imaginário captura.
Soberba, ainda é mais é essa grande Porto Seguro...
É a prova inconteste de que é possível conciliar a sexualidade com o belo e talvez, quem sabe, seja um convite silencioso para cada qual criar dentro de si o seu próprio porto seguro.
Lêda Nova
04.12.02.
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