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Ensaios-->POESIA: Um calculador de improbabilidades ... -- 23/01/2003 - 10:08 (joão manuel vilela rasteiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
UM CALCULADOR DE IMPROBABILIDADES NA GUERRA DAS PALAVRAS:

Poesia(do gr. Poíesis, criação), derivando do verbo grego 'poiéô', que significa fazer, criar,
compor, este termo releva o âmbito original da função poética enquanto artefacto demiúrgico, isto
é, associado ao mito genesíaco ou da criação do mundo. Por isso os romanos chamaram vate ao poeta,
aquele que possuido das musas do Parnaso, participava na função divinatória outorgado por
Apolo, o deus da adivinhação ou do conhecimento dos caminhos do futuro.Salientando que a poesia é
mais do que a arte de fazer poemas, P. Ricoeur reinventa-a, na linha de Heidegger, como um acto
primordial, isto é, ligado à criação original do ser: 'La poésie égale l`habiter primordial;l`homme
n`habite que lorsque les poètes sont'.Eugénio de Andrade, refere que o poeta procura é uma reconci-
liação, uma suprema harmonia entre luz e sombra, presença e ausência, plenitude e carência(1);Edu-
ardo Lourenço(2 designando essa 'suprema harmonia entre luz e sombra' como 'cegueira luminosa',reco-
nhece-lhe o 'privilégio do poeta, relacionando-o com com a representação de Homero como poeta cego.
Já Jorge Luis Borges(3),afirma, 'É a palavra que renasce. E a palavra há-de renascer sempre.Assim
como a poesia, porque a poesia será sempre uma coisa nova. Será sempre uma descoberta. Sempre estará
ligada à paixão do homem'. Mas será que o papel da poesia, no inicio do século XXI não terá que ter
um papel permanente de 'investigar, pesquisar, perscrutar- o que o mundo não tem/o que o mundo não
diz/o que o mundo não é', como afirma a poeta Ana Hatherly(4), neste mundo(mas um mundo e não para o
mundo), não deverá a poesia 'questionar as estruturas consideradas de significado e/ou representação,
de forma que o irrepresentado possa e deva ser trazido ao jogo do claro e do escuro',como refere o
poeta Michael Palmer(5)?A poesia deverá corresponder ao apelo profético de defensora das grandes cau-
sas da 'Humanidade', arrastando, embora as consequências fatídicas de uma maldição de Deuses e Homens,
é a vocação de uma poética da condição humana, mas necessariamente numa dialéctica e/ou confronto da
poesia e de ideologia, como refere Charles Bernstein(6), 'a poesia deverá ir ao encontro do que a ideo-
logia coloca de fora, terá de abrir fendas, numa espécie de guerrilha'. Mesmo que seja necessário auto-
marginalizar-se a poesia terá cada vez mais de tentar criar um espaço e/ou mundo transparente, numa per-
manente luta de sobrevivência.
A poesia, como dialéctica multidirecional e multi-vectorial, se necessário transgredindo, ou provavel-
mente transgredindo obrigatoriamente, numa desconstrução permanente, de forma a reinventar e/ou construir
de novo, é necessário a poesia ir além do óbvio. Como afirma o poeta Henrik Nordbrandt(7),da Dinamarca,
no poema intitulado 'Pragmático':

Ascoisas que existiam antes de tu morreres
e as coisas que surgiram depois:

(...)

As primeiras recordam-me que exististe
as últimas que já não existes.

Que sejam quase indistinguíveis
é o mais difícil de suportar.


NOTAS:
(1)(2): Paz,Olegário;Moniz,António: 'Dicionário Breve de Termos Literários', 1º Ed.,1997. Editorial
Presença. Lisboa

(3) : Alves de Faria, Álvaro: ' Borges,o mesmo e o outro', 1ºEd., 2001, Editora Escrituras, S.Paulo
Brasil

(4) : Hatherly,Ana; 'A casa das musas', 1º Ed.,1995, Editorial Estampa, Lisboa

(5) : Bonvicino,Régis;Palmer,Michael: ' Cadenciando-um-Ning,Um Samba Para o Outro', 1º Ed.,2001, Ateliê
Editorial, S. Paulo, Brasil

(6) : Revista Crítica de Ciências Sociais nº47, cap.'Os poetas e o social', 1997, Coimbra

(7) : Rosa do Mundo, 2001 Poemas para o futuro, 1ºEd. 2001, Assírio Alvim, Lisboa



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