Quadro.
A porta do banheiro está semi-aberta,
escuto um barulho no chuveiro,
empurro a porta devagar.
Uma neblina me traz um cheiro que me hipnotiza.
Olho, então, eu vejo um quadro se banhando,
não se assusta e não faz perguntas.
As mãos estão nos cabelos,
está de lado e quando se vira de frente
me encanto ao ver aquele quadro.
É um quadro de cabelos molhados,
de seios empinados, lindos branco-rosado.
Olho para baixo num instinto extasiado,
brilha um umbigo perfeito.
Finalmente vejo aqueles lábios molhados entre
as coxas desenhado.
O quadro põe os pés delicados para fora
num gesto majestoso.
Caminha para o meu lado e eu não consigo
ver nenhum rosto, encosto na parede e o
quadro então levanta o braço com uma silhueta
de uma mão delicada e me pede uma toalha como se
bate um pênalti sem pega.
E, eu seguro o manto meio desconcertado e cubro
aquele quadro.
Marco Túlio de Souza, Conselheiro Lafaiete -MG
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