Os dois extremos da vida humana, as crianças e os velhos, mais do que nunca estão a cair em preocupante desmazelo, face à tácita indiferença prática dos poderes políticos instituídos, embora os seus mentores não tenham pejo em proclamar que desenvolvem quanto possível os meios adequados à solução razoável dos desideratos.
À parte os milhões de crianças e velhos que por esse mundo fora perecem à fome, vítimas inocentes da acção guerreante sistemáticamente mantida por governantes corruptos sem escrúpulos, as engrenagens sociais que têm a seu cargo a responsabilidade de derimirem tão delicadas causas, continuam plácida e friamente em torturante faz de conta, tentando em público salvar a face com justificações que apenas enformam uma diminuta gota de água no oceano.
As diversas seguranças sociais implementadas, ao fio da corrupção, cuidam sim o mais possível de si próprias, garantindo tenazmente a cómoda sobrevivência dos seus agentes.
As exemplares excepções, que as há felizmente, são de domínio heróico, tal é o empenhamento fora do comum dos denodados indivíduos que as exercem. No mais, só as criancinhas e os velhinhos de luxo têm o ináudito privilégio de tratamento VIP, oriundo do férreo sistema que há séculos persiste sob o rosto de Deus em corpo de Lúcifer.
Se por um lado as denúncias e os apelos inundam o panorama mediático, por outro lado e de imediato as televisões exemplificam a 'arte de bem foder a todo o corpo'. Em confronto paradoxal os dois lados geram o vómito.
Milhares de mães não sabem o que hão-de fazer aos filhos. Milhares de famílias abandonam os velhos ou sentem-se incomodadas com quem lhes proporcionou, de resto, o inalienável direito de serem o que são: famílias... E tudo por causa da inadiável urgência lídima do 'rato' e da 'rata' que subreptíciamente iludem os mais elementares direitos e deveres da vida.
Não há nada a fazer... Exclamam os conformados hipócritas impotentes em salvaguarda da teta que lhes vai fornecendo (milagrosamente!) a sobrevivência. Há... Então não há! Praza que não seja o término radical.
Como vulgar e objectivo pensador sobre a essencialidade humana que todos afirmam respeitar, em face do progresso que os bestóides propulsores alardeiam, sinto-me embrulhado numa sociedade que me deprime e arrasa a consciência. Execrável!