**O NAVIO FANTASMA, TRÊS
-Coelho De Moraes-
O NAVIO FANTASMA foi terminado logo após RIENZI e num pequeno espaço de tempo nos surge TANNHAUSER. Obras que mostram como o compositor, em curto espaço de tempo modificou a sua concepção estética.
Daí o fracasso do NAVIO em Dresde, pois o público, estático em determinada estética, esperava algo parecido com RIENZI.
No NAVIO se esboça o que se chamou Wort-Toindrama – ou o drama musical. A diferença é de que no drama musical nenhum tema ou abordagem é gratuita, como ainda se encontrou no NAVIO. Wagner teoriza , por exemplo, contra a utilização de “efeitos”. Nada de efeitos , nada de pathos. A crítica vinha também sobre a ópera francesa onde ação cede sempre ao canto, tudo devendo ser lírico e sem significado.
Se no NAVIO a partitura ainda é divida em atos e cenas, co árias, cavatinas e duetos, Wagner diz que imperativo era aspergir sobre o conjunto da obra o perfume da lenda, na da mais, partindo daí para construção uma ópera nacional alemã.
Diz ele: Se eu quisesse fazer uma ópera de acordo com minhas idéias todos ficariam furiosos, pois não encontrariam árias, duetos e nem tercetos, nada daquilo que serve para adornar... quem quisesse fazer um verdadeiro drama musical seria chamado de louco.
O drama musical é onde se estabelece um equilíbrio sutil entre poesia e música, descarta a parte de bravura, toda passagem concebida para valorizar as vozes, todo desenvolvimento que não tenha em si mesmo um significado profundo em relação a toda a obra. Mas a música terá uma proeminência secreta. Schopenhauer dizia a Wagner: ela – a música é – enquanto idéia do mundo, única entre as artes, a expressão imediata da vontade e, portanto, a transição direta e adequada da emoção, evocando sem intermediários o movimento das paixões, as aspirações do coração e as profundezas trágicas da alma. O NAVIO é a primeira obra em que, literariamente, Wagner trabalha originalmente, em função dos Atuais princípio estéticos o poeta artista de um assunto. Para Wagner ária, recitativo e balé (nesse último caso para os franceses) foram essenciais até revolução começada por Gluck;com Mozart aparece a música adequada às exigências do poeta; já Rossini arruína o poeta em troca de “efeito sem razão de ser”. Essa unidade lítero-musical começa com o NAVIO e se confirmará com TANNHAUSER e LOHENGRIN - trata-se de um processo espontâneo. Com SIGFRIED e obras posteriores é que Wagner passará ao período de vontade artística consciente: o formato dramático-musical, em geral e a melodia, em particular.