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Ensaios-->PONTO PARA A HIPOCRISIA* -- 28/12/2002 - 20:14 (Felipe Cerquize) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A hipocrisia está mais presente do que nunca em todas as relações humanas. Neste mundo neoliberal, o vertiginoso progresso tecnológico da informação não foi acompanhado pela equivalente evolução social e ética. A globalização é capaz de desconectar nações e indivíduos de acordo com a sua relevância para o capitalismo. E como existem poucos eleitos e muitos excluídos, acaba transformando a hipocrisia numa espécie de estratégia de sobrevivência. Estamos vivendo mais uma era de sujeição. O sujeito se recolhe e se torna um ator social, em vez de ser um autor. Ele vende uma imagem: a ordem é ser bonito, ter dinheiro, ser eficiente e bem-humorado. Se lhe perguntam “como vai?”, ele diz “tudo bem”. É a hipocrisia inicial do dia-a-dia. Porque, se choramingar, será tachado de “mala”. Este cenário é o paraíso dos medíocres. Os mais talentosos caem em depressão e fogem pelo viés da loucura, pelo alcoolismo ou pelas drogas.
O que há por trás do desespero é o medo. Nada além do medo de um possível desamparo social. Todo mundo está com medo de ser descartado. Mas há coisas ainda mais graves na já imensa lista de agruras do manual do desespero deste início de milênio, como, por exemplo, a banalização do mal e a solidão exacerbada. O primeiro caso, podemos ver com muita facilidade nas ruas, nos assaltos com mortos nos sinais de trânsito, no excesso de crimes hediondos, na conivência de grandes grupos na hora de realizar uma falcatrua qualquer, seja contra o bem público ou privado. Tanto faz. No segundo caso, o fato evidente é o fracasso das utopias, a derrota das crenças nascidas do ideal de igualdade, fraternidade e liberdade, semeado na França em 1789 e cultivado até alguns anos atrás. A solidão de hoje é muito mais pesada. Como já não há mais um pretenso amor social, a solidão de quem perde o par é insuportável. Há uma vampirização das relações amorosas, um excesso de idealização em cima de uma única pessoa, causada pela ausência de solidariedade. Isto agiganta a solidão, quando ela, por fim, acontece.

*Adaptação do texto de Maria Helena Malta, publicado no Jornal do Brasil de 07/11/1999.
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