14 – REPETIÇÃO DE FRAGMENTO – O MOTIVO QUE CONDUZ
-compilações da obra de Joseph Kerman, por Coelho De Moraes –
a idéia é popularizar o tema ópera e as críticas sobre essa arte
A repetição de fragmentos musicais com algum tipo de intenção simbólica não é algo desconhecido dos primeiros tempos da ópera. Mas a repetição temática como uma técnica dramática não tinha como se realizar antes do advento da ópera contínua do século 19. Temas recorrentes forçam o ouvinte a relacionar um momento do drama com outro, forçam-no a pensar além das rígidas fronteiras entre os números; são genuinamente contínuos no gênero que produzem.
O motivo condutor é o leitmotiv.
O leitmotiv wagneriano é uma figura curta e flexível, criada para uma referência freqüente e detalhada e para se entretecer numa complicada teia sinfônica. Verdi, de longe, prefere a ênfase mais forte que é obtida pela repetição climáticas de frases mais amplas. Tais efeitos perdem força se a música é usada mais de duas ou três vezes. Leitmotivs raramente merecem esse nome, a não ser que apareçam de forma bem mais copiosa. As frases que Verdi repete são habitualmente líricas e encontram-s entre suas inspirações melódicas mais impressionantes; Wagner, em vez disso, usa células de interesse harmônico ou rítmico. E, em sua natureza simbólica, os temas de Verdi são menos variados e menos problemáticos do que os de Wagner. Geralmente não identificam pessoas ou idéias, mas trazem à memória uma ocasião anterior da ópera e, com ela, o sentimento ali experimentado. Podemos dizer que, em vez de fazer com que a platéia se recorde, eles fazem com as personagens da peça se recordem.
Wagner mostra os símbolos musicais fazendo com que a platéia relacione as idéias, fazendo uma associação de idéias que a psicanálise usaria em seus métodos. O trabalho de Wagner é uma síntese musical anterior ao trabalho de Freud na psicanálise. Mas um pode ter bebido na fonte do outro.
O leitmotiv wagneriano, a associação de idéias e a música contínua.