4 - VISÃO NEOCLÁSSICA, ORFEU - O ARTISTA
-compilações da obra de Joseph Kerman, por Coelho De Moraes –
a idéia é popularizar o tema ópera e as críticas sobre essa arte
ORFEU: No século 16, pela primeira vez, os problemas de expressividade musical se tornaram centrais para muitos teóricos e compositores; neste, como em outros campos, o Renascimento contribuiu com o ponto de vista moderno – de sua época - e essencial.
A forma musical dominante era o madrigal, pequena peça vocal ligada intimamente ao seu poema – nos melhores casos, e de forma mais característica, a um soneto de Petrarca, uma estrofe isolada de Ariosto, ou um poema lírico de Tasso.
O último passo, talvez um passo inevitável, foi do lírico ao dramático: a música viria a pisar no palco para inflamar as mentes. Cláudio Monteverdi fez com que isso acontecesse literalmente.
Várias correntes levaram a revolução musical de 1600, a partir do qual datamos de forma um pouco imperfeita demais o começo da música moderna, a invenção, a invenção do basso continuo ou baixo contínuo, o triunfo da harmonia sobre o comportamento e a primeira ópera.
O primeiro grande compositor de ópera foi também o último garnde madrigalista. O já citado Cláudio. O drama musical foi o mais extremado produto da fé do século 16 na forma comovedora da música.
Em 1585 uma versão de Edipus Tyranus foi levada à cena com os coros musicados ousadamente por um dosa mais importantes madrigalistas, Andréa Gabrieli.
O mitos duradouros contêm em si os mitos duradouros do homem.
O mito de Orfeu, além disso, trata do homem especificamente como artista, e somos inevitavelmente levados a ver nele, espelhados numa espécie de visão proléptica, os problemas peculiares de um compositor de ópera. Inicialmente Orfeu é o artista. Mas para Orfeu, o cantor lírico, a crise da vida se transforma na crise de sua arte lírica: a arte deve agora entrar em ação, subir ao palco trágico.
Mas o conflito fundamental do mito transcende aquela época a esse meio, e se estende a todos os artistas. É o problema da emoção e seu controle, a concentração de sentimentos numa intensidade, comunicabilidade e forma que a ação da vida observa e a morte, temporariamente, respeita. Tudo isso Orfeu, como artista, realiza. Mas, como homem ele não consegue conformar sua emoções à astuta lei de Plutão; face a face com a situação, ele olha para trás e fracassa. Vida e arte são necessariamente uma só coisa.
A tarefa do dramaturgo é aclarar a situação para Orfeu. A do crítico é esclarecer a questão paralela, o problema do controle do artista; não para o dramaturgo mas para uma platéia que precisa compreender os métodos do dramaturgo a fim de partilhar a sua visão.