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Poesias-->De Alguns Dias -- 18/01/2003 - 16:18 (Fernanda Guimarães) |
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De Alguns Dias
Há dias assim
Em que tudo parece banal
Horas difusas, gestos obtusos
E a lente do olhar inventando cores
Para esconder a palidez da vida
Ainda que o tempo não pare
Sinalizando a mutabilidade de tudo
Os lábios ensaiam um sorriso
Insosso e de gosto amanhecido
Degustado no palato do desencanto
A palavra destoa como em fuga
Esgueirando-se dos caminhos
Em que andam as minhas mãos
Letras que se fazem labirinto
E num espelho disforme
Brincam com as linhas da existência
Há palavras que não se escrevem
E que apenas podem ser lidas
No pulsar de um olhar
É o silêncio o mais eloquente aliado
A mão, o ombro, o conforto
Em dias assim, redimo-me
Calo os meus sonhos insones
E escuto cada palavra silente
Ecoando audível em meu peito
Testemunho ao lado da solidão
O som do vôo interrompido
O mergulho adiado
A vertigem jamais sentida...
© Fernanda Guimarães
Em 18.01.2003
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