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Ensaios-->Há uma Ciência da Literatura? -- 06/12/2002 - 09:37 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

HÁ UMA CIÊNCIA DA LITERATURA?

João Ferreira
6 de dezembro de 2002


Reconhecendo embora que o painel de debate sobre esta questão é historicamente muito amplo, rico e complexo, achamos, apesar de tudo, que é útil, de momento, oferecer ao leitor da Usina de Letras um quadro resumido dos pontos essenciais da questão e, ao mesmo tempo, uma bibliografia para aqueles que desejarem um aprofundamento maior no conhecimento do problema.
1. Em primeiro lugar, ao se colocar a pergunta se 'há uma ciência da Literatura', é fundamental entender e colocar como primeiro princípio que a literatura em si mesma, sendo um tipo de expressão artística, não pode entrar no limiar da ciência rigorosa, regida por uma metodologia de exatidão e de objetividade científica.
2. Quando se fala de ciência da literatura, o horizonte é outro. Fala-se naturalmente do campo dos estudos literários ou dos caminhos teórico-críticos de rigor que preparam o acesso ao texto literário.
3. No plano da terminologia, a ciência da literatura, a que os alemães chamam de 'Literaturwissenschaft', estaria não propriamente na chamada crítica literária genérica e improvisada, desenvolvida por autores desprovidos de preparação intelectual e de exigências críticas e metodológicas próprias da atividade científica. Estaria sim naquele tipo de abordagem teórico-crítica feita com critérios e métodos próprios da pesquisa científica.
4. No conceito da ciência da literatura entra especificamente a crítica universitária, pelo seu estatuto de rigor e é excluído, consequentemente, aquele tipo de crítica literária impressionista e informal que se pratica em grupos e ambientes desprovidos de rigor científico.
5.Entre os formalistas russos, ciência da literatura equivalia ao conceito de 'poética' e 'teoria da literatura'. Roman Jakobson dizia: “ O objeto da ciência da literatura não é a literatura, mas a literariedade, isto é, o que faz de uma determinada obra uma obra literária”.
6. Para os estruturalistas, sobretudo para um de seus representantes que é Roland Barthes, a ciência da literatura tem um certo sentido semiológico se o julgarmos pela declaração de que a mesma não tem como objetivo o “estudo dos autores nem das obras literárioas concretas mas sim dos signos do discurso literário em geral”. Analisando a posição de Barthes mais rigorosamente e sabendo de antemão que Barthes considerava a ciência da literatura como inexistente, podemos submeter a análise rigorosa suas próprias palavras e ver que, nessa indecisão intelectiva, ao admitir a construção de uma gramática do discurso literário, a ciência da literatura proporcionaria “os fundamentos para a construção do caminho da inteligibilidade da obra concreta, mesmo sem que escolha dogmaticamente, entre os sentidos, um sentido exato.
-Este caminho da inteligibilidade do discurso literário atraves de crítica e teoria rigorosa é o caminho da ciência da literatura para os críticos universitários.

BIBLIOGRAFIA ESSENCIAL

AGUIAR E SILVA, Vítor Manuel. Teoria e Metodologia Literárias. Lisboa: Universidade Aberta, 1990; BENJAMIN, Walter. “ Histoire littéraire et science de la littérature”. In Poésie et Révolution. 2 vol. Trad. Maurice de Gandillac. Paris:Les Lettres nouvelles, 1971, pp.7-14; ROLAND BARTHES, Crítica e Verdade, Lisboa: Ed. 70, 1978; GUMBRECHT, Hans Ulrich. “Sobre os interesses cognitivos, terminologia básica e métodos de uma Ciência da Literatura fundada na teoria da ação”.In: HANS ROBERT JAUSS et Alii. A Literatura e o Leitor. Textos de Estética da Recepção. Rio de Janeiro. Paz e Terra, 1979;.SANTOS, Wendel. Crítica: uma ciência da Literatura. Goiânia: UFG Editora, 1983; FIGUEIREDO, Fidelino de. A Critica Litteraria como sciencia. 2 ª ediçlão. Lisboa: Livraria Classica Editora, 1913.



João Ferreira
Brasília
6 de dezembro de 2002

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