Nasceu, em 1907, 19 de janeiro, em Abaeté. Hoje Abaetetuba. No Pará. Cercada de rios. Regada da boa cachaça. Onde o pai, Miguel Mendes dos Reis, era notário e proprietário de cartório.

Na década de 1920 veio para Fortaleza. Fazer o seminário. Queria ser padre. Mas desistiu. Ao tempo de receber as Ordens Maiores (Subdiaconato e Diaconato).

A busca de emprego. É dura procura. Mas os padres seus amigos o indicam para trabalhar. Nas escolas católicas. Professor. E no diário católico O NORDESTE. Como repórter.

Firma-se em ambas as carreiras. No O NORDESTE, cresce e progride. Chega a ser Redator Secretário do jornal. M. A. de Andrade Furtado é o Diretor Gerente. Luiz Sucupira é Diretor Secretário. Bruno Maia, repórter, junto com José Carlos. Passou por lá também Mauro Benevides, hoje político em Brasília. Todos no segundo andar do prédio da esquina da Liberato Barroso. Perto da Voluntários e da Cidade da Criança.

No andar térreo, no balcão de entrada, o velho e gordo Custódio. A seu lado o revisor Vasco Furtado. Depois da divisória, vinham as oficinas. As linotipos, à direita. Juarez numa e Liminha na outra. À esquerda, bancadas de paginação. Ao fundo, o prelo. Pequeno, mas novo e eficiente. Alemão. Que era preparado, diariamente, para receber os moldes metálicos das páginas, compostas pelo careca Zé de Lima e seus companheiros. Que cuidavam da paginação do jornal. Rodava, todos os dias. Invariavelmente às 15hs. Quando era levado o jornal à publicidade.

Manteve, Audifax Mendes, apreciados debates intelectuais e ideológicos no O NORDESTE. Muito destacados os que envolviam Jáder de Carvalho. Também brilhante jornalista comunista do Ceará.

Na mesma época, Audifax torna-se professor de Filosofia e Latim, no Liceu e no Imaculada Conceição. Em 1931, casa com Didina, que, dia 04 de outubro próximo, completará cem anos. Lúcida. Saudável e bem falante.

Faz concurso público e é nomeado Fiscal Federal do Ensino Secundário em Fortaleza, depois de receber seu registro definitivo de professor de Filosofia e Latim.

Na mesma década de 30, é chamado por João Dumar para fazer parte dos novéis locutores da Ceará Rádio Clube. Prefixo PRE 9. Recém inaugurada nas Damas. Depois, a transmissora passou para o 8º e/ou 9º andar do Edifício Diogo. Na Barão do Rio Branco. Onde hoje é a Galeria Diogo. Eram colegas seus José Cabral de Araújo. O melhor locutor esportivo do Ceará. Seu irmão, Paulo Cabral, depois Prefeito de Fortaleza e Presidente dos Diários Associados. Manuelito Eduardo, falecido ano passado. Entre outros.

Lá, tem um programa semanal, aos sábados. ÀS 18:45 hs.. Onde difunde a música clássica. Quinze minutos. Patrocinados pelo Banco Popular de Fortaleza, o Banco S. José. Também da Arquidiocese.

Nessa época, Audifax lança a iniciativa de fazer radiotransmissão das cerimônias da Semana Santa Católica. Ainda com D. Manuel. D. Lustosa seguiu o costume. Audifax era o locutor.

Na década de 40 é chamado para ser o locutor oficial da transmissão radiofônica do Congresso Eucarístico Nacional, em Recife.

Em 1954 é convocado por D. Hélder Câmara, seu contemporâneo de Seminário Maior, na Prainha e, então, Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro, para fazer o mesmo, no Congresso Eucarístico Internacional, inaugurando o Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro.

Monsenhor André Camurça, falecido aos 98 anos, há três semanas, o substituiu nessas transmissões de caráter religioso, aqui, na Arquidiocese de Fortaleza.

Audifax foi conhecido e aplaudido conferencista nos meios intelectuais do Ceará.

Tinha grande amizade com Ananias Arruda, proprietário do jornal A VERDADE, de Baturité, que, por várias vezes, acolheu os escritos de A.M..

Audifax teve três filhos com Didina. Teresa Maria, Asssistente Social e professora aposentada da PUC do Rio de Janeiro. Maria Celina, funcionária aposentada da Assembléia Legistaliva do Ceará. E João Bosco, padre casado, dispensado das ordens em 1969, advogado e funcionário aposentado do Conselho Nacional do Serviço Social da Indústria – SESI, em Brasília.

Em 1958, Audifax Mendes é transferido, pelo Ministério da Educação, para Ribeirão Preto – SP. Nomeado Inspetor Seccional do Ministério da Educação naquela região da mogiana. Onde faz excelente trabalho, inclusive durante a revolução. Aposenta-se compulsoriamente em 1976.

No dia 05 de setembro de 1986, já esclerosado há seis anos, e sem comunicabilidade com o ambiente, falece nos braços de sua filha Teresa Maria, indo da sala de jantar para o seu quarto de dormir. Às 6:30hs da noite.Colpaso cardíaco. Em Ribeirão Preto, onde foi sepultado no dia seguinte.

Hoje, faz 25 anos que meu pai faleceu. Deixando-nos um legado precioso de formação intelectual, moral e cívica. Rara em nossa sociedade. Seus restos mortais foram trazidos para Fortaleza pela minha mãe, Didina, quando ele completaria cem anos de nascimento. Em 2007. Jazem no Cemitério S. João Batista.

Obrigado, amado e saudoso pai. Que Deus te tenha em sua preciosa e merecida Paz!

Bemendes - 05/09/11