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Quando parar pra ouvir
alguma outra pessoa,
não queira só discernir
com a mente, numa boa.
Ouça com seu corpo todo.
Sinta sua energia —
a que você tem a rodo,
e que lhe traz harmonia —
entrando no eu-de-dentro,
o seu eu interior.
Se ficar fora-de-centro,
escutar não tem valor.
Ouvindo desse meu jeito,
a atenção se desvia
do pensamento mal feito,
e serenidade cria,
sem que a mente afete
o seu modo de ouvir,
que não tem nenhum confete,
mas resgata seu sentir.
Você permite, também,
que a pessoa que fala,
com o espaço que tem,
seja — o que é — E cala.
É presente e tanto
que você dá a alguém;
Isso gera um encanto.
Ser ouvido faz um bem...
Muito já se explorou
sobre o saber ouvir,
e o que mais se notou
é que há um intervir
do pensar em um ouvinte,
que atenta pro que pensa,
e deixa de ser "sentinte",
o que pensa não compensa.
E não dá mais atenção
ao que fala o falante,
vem logo a reflexão,
além de não ser galante.
O outro, não tendo vez,
parece não ser do Ser.
É como ovo indez,
que galinha pensa ter.
O Ser da outra pessoa
está debaixo dos termos
que são como a canoa
da mente em trechos ermos.
Você não pode sentir
o Ser da outra pessoa.
A Ele vai se unir,
formar a grande lagoa
de amor; a união
que é fundamental,
é a realização
do ouvir inicial.
E, assim, na profundeza
do Ser, você permanece
conectado, com firmeza,
a tudo que interesse.
E, nas relações humanas,
na maioria das vezes,
as mentes, que são urbanas,
interagem muitos meses.
Porém, os seres humanos
não entram em comunhão,
cometem seus desenganos,
não há comunicação.
Nenhuma relação surge
por essa trilha mental;
alguém vem e se insurge,
causa conflito banal.
Quando a mente dirige
nossa vida, há conflito
e problemas; o que vige
é o pensar, velho mito.
Estando mais em contato
com seu corpo interior,
há um espaço, de fato,
pra relação ter valor;
espaço a ser ocupado,
onde a mente vazia
cria, com todo cuidado,
o ouvir com alegria.
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