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Teses_Monologos-->Ser Presidente. Um Bom Negócio? -- 07/06/2002 - 22:34 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
SER PRESIDENTE. UM BOM NEGÕCIO ?
(por Domingos Oliveira Medeiros)

Ao arrumar uma velha estante, onde repousam papéis, documentos pessoais, livros diversos e até coisas sem qualquer importância, deparei-me com um artigo publicado, em agosto de 1988, cuja reportagem anunciava um futuro promissor para o Brasil, no campo energético.

Naquela oportunidade, a previsão era a de que o Brasil, carente de combustíveis de origem fóssil, poderia ser o primeiro país do mundo a libertar da gasolina os seus veículos, fazendo-os rodar, num prazo aproximado de oito anos, exclusivamente com álcool, o combustível do futuro.

Tal previsão baseava-se no fato de que o Brasil possui um imenso território, além de abundância de água e sol, três dos ingredientes necessários para produzir safras e mais safras dos vegetais de onde o álcool pode ser destilado. Além do mais, que a cana-de-açúcar é das plantas que melhor se dão no Brasil, sendo a tecnologia de seu processamento das mais avançadas do mundo.

Considerava, ainda, que o álcool pode ser extraído da mandioca, do babaçu, do eucalipto e até do capim, o que poderia, inclusive, estimular as várias e economias regionais. O investimento inicial no programa do álcool já alcançava o patamar de dois bilhões e meio de dólares. E não era para menos, já que as vantagens detectadas registravam o grande poder combustível do álcool, aliada à sua queima com mais eficiência do que a gasolina, provocando menos calor e proporcionando mais ou menos a mesma quilometragem, sem exalar poluentes tais como o chumbo ou o enxofre e, de quebra, evitando a saída de recursos para o exterior: em 1980, o País já teria gasto, com a importação de gasolina, cerca de nove bilhões de dólares.

O artigo nos dava conta, também, de algumas dificuldades iniciais, como, por exemplo, a falta de cooperação entre setores do próprio governo; e, também, a lentidão, por parte da comunidade financeira, no provimento de fundos para os projetos, além, de rivalidades regionais que surgiram, ninguém sabe precisar exatamente como, e de onde, mas que estariam, tais rivalidades, pondo em risco o êxito do Programa , o Proálcool.

Dificuldades à parte, a verdade era a de que o Programa, aos trancos e barrancos, caminhava na direção correta. Oficialmente, vinha-se misturando álcool à gasolina desde 1964, numa proporção de 18% a 20%, limite até o qual os motores à gasolina (os motores ainda não adaptados) podiam funcionar com relativa eficiência.

Em 1990, decorridos nove anos da previsão de substituição total da gasolina pelo álcool, com todas as vantagens dela decorrentes, o que vimos foi de estarrecer: mudaram-se os planos. Mudou-se o futuro energético, o futuro do Programa . Passaram, inexplicavelmente, os responsáveis da época, a apostar em outro combustível. Abandonaram o Álcool pelo Metanol, apesar de suas nítidas desvantagens, a começar pela caveira que o identificava, como medida de segurança.

Posteriormente, não se falou mais no metanol. Acabaram com o Instituto de Açúcar e do Álcool, que supervisionava e coordenava as ações relativas a produção, distribuição e exportação daqueles produtos. De igual modo, acabaram com o Instituto Brasileiro do Café. O tempo foi passando, e as grandes questões nacionais, como sempre, são deixadas de lado, sob diversas alegações, muitas das quais sem razões de ordem técnica ou legal que as justifiquem. Nem políticas. Sem que o povo fique sabendo, exatamente, o que possa ter acontecido. Aliás, muita coisa importante que acontece ou deixa de acontecer no Brasil a população não fica sabendo.

Coincidentemente, decorridos outros nove anos, deparei-me com outro artigo, desta feita publicado na Gazeta Mercantil de 29 de dezembro de 1999, intitulado “Enfim um pequeno passo”, que retomava a discussão em torno do álcool, noticiando que um representante do Ministério da Ciência e Tecnologia teria recomendado ao governo adicionar 3% de álcool anidro ao diesel, em caráter experimental, pelo prazo de 30 dias, como forma de contribuir para a melhoria da qualidade do ar, gerando empregos e divisas ao País, além de reduzir o estoque de álcool e os custos decorrentes de seu financiamento, minimizando, desta forma, os prejuízos causados à indústria nacional. Apesar do elenco de vantagens exaustivamente comprovadas, a sugestão, novamente, não encontrou acolhida favorável no mercado interno de combustíveis, por conta de interesses pouco convincentes, segundo os quais ninguém estaria disposto a perder 3% de um mercado que consome 36 bilhões anuais de diesel e que movimenta 14 bilhões de reais por ano.

Até quando nossos governantes pretendem ficar omissos, notadamente em épocas de crises mundiais, diante de fatos que se contrapõem à melhoria da nossa economia, como um todo, incluindo o meio-ambiente e o bem-estar da nossa população? E, a propósito, o que foi feito da experiência acumulada na produção de álcool, do próprio Programa do Álcool? Será que vamos acabar do mesmo jeito daquela época em que havia abundância de seringais da Amazônia, e que hoje aquela fartura foi transformada em pneus, que compramos lá fora, a preço de dólar? Será que vamos importar um dia, além da gasolina, também o álcool? Do mesmo jeito que a farinha de trigo? Os remédios? Os produtos de informática? E os aviões fabricados pela EMBRAER, até quando suportaremos as pressões e investidas internacionais, para reduzir nossas exportações daquelas aeronaves? E nossos produtos agrícolas, até quando sofrerão a desigualdade de tratamento que o estrangeiro provoca com os subsídios governamentais aos seus produtos? E o Mercosul, até quando sairá ileso de tantos bombardeios para sua inviabilização? Será que estamos condenados Á condição de devedores permanentes do FMI? A praticar a economia suicida de atração de capitais especulativos ou não, para manter o pagamento dos juros da dívida externa sempre em dia? Seria bom que os candidatos à presidência dissessem alguma coisa a respeito, porque, até agora, o que menos se falou foi em programas de governo e em alternativas de soluções para os nossos problemas. Será que ser presidente é tão bom assim?

Domingos Oliveira Medeiros


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