Cães Muito Perigosos
(por Domingos Oliveira Medeiros)
Aconteceu de novo. Desta vez, em Pernambuco. Três cães da raça boxer pularam o muro e mataram o bebê que completava duas semanas de nascido. Segundo o jornal, “o dono dos animais ainda teve a petulância de dizer que a culpa era da mãe da criança, que a deixou sozinha dormindo em um colchão... “.
No mesmo dia, em São Paulo, quase acontece a mesma desgraça. Desta feita, envolvendo um cão da raça Pit Bull. (ou pitbull). Só não aconteceu o pior porque uma cadela de estimação enfrentou o animal e salvou a criança.
Acidentes como esses têm sido freqüentes. As opiniões divergem quanto às causas. Os cães, quando a passeio, não se revestem de cuidados, como o uso da focinheira, dizem alguns. Outros, que os cães são irracionais e têm a capacidade de mutilar e matar as pessoas, em face de suas mordidas poderosas. E sugerem punição para os donos desses cães. Diversos projetos de lei foram elaborados objetivando liminar ou castrar certas raças de cães.
Mas existe quem pensa diferente. Os criadores afirmam que o problema é do dono. Que incitam e preparam os cães para serem violentos. Não se comprometem com o adestramento adequado. Sem saber, transmitem sua própria agressividade para os cães.
Cães á parte, entendo que este problema é compreensível e de fácil solução. O que não consigo entender é a frieza com que a Suzane - e seus comparsas - mataram seus pais legítimos, em São Paulo, capital. Com requintes de crueldade. Com planejamento e à pauladas. Com direito à aquisição de moto importada e churrasco para comemorar o evento “bem sucedido”.
Fico a pensar com os meus botões: coleira e focinheira, neste caso, de nada adiantaria. Educação e oportunidades, com certeza, não teriam faltado à Suzane. Universitária de Direito, da PUC-SP, entidade de ensino de orientação Católica. Drogas - ou eventual doença mental - não justificariam tamanha violência. Influência de terceiros, muito menos. Todos eles eram doentes? Afinal, resta a pergunta no ar: qual seria a raça da Suzane e de seus comparsas? Que agrediram seus donos dentro do próprio canil? Quando ainda dormiam?
O nome não sei. Mas, não tenho dúvidas: são cães infinitamente bem mais perigosos do que os boxer e pitbull que conheço. Mesmo os que andam sem focinheira e treinados para a violência.
Domingos Oliveira Medeiros
Reap.com alterações
20 de novembro de 2002