O Dr. Alfredo passou um dia bastante atarefado e estava exausto ao final do dia. Não via a hora de ir para o aconchego de seu lar, onde lhe esperavam sua amada esposa e querida filha de aproximadamente quatro aninhos.
Enfrentando um trânsito caótico finalmente abria o portão da garage de sua residência, chegando de mais uma jornada de trabalho.
Abriu a porta da sala e se deparou com sua mulher resmungando e muito nervosa.
- Você tem que conversar com a sua filha Isabella, ela está impossível, não a aguento mais!
- O que foi que aconteceu? Expressou o pai, jogando o seu paletó no sofá no canto da sala.
- Sabe aquela rosa que estava linda naquela roseira, no jardim, ela a arrancou.
- A Isabella?
- Sim.
- Como você sabe que foi ela? Não teria caído?
- Não. Não poderia ser outra pessoa. Não havia ninguém aqui, a não ser nós duas.
- Isabella, gritou o pai, indo para o quarto da criança.
Chegando lá, a menina brincava com suas coisas e ver o pai, correu em direção ao seu armário e dali tirou uma linda rosa vermelha e alegre e saltitante foi em direção ao pai, dizendo:
- Veja o que colhi para você!
O pai, assustado e desconsertado ficou parado no meio do quarto e a menina rindo:
- Tome papai, é para você. Veja que linda flor!
O pai agachou-se, pegou a rosa que a filha lhe estendia e abraçando-a, agradeceu o presente.
Uma lágrima rolou na face do pai. A filha arrancara a rosa de seu talo, na roseira, para oferecê-la ao seu querido papai.
A mãe vendo aquela cena, também se emocionou.
O pai disse à filha que seu gesto era muito lindo, porque expressava um nobre sentimento de gratidão. Mas acrescentou com o intuito de transmitir a ela outro elemento útil a sua formação como pessoa, também, que aquela flor ficaria muito viçosa se continuasse no seu talo, junto à planta.
Por fim o pai, analisando essa vivência ao lado de sua mulher e longe da filha, expressou que felizmente não externou o pensamento de impulsividade quando recebeu a notícia de que a rosa fora arrancada da roseira, porque se tivesse agido precipitadamente poderia ter maculado aquele instante tão sublime, em que a filha, inocentemente, praticara aquele ato, movida por um sentimento nobre de amor ao pai.
***
*Advogado tributarista. Autor de vários livros publicados no CLUBE DE AUTORES.