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Ensaios-->O Homem, Esse Estúpido -- 12/11/2002 - 12:10 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O Homem, Esse Estúpido
(por Domingos Oliveira Medeiros)


Ao longo da história, ocorreram várias tentativas no sentido de privilegiar uma ciência em detrimento de outra. Doutrinas diversas foram criadas e calcadas na razão e na lógica, negando a validade de qualquer outro tipo de conhecimento, viesse ele de onde viesse, principalmente da metafísica e da religião.

O Cartesianismo, o mais ousado de todos, como doutrina, fracassou. E não era para menos, vez que seus cultuadores, embriagados pelo êxito de suas teorias, desejavam uma sociometria, uma econometria e outras formas de transformar a liberdade humana, os sentimentos, o comportamento, a criatividade e a inspiração numa questão meramente matemática. Números, formulas e equações tudo explicaria.

Descartes chegou ao cúmulo de julgar ser possível uma demonstração geométrica da existência de Deus. A mecânica e a astronomia, a despeito de várias descobertas e previsões, até hoje, ainda não explicaram, de maneira perfeita, se quer o movimento dos planetas. Alguns cientistas sempre se julgaram substitutos de Deus, em nome da razão e em detrimento do emocional e do espiritual. Parece que o ditado aqui se aplica: As aparências enganam.

Num excelente ensaio de jornalismo econômico, de autoria de Joelmir Beting, fora proposto dois tipos de problemas, para serem resolvidos no início do século XX.

O primeiro problema que se colocava, envolvia dificuldades como transportar um elefante pelos céus, a uma velocidade maior do que a do som; depois, reproduzir, com fidelidade, a voz de uma pessoa falecida; e, ainda, transmitir, instantaneamente, a imagem e o som de um fato ocorrido noutro continente; e, finalmente, desenvolver um modo de comunicação capaz de transmitir 500.000 conversas simultâneas.

O segundo problema colocado para solução, propunha estabelecer a paz entre os povos; erradicar o analfabetismo; a miséria e a fome; melhorar a distribuição da renda; acabar com a inflação, etc.,.

Em se comparando as dificuldades dos dois tipos de problemas, levantados pelos idos de 1900, as pessoas, muito justificadamente, apostariam que o segundo grupo de problemas seria bem mais factível de resolver, posto que exigiria apenas um pouco de bom senso e cooperação. Já os problemas do primeiro grupo, anteriormente assinalados, como, por exemplo, transportar, via aérea, objetos pesados, tal qual elefantes, exigiram descobertas tecnológicas e procedimentos fantásticos, inimagináveis no limiar daquele século e, por isso, tais problemas seriam muito mais difíceis de serem resolvidos.

Entretanto, findo o século XX, pudemos constatar que o primeiro grupo de problemas, o daqueles aparentemente mais difíceis, foram resolvidos com certa facilidade. Por conta, principalmente, dos avanços na aeronáutica, na eletrônica, na informática e na bio-engenharia e na genética. Basta ver os enormes aviões que circulam pelos ares. Basta verificar as possibilidades de cura, via transplantes de órgãos e etc.

Já os problemas do segundo grupo, aparentemente de fácil solução, levantados à época, como, por exemplo, erradicar o analfabetismo, a fome no mundo, etc., continuam, até hoje, esperando por soluções. Desde à época medieval, até o mundo globalizado de nossos dias, o econômico tem prevalecido sobre o social. A acumulação de capitais, a especulação financeira, as barreiras impostas pelos países mais ricos, enfim, traduz-se no abandono aos princípios de justiça e de liberdade, da ética e da moral, nas relações entre os povos. A idéia reinante é a de que, mais cedo ou mais tarde, todos os problemas serão resolvidos pelo ângulo da economia. Por conta desse pensamento cartesiano, não se concede incentivos e importância ás questões sociais. Moedas, bolsas e índices econômicos resumem, em nossos tempos, a soberba intelectual que sempre ocupou o topo pensamento dos que detêm o poder..

Na verdade, a economia não consegue resolver nem os problemas que lhe são afetos: como a criação de empregos, distribuição de renda, endividamento público, etc. Só promessas desgastadas, de esperar o bolo crescer para depois reparti-lo, atingindo em cheio uma massa de seres humanos que, a bem da verdade, necessita, tão-somente, para sua sobrevivência e ascensão social, de coisas simples, como educação, habitação, alimentação, saúde e emprego. Quase nada, se comparadas aos gastos com armamento e pesquisas aeroespaciais. Coloca-se homens na lua, e satélites em Marte. Fabricam-se bombas ao custo unitário de um milhão de dólares. Mas não se consegue produzir e distribuir alimentos para todos.


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