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Ensaios-->Medo de Ser Feliz -- 17/10/2002 - 14:53 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Com Medo de Ser Feliz
(por Domingos Oliveira Medeiros)


A ansiedade pode gerar muitos problemas, dizem os especialistas, como, por exemplo, a chamada Síndrome do Pânico, que se caracteriza por um excesso de preocupações sobre o futuro imediato. Eu nunca tive necessariamente pânico, no sentido do termo que os especialistas empregam. Mas, confesso, há oitos anos que ando com medo. Muito medo. Inseguro, descrente, triste. Medo até das chuvas, pois com ela, certamente, voltarão as doenças transmitidas pelo Aedes Aegypti e seus comparsas.

E tudo por conta de um governo que, a despeito de ser o único, até agora, a conseguir dois mandatos seguidos, um dos quais, o primeiro, com ampla maioria no Congresso Nacional, não conseguiu, ao término desses mandatos, produzir nada em benefício da população e do país. A não ser uma montanha de dívidas e reformas por fazer. E ninguém sabe responder para onde foi tanto dinheiro.

Dívidas que, em tese, não deveriam existir, pelo menos na proporção em que se encontram, se consideramos que o governo vendeu todo o parque energético, de telecomunicações, privatizou bancos e estradas, aumentou impostos e criou novas taxas. E demorou sete anos para corrigir, pela metade, a tabela do imposto de renda e, de quebra, não cumpre a Constituição Federal no que tange à concessão de reajustes dignos, anuais, gerais e lineares para todos os servidores públicos.

Recentemente, pressionado pela crise de confiança que se instalou no país, diga-se de passagem, crise inventada pelos especuladores de plantão, o governo aumentou de 18% para 21% os juros praticados no país, um dos mais altos do mundo, sob o pretexto de conter a inflação.

Os resultados dessa medida são assustadores. Nossa dívida, que já ultrapassa 60 % do PIB nacional, só em outubro, por conta do lance infeliz do governo, amento em R$ 2,2 bilhões de reais, e já ultrapassa a casa dos R$ 880 bilhões. No início do primeiro mandato de FHC essa dívida era pouco mais de R$ 100 bilhões. E o pior, o dólar continua na casa dos R$ 4 reais. Toda vez que vence dívidas a serem pagas com a moeda americana, os especuladores, de forma artificial, e sob o olhar incompetente do governo, jogam a moeda para o alto e, desse modo, quadruplicam seus ganhos.

E o resultado, como sempre, não poderia ser pior. Restrição ao crédito, inibição de investimentos no setor produtivo, queda no consumo, paralisação da produção e aumento do desemprego e, por tabela, da violência. E o governo não faz outra coisa do que correr atrás do prejuízo. Até quando? Que rumo é esse, afinal? O rumo da Argentina?

Enquanto isso, o medo caminha pelas páginas dos jornais. Seu eco ressoa no noticiário das telinhas; nas vozes eloqüentes dos respectivos âncoras. E esse medo, vez por outra, ´´e até incentivado pelo modo com que determinadas notícias são divulgadas.

Na entrevista concedida pelos candidatos Lula e Serra, ao Boris Casoy, o jornalista, num evidente gesto de preconceito em relação ao Lula, ao invés de questões afetas à política nacional, como as que foram dirigidas ao Serra, o âncora preferiu perguntar sobre as “ligações” do Lula com Hugo Chaves e com Fidel Castro. Depois, não satisfeito, indagou do Lula se o seu terno era da marca “Armani”. Como se aquele tipo de vestuário tivesse acesso restrito à classe dominante.

Mais adiante, veio a questão do vinho francês Romanée-Conti que, o maravilhoso Veríssimo tratou logo de ironizar em uma de suas belas crônicas, dizendo que era “muita pretensão do Lula chegar à presidência da República”, posto que a ele estaria reservado, em termos de bebida, apenas a cachaça, com direito a brindar o santo e, de vez em quando, um cervejinha, que ninguém é de ferro. Presidente? Isso não é coisa para gente pobre.

Enquanto isso, o terror acontecia, mais uma vez, na madrugada daquela que já foi a Cidade Maravilhosa. Traficantes tentaram destruir, com explosivos, a penitenciária de Bangu III,. No Rio de Janeiro. Contidos, revidaram atirando em viaturas policiais, ferindo soldados. Não satisfeito, cravaram de balas a sede do governo do Rio, o Palácio Guanabara, ferindo com gravidade nossa já tão combalida democracia.

Outro dia, o candidato oficial do governo, em seu programa eleitoral gratuito, usou a imagem de uma famosa atriz para espalhar o pânico. O pânico do futuro. O medo que da atriz se apossava, caso o Lula viesse a ser eleito. Como se o medo já não fosse comum nestes dias . Melhor dizendo, nestes últimos anos. Desnecessário, portanto, a hipótese maldosamente formulada e bem interpretada pela famosa atriz.

Medo, a bem da verdade, de quem está em pânico. Em vias de perder as eleições.

Mas eu também estou com medo. Mais precisamente, há oito anos que estou com medo. Medo que agora se renova. Com medo de que possa acontecer um descuido qualquer e toda a situação atual ficar como está. Sem mudanças. Sem perspectivas. Sem luz no final do túnel. Medo de que a ciranda financeira se perpetue. Enriquecendo meia dúzia de banqueiros e agiotas internacionais. Medo de que o país continue subserviente ao capital estrangeiro. Cumprindo metas traçadas pelo FMI. Sem qualquer preocupação com o desenvolvimento e com o bem-estar da população.

E ficar nesta situação de morte anunciada, tal como na crônica do escritor peruano. Até onde der. Depois, ficar indignado em saber que cada qual dos integrantes do governo, ao seu término, assumirá seus empregos na ONU, no BIRD e em outras organizações internacionais, enquanto a conta e o pânico ficarão para trás.

Estou com medo de que as eleições não se dêem com a necessária segurança. Que o mal prevaleça sobre o bem. E que o inferno possa ter mais um mandato. E que o inferno continue a tomar conta dos 53 milhões de miseráveis, que foram colocados abaixo da linha de pobreza. Exército que a cada ano engrossa. Com mortes de crianças desnutridas e cegas, por carências de vitamina A e de saneamento básico e coisas que para os governantes são meros detalhes estatísticos.

Mas Deus é brasileiro. E não permitirá tamanho castigo. Até porque, o Brasil não é o Iraque. E não tem poços de petróleo. Nem terroristas, em quantidade suficiente para preocupar as grandes potências.

O próprio Secretário de Tesouro Americano, Kenneth Dam, já disse com todas as letras: “Se Lula ganhar realmente as eleições, trabalharemos com ele. Faremos o melhor para apoiar o Brasil.” AMÉM.

Domingos Oliveira Medeiros
17 de outubro de 2002

Com Medo de Ser Feliz
(por Domingos Oliveira Medeiros)


A ansiedade pode gerar muitos problemas, dizem os especialistas, como, por exemplo, a chamada Síndrome do Pânico, que se caracteriza por um excesso de preocupações sobre o futuro imediato. Eu nunca tive necessariamente pânico, no sentido do termo que os especialistas empregam. Mas, confesso, há oitos anos que ando com medo. Muito medo. Inseguro, descrente, triste. Medo até das chuvas, pois com ela, certamente, voltarão as doenças transmitidas pelo Aedes Aegypti e seus comparsas.

E tudo por conta de um governo que, a despeito de ser o único, até agora, a conseguir dois mandatos seguidos, um dos quais, o primeiro, com ampla maioria no Congresso Nacional, não conseguiu, ao término desses mandatos, produzir nada em benefício da população e do país. A não ser uma montanha de dívidas e reformas por fazer. E ninguém sabe responder para onde foi tanto dinheiro.

Dívidas que, em tese, não deveriam existir, pelo menos na proporção em que se encontram, se consideramos que o governo vendeu todo o parque energético, de telecomunicações, privatizou bancos e estradas, aumentou impostos e criou novas taxas. E demorou sete anos para corrigir, pela metade, a tabela do imposto de renda e, de quebra, não cumpre a Constituição Federal no que tange à concessão de reajustes dignos, anuais, gerais e lineares para todos os servidores públicos.

Recentemente, pressionado pela crise de confiança que se instalou no país, diga-se de passagem, crise inventada pelos especuladores de plantão, o governo aumentou de 18% para 21% os juros praticados no país, um dos mais altos do mundo, sob o pretexto de conter a inflação.

Os resultados dessa medida são assustadores. Nossa dívida, que já ultrapassa 60 % do PIB nacional, só em outubro, por conta do lance infeliz do governo, amento em R$ 2,2 bilhões de reais, e já ultrapassa a casa dos R$ 880 bilhões. No início do primeiro mandato de FHC essa dívida era pouco mais de R$ 100 bilhões. E o pior, o dólar continua na casa dos R$ 4 reais. Toda vez que vence dívidas a serem pagas com a moeda americana, os especuladores, de forma artificial, e sob o olhar incompetente do governo, jogam a moeda para o alto e, desse modo, quadruplicam seus ganhos.

E o resultado, como sempre, não poderia ser pior. Restrição ao crédito, inibição de investimentos no setor produtivo, queda no consumo, paralisação da produção e aumento do desemprego e, por tabela, da violência. E o governo não faz outra coisa do que correr atrás do prejuízo. Até quando? Que rumo é esse, afinal? O rumo da Argentina?

Enquanto isso, o medo caminha pelas páginas dos jornais. Seu eco ressoa no noticiário das telinhas; nas vozes eloqüentes dos respectivos âncoras. E esse medo, vez por outra, ´´e até incentivado pelo modo com que determinadas notícias são divulgadas.

Na entrevista concedida pelos candidatos Lula e Serra, ao Boris Casoy, o jornalista, num evidente gesto de preconceito em relação ao Lula, ao invés de questões afetas à política nacional, como as que foram dirigidas ao Serra, o âncora preferiu perguntar sobre as “ligações” do Lula com Hugo Chaves e com Fidel Castro. Depois, não satisfeito, indagou do Lula se o seu terno era da marca “Armani”. Como se aquele tipo de vestuário tivesse acesso restrito à classe dominante.

Mais adiante, veio a questão do vinho francês Romanée-Conti que, o maravilhoso Veríssimo tratou logo de ironizar em uma de suas belas crônicas, dizendo que era “muita pretensão do Lula chegar à presidência da República”, posto que a ele estaria reservado, em termos de bebida, apenas a cachaça, com direito a brindar o santo e, de vez em quando, um cervejinha, que ninguém é de ferro. Presidente? Isso não é coisa para gente pobre.

Enquanto isso, o terror acontecia, mais uma vez, na madrugada daquela que já foi a Cidade Maravilhosa. Traficantes tentaram destruir, com explosivos, a penitenciária de Bangu III,. No Rio de Janeiro. Contidos, revidaram atirando em viaturas policiais, ferindo soldados. Não satisfeito, cravaram de balas a sede do governo do Rio, o Palácio Guanabara, ferindo com gravidade nossa já tão combalida democracia.

Outro dia, o candidato oficial do governo, em seu programa eleitoral gratuito, usou a imagem de uma famosa atriz para espalhar o pânico. O pânico do futuro. O medo que da atriz se apossava, caso o Lula viesse a ser eleito. Como se o medo já não fosse comum nestes dias . Melhor dizendo, nestes últimos anos. Desnecessário, portanto, a hipótese maldosamente formulada e bem interpretada pela famosa atriz.

Medo, a bem da verdade, de quem está em pânico. Em vias de perder as eleições.

Mas eu também estou com medo. Mais precisamente, há oito anos que estou com medo. Medo que agora se renova. Com medo de que possa acontecer um descuido qualquer e toda a situação atual ficar como está. Sem mudanças. Sem perspectivas. Sem luz no final do túnel. Medo de que a ciranda financeira se perpetue. Enriquecendo meia dúzia de banqueiros e agiotas internacionais. Medo de que o país continue subserviente ao capital estrangeiro. Cumprindo metas traçadas pelo FMI. Sem qualquer preocupação com o desenvolvimento e com o bem-estar da população.

E ficar nesta situação de morte anunciada, tal como na crônica do escritor peruano. Até onde der. Depois, ficar indignado em saber que cada qual dos integrantes do governo, ao seu término, assumirá seus empregos na ONU, no BIRD e em outras organizações internacionais, enquanto a conta e o pânico ficarão para trás.

Estou com medo de que as eleições não se dêem com a necessária segurança. Que o mal prevaleça sobre o bem. E que o inferno possa ter mais um mandato. E que o inferno continue a tomar conta dos 53 milhões de miseráveis, que foram colocados abaixo da linha de pobreza. Exército que a cada ano engrossa. Com mortes de crianças desnutridas e cegas, por carências de vitamina A e de saneamento básico e coisas que para os governantes são meros detalhes estatísticos.

Mas Deus é brasileiro. E não permitirá tamanho castigo. Até porque, o Brasil não é o Iraque. E não tem poços de petróleo. Nem terroristas, em quantidade suficiente para preocupar as grandes potências.

O próprio Secretário de Tesouro Americano, Kenneth Dam, já disse com todas as letras: “Se Lula ganhar realmente as eleições, trabalharemos com ele. Faremos o melhor para apoiar o Brasil.” AMÉM.

Domingos Oliveira Medeiros
17 de outubro de 2002

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