O Humanismo Socialista de Joaquim Nabuco: Autor: José Rafael de Menezes: Editora Bagaço. 1999: 245pg
Por: Maria dos Socorro Cardoso Xavier
Ensaio magnífico em oito capítulos plenos de humanismo e erudição, do professor universitário José Rafael de Menezes, autor de inúmeras obras de similar valor humanístico-cultural.
O livro em epígrafe, escrito em linguagem límpida e estética impar, discorre, analisa, disseca o abolicionista histórico, o pernambucano Joaquim Nabuco – sua performance, como figura humana de intelectual, de ideário e comportamento sui-generis no cenário nacional, nas lides pelo abolicionismo brasileiro.
Joaquim Nabuco, contemporâneo de Castro Alves, ambos abolicionistas marcantes, assim compara-os, o professor, autor deste livro: - “Não era somente como abolicionista que poderia Castro Alves encontrar-se e influir, comparar-se a Joaquim Nabuco. O provincianismo e o federalismo; o telurismo e o americanismo; o anti-clericalismo e o cristianismo; o universal e o humanitário; o povo e a justiça. Um fraternalismo socialista”.
O autor indelével de “Minha Formação”, obra prima de linha social, que trás a inquietação questionadora e apelativa de aspectos da vida cultural brasileira de um século – é uma obra histórica humanista, escrita com grandeza ética, sob os embevecimentos da infância à la Saint-Exupéry. – Quincas, o Belo, como foi cognominado, revela-se desde então, simpatizante de um ideário socialista, numa consciência fraternalista.
O professor José Rafael de Menezes, autor desta esplêndida obra de análise, destaca plurais qualidades, tendências e bandeiras, em Joaquim Nabuco: o jornalista reformista, o cristão primitivo, superador do diletantismo, o pioneiro, o sindicalista, o ruralista, o federativo comunitário, o católico social, o pensador social, o poeta sensual, o místico social, o aureolado de bom senso e bom gosto. Eis Quincas, o Belo – cheio de auto-domínio e acolhimento, simpatia e benevolência, o reformador social, o Gênio do abolicionismo no século XIX, do Brasil.
O autor de O humanismo Socialista de Joaquim Nabuco, em rica análise de 245 páginas, de aguda sensibilidade, faz rico cotejamento das idéias de Joaquim Nabuco com outros pensadores políticos contemporâneos alhures – suas influências e originalidades. Invoca inúmeros filósofos, político-sociais e poetas, a nível universal: Sócrates, Camões, Antero do Quental, Thomas Morus, Saint-Simon, Léon Tolstoi – cujas especulações reflitam a ânsia de colocar o filosofar do Homem, no centro e fim dos humanismos socialistas.
Este é um livro digno de nota. Orgulhei-me de apreciá-lo. Não só para leitura imediata, mas remeterá com certeza o leitor a outras plagas bibliográficas, de indubitável valor , no acervo sedimentado do intelectual humanístico.
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