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Ensaios-->Quem Se Lembra da Letra? -- 06/09/2002 - 20:27 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quem se Lembra da Letra ?
(POR Domingos Oliveira Medeiros)

Já faz algum tempo. Foi bem antes desta última Copa do Mundo. Estava passando os olhos pelos jornais, como quem lê uma revista na sala de espera do dentista, sem qualquer interesse específico. De repente, embora não seja costumeiro, interessei-me pela reportagem sobre o jogo amistoso da seleção brasileira contra o time da Islândia. Islândia? E lá existe futebol? Indaguei-me, com certa surpresa. Mas, logo em seguida, me dei conta de que a nossa seleção não é lá essas coisas. Não é a mesma. Não é nenhuma Brastemp. Não se faz mais seleções como antigamente. Pelo menos semelhantes àquelas que foram vitoriosas em quatro campeonatos mundiais. Algumas das quais tive o privilégio de torcer, tomado pela patriótica emoção de quem se orgulha do país onde nasceu.

E os pensamentos começaram a fluir. Seria saudosismo dizer que naquele tempo as coisas eram bem melhores? Talvez sim, talvez não. O fato é que cada geração tem seus altos e baixos. Uma época pode ser melhor do que outra sobre alguns aspectos. Hoje temos avanços científicos a comemorar. A longevidade, apesar de tudo, aumentou. Já estamos conseguindo retirar do cenário político alguns deputados, senadores e até presidente da república. Mas, e antes? Na minha época, digamos assim, o que poderia ser enumerado como coisa boa?

Foi logo estabelecer esta pergunta e as respostas começaram a fluir. Na educação, por exemplo. O Estado era responsável, tão-somente, pelo ensino básico, que compreendia as cinco primeiras séries. O chamado Curso Primário. Era uma espécie de pré-requisito para tentar, ao seu final, prosseguir os estudos ingressando no Curso Ginasial (equivalente, hoje, ao primeiro grau) e, continuar os estudos optando pelo Curso Clássico (mais voltado para a área de Humanas) ou o Curso Científico (para os interessados em Ciências Exatas). Hoje, reunidas estas áreas num só grupo, o do segundo grau de ensino.

E era melhor, porquê? Porque sendo o Curso Primário única obrigação do Estado, havia mais recursos e maior interesse em dotar esta parte fundamental do ensino de todas as garantias de qualidade. Em toda a rede de ensino público não havia concorrência do setor privado. O ensino público, além de gratuito, era imbatível em termos de qualidade. E os professores? Não ganhavam lá essas coisas, tal como hoje, é bem verdade. Mas isso em termos absolutos. Porque em termos relativos, isto é, comparando os salários à situação econômica da época havia, sem sombra de dúvidas, um ganho adicional. Por conta do poder de compra advindo da boa situação do mercado e da economia como um todo.

No curso primário havia aulas de português, matemática, história, geografia, trabalhos manuais, jardinagem e , uma vez por semana, a professora separava um tempo para ler histórias. Foi assim que pude conhecer toda a trama do Sítio do Pica-Pau Amarelo e tantas outras obras do estilo.

E tem mais. Todos os dias, antes de começar as aulas, os alunos formavam filas no pátio, conforme as séries que cursavam e, sob o comando da diretora da escola, cantavam o Hino Nacional Brasileiro. O Hino à Bandeira Nacional. E assim por diante, principalmente em determinadas datas cívicas. Havia uma ligação direta entre nós e o nosso país. Um compromisso. Uma alegria. Uma esperança. Um primeiro sentido para a vida.

Depois, fomos crescendo. Aos quatorze anos, consegui minha primeira Carteira de Trabalho do Menor. Sim, naquela época o menor podia trabalhar com os mesmos direitos dos adultos. Apenas que, em certas funções classificadas como perigosas, ou de desenvolvimento noturno, proibia-se a presença do menor.

Foi assim que cresci. Aprendendo a lutar pela vida. Sem deixar de estudar. Já tinha minhas responsabilidades. Ajudava em casa, com orgulho. E mais, quando completei dezoito anos, o emprego me liberou para servir o exército. E quando dei baixa, lá estava meu emprego, me esperando, de braços abertos. Que diferença dos dias de hoje!...

Depois veio a vida de rapaz, que não cabe aqui tecer maiores comentários, por razões de espaço e de tempo. Devo dizer apenas que o carnaval era para todos, e brincava-se nas ruas, junto com as escolas de samba.

Não havia AIDS. Vou repetir: Não havia AIDS. Não havia Dengue. E cada ramificação do comércio ou da indústria tinha o seu próprio atendimento médico. IAPB, para os bancários. IAPC, para os comerciários. IAPI, para os industriários, e assim por diante. Não havia a menor chance de corrupção em massa. Seria preciso corromper muita gente, pois os institutos tinham suas próprias gerências e responsabilidades. Eram independentes. Depois juntaram tudo no paquiderme monstruosos chamado previdência social, o famoso INSS. E todos sabemos o que vem acontecendo daí por diante. Infelizmente.

Mas voltando à pagina do jornal, a seleção brasileira não precisa ter medo. Primeiro que a Islândia nunca teve futebol. Depois, a Islândia vai jogar com o seu time reserva. A que ponto nós chegamos. A Islândia ocupa o lugar de número 54 no ranking da Fifa. Mas, no que se refere ao IDH, Índice de Desenvolvimento Humano, que expressa a qualidade de vida de um país, em termos de PIB, grau de escolaridade e na expectativa de vida, a Islândia está em sétimo lugar, e o Brasil ocupa a posição 69. Muito incômoda, por sinal. Bem que poderíamos imitar nosso adversário no que tange ao aspecto relativo à qualidade de vida, porque no futebol até que estamos chegando perto.

Mas toda essa história foi para dizer que, hoje em dia, não me conformo com o descaso em relação ao Brasil, enquanto pátria, enquanto nação. Não vejo ninguém cantar mais o nosso Hino. Nas escolas, nas solenidades públicas, e até nos campos de futebol.

Não consigo entender como possa um clube de futebol não se preocupar com este fato. Paga-se milhões de reais aos jogadores e não se lembram de ensiná-los a cantar nosso hino. E o problema é antigo. Quantas vezes tivemos que ver o balbuciar de jogadores, imitando a cantoria do hino nacional, enquanto comemoravam um mundial de futebol. Que vergonha para nós. As câmeras não perdoam. No mundo inteiro a crítica deveria estar sendo feita. Que falta de amor ao país. Enquanto as equipes americanas.... dá gosto ver todos abraçados à sua bandeira e cantando, forte e alegre, o hino dos EUA. E o nosso, sem sombra de dúvidas, é muito mais bonito. Enfim....se você já sabe a letra do Hino Nacional Brasileiro, pode parar a leitura do artigo por aqui mesmo e meus parabéns. Para você que ainda não sabe, e deseja aprender, a letra está publicada em “Artigos” e em “Ensaios”. Domingos Oliveira Medeiros

PS.: Republicado em homenagem aos nossos heróis, ex-pracinhas, que tiveram nos campos de batalhas, e que ainda hoje estão vivos, e aos que se foram. REm homenagem às Forças Armadas, com uma nota de pesar pelo corte orçamentário que obrigou a que vários pracinhas voltassem para casa mais cedo. Por falta de recursos. Isto não é bom para a imagem externa de nosso país. Mais uma lembrança triste deixado por governo que se vai.
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