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Ensaios-->O marketing político como restrição à liberdade do voto -- 29/08/2002 - 15:06 (Rodrigo Contrera) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Por Rodrigo Contrera

Bastou sair uma nova pesquisa na mídia para dar-me conta do efeito nocivo que toda atitude de marketing político exerce na escolha do voto, o mais fundamental ato do regime democrático.

A nova pesquisa a que me refiro é essa da CNT-Sensus que, hoje (29/8/02), confirma as do Ibope e Vox Populi, indicando uma queda da candidatura Ciro e um aumento da de Serra.

Eu já havia sentido o efeito dos ataques de Serra em Ciro em mim mesmo. Bastaram algumas frases pinçadas para Ciro, em meu íntimo, passar de cearense à la Collor para homem destemperado indigno de confiança. Entrevistas aqui e acolá, opiniõezinhas nada sutis serviram para corroborar a impressão.

Já disse e repito que irei anular o meu voto. Nada irá demover-me da minha falta de opção. Em suma, se para algo serve mudar minha impressão sobre este ou aquele, é para nada. Irrita, contudo, perceber o quão fácil é, para quem tem os meios e as técnicas, afetar minha noção do mundo com respeito a coisas tão particulares quanto impressões pessoais.

Agora o MEU CIRO é ISTO e não mais AQUILO porque - e somente porque - ELES assim querem. Agora, como corolário, MEU CONCEITO DE SERRA é superior ao MEU CONCEITO DE CIRO porque eles ASSIM QUEREM. Reverter conceitos como esse, nem pensar.

Do jeito que está, toda eleição é assim apenas pretexto para usar qualquer artifício tendo em vista qualquer objetivo. Com o pretexto de ganhar a eleição, faz-se qualquer ilação (plausível, é claro) para desmantelar uma imagem qualquer. Não importa se o Ciro é assim mesmo (e deve ser). Importa, em minha queixa, é que só penso o que penso porque ELES, agora, ASSIM QUEREM.

Bem sei que as ferramentas do marketing político existem, sob o prisma da campanha, para otimizar os esforços dos candidatos à conquista de postos muito concorridos e que não há nada de mal nisso. Assim sendo, o marketing político é apenas um instrumento racional que permite melhor atingir certos fins.

O marketing político, tecnicamente falando, é apenas uma ferramenta feita sob medida ao sistema democrático representativo tal qual o conhecemos, qual seja, o sistema segundo o qual a política consiste na disputa pelos votos do eleitorado encarado enquanto mercado. Tudo isso é decorrência do pensamento de gente como o saudoso economista Schumpeter, que de ingênuo nada tinha mas que não possuía somente esperteza.

Voltando ao marketing: se há algum problema em tudo isto que explano, esse problema não parece estar na ferramenta, ou seja, no marketing. Daí que o problema do marketing político está fora do marketing político. Onde?

Seria fácil dizer que o problema está na política. Tão fácil seria dizer que está na cabeça dos políticos. Ou no imediatismo daqueles que conduzem a campanha. Ou na mera busca de resultados. Ou, sei lá, na ausência de escrúpulos etc. e tal.

Que as campanhas como estão obrigam muitos a votar sem saberem bem para quê nem por quê, isso é meio redundante. Sabe-se mais do cabelo ausente da Patrícia Pillar do que se os candidatos são favoráveis à continuação do Projeto Alvorada (quer se informar? procure).

O problema está em que, ao usar fatos e expectativas, de forma manipulada, com o intuito de atingir determinados fins, os responsáveis pelas coisas como estão (e todos são responsáveis) reduzem a liberdade na escolha do voto. Apostam em que, no fundo, as coisas devem se manter como estão. Em que é preciso assumir que 'as coisas funcionam desse jeito mesmo' e que por isso 'a gente precisa agir como todo mundo'.

Acontece que todos os candidatos, todos eles, no fundo, parecem, por cima de seu egolatrismo, sua ausência de escrúpulos em maior ou menor medida, querer deixar sua marca na história. Pergunto-me, então, olhando na história, nessa safada, se alguém de fato conseguiu deixar SUA marca assumindo as coisas tais como se mostravam.

De fato, pensando bem, não é isso que eles querem.

© Rodrigo Contrera, 2002.
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