Detestei-o... Considerei-o... Hoje pretendo tão só contribuir para extingui-lo!
Logo que me apercebi, por volta dos 13 anos, da tétrica funcionalidade do coveiro, desde logo também e espontâneamente comecei a detestar o homenzarrão, o homenzinho e até o maneta manco que vi desempenhar tão estranha função bem defronte de meus jovens olhos.
O tempo, a vida, a assunção ao entendimento, levaram-me naturalmente a considerar o enterrador de mortos um tarefeiro estóico, útil, precioso e essencial para me convencer da inexorável fatalidade da morte.
Mais e mais ainda, o tempo, a vida, a caminhada para o extremo racional, colocaram-me o coveiro como uma inutilidade nefasta em exercício masoquista insuportável.
Assisti a funerais de todo o tamanho, feitio e modelos religiosos. Pensei, matutei, confrontei o raciocínio com os predadores processos da sociedade hipócrita onde sou obrigado a viver.
Pretenderia que os meus restos mortais fossem esquartejados, tratados em linha de fabrico, enlatados e vendidos para matarem a fome aos cãezitos sarnentos e quejandos animais miserávelmente infelizes resultantes da acção humana. O produto, pela minha parte, doava-o desde logo para pagar a reforma aos coveiros até à sua completa extinção.
Viva os carniceiros!!!
PS:- Até lá, Querida Milene, para mim, resta-me consolar as vítimas do miserabilismo humano quanto puder, como Tu, e içar sem desânimo a bandeira da ironia à luz do esclarecimento.
O Milenito, o cãozito sarnento, doravante é Teu, muito Teu. Ajudar-Te-ei até ao limite a implantar o exemplo e a lutar pela redenção daqueles que vão recusando a solução.
Um beijo comovido.
Torre da Guia
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