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Ensaios-->O (Des) empenho de FHC -- 14/08/2002 - 18:23 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CONVERSA DE BAR (XIII)
(por Domingos Oliveira Medeiros)


Rapaz, já viu a temperatura com está mudando? Mas isso não é novidade. Desde que as grandes potências, lideradas pelos Estados Unidos, resolveram fazer “corpo mole” na redução de gases poluentes, que o buraco da camada de ozônio só faz aumentar. Nosso planeta está cada vez mais quente. Você tem razão!. Hoje em dia já não se consegue saber em que estação do ano nós estamos. Dá para notar que o tempo está prá lá de maluco. É verdade. E a tendência é ficar cada vez mais quente. Um dos perigos é que a camada de gelo dos pólos já começa a derreter e a inundar rios e mares, trazendo riscos para todos nós. Toda a Europa, aliás, está às voltas com as enchentes. Quantos prejuízos materiais já foram causados? Quantas vidas não se foram! Você tem razão! Mata-se, hoje, por vários motivos. Religiosos, como é o caso de Israel e da Palestina. De Católicos e Protestantes, na Irlanda do Norte. E por questões políticas e econômicas, como foi o caso do Afeganistão. Mas lá não foi por causa do combate ao terrorismo? Bem, essa foi a desculpa. Mas há interesses difusos embutidos nas ações de Bush. Esse cara é meio doidão! Está criando uma atmosfera de guerra no mundo inteiro. Já marco até data para invadir o Iraque. E não pede nem licença a ONU. Virou o dono do mundo. Isso não vai acabar bem!

Meu amigo, quer saber? Os EUA não dão a mínima. Toda reunião de governantes com propósitos ambientalistas, o governo americano “pula” fora. Lembra-se do tratado de Kioto? Pois é, os americanos não assinaram. E já avisaram: vão boicotar a próxima reunião a respeito do assunto. E por falar em tempo quente, a guerra entre israelenses e palestinos continua pegando fogo. Aquilo lá é um verdadeiro genocídio. Já passou dos limites. A ONU precisa impor seu respeito. O que está faltando? Penso que, basicamente, a ajuda de seu principal conselheiro, os EUA, no sentido de por um freio nas investidas de guerra sobre a Palestina, levadas a efeito por Ariel Sharon, que não é lá flor que se cheire, sob as vistas grossas dos EUA..

Parece até que o Ariel Sharon tenta se vingar de seu antigo adversário, o Arafat. Mas, ainda que ele tivesse coberto de razões, não deveria usar os métodos que está usando.É mesmo. Parece até que estamos diante das forças alemãs. Será que eles estão, psicologicamente, tentando se vingar das humilhações sofridas durante a Segunda Guerra?
Sei lá!. Pode até ser. De repente é o mesmo caso do Bush, em relação ao Iraque. No fundo, no fundo, ele quer vingar o seu pai. O Bush velho, que perdeu a guerra para o Iraque. É verdade.

Você sabe o que estava pensando outro dia? Não. Que esta guerra, com a desculpa de acabar com o terrorismo, na verdade esconde a verdadeira intenção, de ordem econômica: poços de petróleo. É mesmo? Veja que todos os países identificados como inimigos dos EUA, sob a desculpa de abrigar terroristas, têm petróleo em abundância. É mesmo? Não tinha reparado! Pois é. Na Itália, na Irlanda, na Colômbia e no próprio Estados Unidos existem terroristas aos montes. Mas ninguém fala em invadir aqueles países. Ou dar combate aos terroristas americanos. Por isso, acho que a luta é mais por interesse econômico. E o Brasil que se cuide, pois não vai demorar muito e eles começarão a voltar seus interesses, mais abertamente, para a nossa Amazônia. Aliás, já estão de olho há muito tempo. E depois, com essa imensa dívida que nos está sendo imposta, tornando-a praticamente impagável, não duvido que surja uma proposta para trocá-la por parte de nossa floresta. Seria o fim da picada!

O problema é que nossos políticos só pensam em eleições. Como se eleições enchessem a barriga de alguém! De alguém não sei, mas dos políticos, seus familiares e aliados, com certeza. Pior é que grande parte da população parece um bando de idiotas. Continua trocando votos por dentaduras, camisetas, chaveiros e outras quinquilharias. Um dia eles aprendem! É, mas parece que vai demorar. Falta ao povo o principal. O quê? A educação. Gratuita e de qualidade. E para todos.

E por falar em eleição, você viu o que o FHC está fazendo? Não, o que foi? Convidou os candidatos para uma conversa. Ele quer fazer um pacto de transição. Pacto de transição? Isto mesmo. Ele pretende acertar os ponteiros para passar o governo ao próximo governante. Mas isso já acontece há mais de cem anos. E, ao que eu saiba, nunca foi preciso convocar, antes do seu resultado e da posse, nenhum candidato para tratar do assunto. Até porque não se sabe, de antemão, qual será o vendedor.

É rapaz. Mas o negócio é que este governo está mais endividado do que a gente pensava. Oito anos, e parece que ele não fez outra coisa a não ser dívidas. É verdade! Mas espera aí!...O governo não aumentou Impostos? Sim. Não criou a CPMF? Criou. Não deixou os servidores sem aumento durante oito anos? É verdade! Não vendeu todas as empresas estatais? Bancos Oficiais? Não fez uma ampla privatização? Empresas de Telefonia? Siderurgia? Energia elétrica? Fez. Não deixou de corrigir a tabela do Imposto de Renda? E para onde foi todo esse dinheiro? Essa é uma pergunta que continua sem resposta. E depois de tudo, ainda aumentamos a dívida junto ao FMI em 30 bilhões. Então, cara, esse governo, cá prá nós, não está com nada! Nunca esteve. Deve-nos, além da dívida, muita explicação.

E você lembra quando o FHC ele assumiu? Que começou essa onda de globalização? Todo mundo elogiava. Dizia que era irreversível. Que a gente tinha mais era que embarcar nessa onda. Lembra do que disse FHC ? Não! Pois é. Disse, com todas as letras, que quem se colocava contra a neoglobalização era “caipira” e “neobobo”. Ah! Agora me lembro! E a imprensa também ajudou ao governo a propagar esta onda. Pois é. Deu no que deu. Hoje, o próprio FHC fala mal dos EUA. Agora é tarde. Inês é morta, como disse o poeta.

É triste!. Perdemos os bancos oficiais. Que poderiam estar financiando o desenvolvimento dos estados. Se havia corrupção, que se apurasse e punisse os culpados. Mas não acabar com os bancos e com os financiamentos responsáveis pelo desenvolvimento dos estados. Mas governo sem criatividade é isso mesmo. Ao invés de apurar e punir os responsáveis, ele aproveita para extinguir o Órgão. É como se fosse um médico maluco que, diante de uma unha encravada, prefere arrancar o pé do paciente. Com isso, grandes empresas, como a Companhia Vale do Rio Doce e a Siderúrgica Nacional, foram entregues a preço de banana. E nós, consumidores, ficamos ver navios. A promessa de que o setor privado faria melhor do que o governo foi desmascarada. Os consumidores, agora, sabemos. Amargamos a elevação de tarifas, queda na qualidade dos serviços prestados, racionamento de energia, e ainda tivemos que remunerar os prejuízos das empresas causados pelo famoso “apagão”.

Esse governo anda na contramão da história. Um dia desses eu estava lendo o jornal e vi uma reportagem interessante. O professor de Economia, Reinaldo Gonçalves, da UFRJ, fez um trabalho sobre o desempenho de 24 presidentes brasileiros, desde Campos Sales até Fernando Henrique. Cobrindo cerca de cem anos de história. É os resultados? Foram bem marcantes.

Ele comparou vários indicadores econômicos, como o crescimento do PIB, analisou a inflação no período, a evolução do endividamento público, comparativamente ao PIB, e a expansão da divida externa do país em relação à receita apurada com as exportações. E, numa segunda tabela, introduziu alguns critérios como o crescimento econômico, fragilidade financeira, vulnerabilidade externa, entre outros. Ao final, produziu um índice denominado de (IDP), Índice de Desempenho Presidencial, em cuja ponderação todos os indicadores tiveram pesos iguais. E o resultado? O resultado demonstra que o governo FHC foi reprovado. Ou melhor, num faixa de zero a cem, suas notas foram as piores. E as melhores? Você não vai acreditar!

Dentre os cinco primeiros colocados, quatro deles pertencem ao que o professor convencionou chamar de “herdeiros de Getúlio Vargas”. Eurico Gaspar Dutra, Café filho, Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros. Os lanterninhas foram José Sarney, Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso. Ressalte-se que Sarney, cuja administração conviveu com inflação em torno de 80% ao mês, está melhor colocado que FHC, o pai do Plano Real. É de espantar! E você ainda não viu nada! A conclusão desse paradoxo, segundo o prof. Reinaldo, estaria no fato de que “a estabilidade econômica não garante, sozinha, uma boa performance”, ou seja, é preciso avançar mais: retirar o país da estagnação e iniciar o processo de desenvolvimento. E o Fernando Henrique ficou enrolando na questão da estabilidade. Que, por sinal, não está garantida. É verdade.

E afinal, quais foram as notas? Bem, a maior nota, 100 pontos, no desempenho geral, ficou com o Eurico Dutra. Em segundo, com 89,2 pontos, Café filho.Depois o General Médici, com 90,2 pontos, em seguida veio Juscelino que obteve 87,7 pontos, e, em quinto lugar, Jânio Quadros, com 84,1 pontos. E FHC? Foi o lanterninha. Obteve 27 pontos. Nota mais do que vermelha. Um mau exemplo para ele que é professor. Foi reprovado com louvor.

É trágico. E o professor tem razão quando concluiu, da análise que fez da pesquisa, que é muito difícil imaginar uma distribuição de renda democrática com um quadro como o atual, com grande vulnerabilidade externa, uma dívida interna explosiva e enorme fragilidade financeira. Isso é verdade. Mas a imprensa pouco fala a respeito. Parece que parte da mídia é conivente com estes fatos. Sempre foi assim Há interesses por todos os lados. Infelizmente, só não há muito interesse em resolver os problemas do povão.

Mas você falou que os melhores presidentes, dentre os cinco melhores, são da era Vargas. Por quê? Foi esse o resultado da pesquisa. A pesquisa, segundo o professor, comprova, de certa maneira, que não se pode negar a visão modernista e avançada, do ponto de vista econômico e social de Getúlio Vargas. Ele cita, por exemplo, dois feitos fundamentais para qualquer governante: a estruturação do Estado e a negociação da dívida externa, em bases mais sólidas e sem declinar de nossa soberania. É mesmo! Não foi nessa época que criaram o DASP? O Departamento Administrativo do Serviço Público? Exatamente. A partir de então, criou-se as bases para a formulação de uma equipe de técnicos, altamente capacitados, para conduzir as questões relacionadas com o orçamento e finanças da União, controle e fiscalização do material e patrimônio público, e, sobretudo, a seleção, pela via do sistema do mérito (concurso público), a capacitação e a profissionalização dos recursos humanos disponíveis. Mas, e o que aconteceu no governo FHC?

Acabaram com o DASP. O orçamento passou a ser elaborado no Ministério do Planejamento e discutido no Congresso Nacional. Introduziu-se o componente político. E, com ele, as divergências de interesses nem sempre voltados para os reclamos da sociedade. O Planejamento e o Orçamento virou um Ministério. Todo mundo dá palpite. E o resto nós já sabemos. Vieram os anões do orçamento, que não existia no tempo do DASP. Deixaram de dar aumentos ao funcionalismo público. O que é inconstitucional. Os concursos foram descentralizados e começaram a pipocar as denúncias de fraudes em processos seletivos. Favorecimentos. Nepotismo.

E tem mais: acabaram com o IBC, IAA, SUDENE, SUDAM, SUDEPE, enfim, órgãos que tratavam da política e diretrizes para o café, o álcool, desenvolvimento do nordeste e parte de Minas e Bahia, regiões mais pobres do país, da Amazônia e das atividades pesqueiras. E no lugar? Nada colocaram. As funções foram extintas com os órgãos. ! É mesmo, cara! Você esqueceu da SUCAM. A Superintendência de Campanhas Públicas de Saúde. Que cuidava das epidemias e endemias. Da febre amarela, da malária, da dengue....por isso que o Brasil vem apresentando aumento dessas doenças. Lembra da dengue? Que bagunça fizeram? E a hepatite? Que agora não é mais somente a do tipo A. Tem a B, a C, e outras mais perigosas que surgiram. Em matéria de saúde andamos prá trás. É mesmo.

Você tem razão. Eu não, a pesquisa!. Pois é. O FHC andou na contramão da era Vargas. Enquanto aqueles organizaram a Administração Pública, estrutura e funcionamento, com objetivos claros e bem definidos, apostando no treinamento e no aperfeiçoamento de sua força de trabalho, no controle e na fiscalização, na elaboração de um orçamento sem a interferência dos políticos, com técnica e seriedade, FHC fez exatamente o contrário: aumentou a vulnerabilidade do país em relação ao capital estrangeiro; desmantelou a gerência do Estado, com a extinção de órgãos importantes; e com as privatizações, arrecadou muito dinheiro, que ninguém sabe quanto, como, quando e nem onde foram empregados esses recursos. Sumiram, simplesmente. E no seu lugar ficou um monte de empresas prestadoras de serviços caros e de qualidade duvidosa; e ainda estão tentando acabar, de vez, com a CLT, as leis trabalhistas, que tantos benefícios trouxeram e ainda trazem para os trabalhadores.

Não há mais controle das ações governamentais. Por conta disso, ou por causa disso, a corrupção anda solta. No tempo do DASP não se ouvia falar em escândalos, quase que semanais, envolvendo desvios de grande soma de recursos públicos. E ninguém, até agora foi preso. Só o ex-Juiz Nicolau. E assim mesmo... deixa prá lá. ...E quem mais foi ajudado neste governo? Os bancos. Isso mesmo! Até quem não merecia, como foi o o caso do Cacciola ou Cacciolla, sei lá!. Que foi mau gestor e ainda levou um bilhão e meio do nosso dinheiro. Do orçamento público. E ainda falam em dar maior autonomia ao Banco Central.

Fico a pensar com meus botões. Que falta faz um homem como Juscelino!...É mesmo. Lembra do que ele fez em 1960, se não me falha a memória? Juscelino rompeu com o FMI, depois que os dirigentes do fundo quiseram impor redução de gastos como condição para a concessão de um empréstimo no valor de U$300 milhões de dólares. Só porque ele chegou a conclusão que tais condições iriam de encontro ao seu Plano de Metas. Imagine só. E hoje o FMI manda e desmanda no Brasil. E já não se fala em milhões. Entramos na era dos bilhões de dólares. Emprestados. Em troca de condições amargas e impostas pelo FMI. Que agravam, cava vez mais, os nossos problemas. E tem gente que ainda bate palma quando recebe mais 30 bilhões em dívidas. E agora a coisa piorou. Os boateiros internacionais e nacionais é que comandam a nossa economia. Até influenciam nas eleições presidenciais.

O Brasil virou boneco de manipulação do mercado. Basta um boato, ou a subida de um candidato de oposição nas pesquisas para o dólar subir. E o Banco Central entra no mercado para torrar grande parte do dinheiro emprestado. Na tentativa inócua de tentar segurar a volúvel moeda americana. E tome mais empréstimos. Sempre com a ameaça indireta de que a política econômica não deve mudar. Esta a razão do pacto sugerido pelo presidente FHC. Já convocou todos os candidatos. Antes mesmo de saber quem será eleito. Prá que o voto? É verdade. O povo, aliás, é que deveria ser consultado antes de pegar estes empréstimos. Através de seus representantes no Congresso Nacional. Que deveriam ter competência para autorizar ou não. Depois de ampla e minuciosa discussão junto à sociedade. Do jeito que está, um verdadeiro cheque em branco, não pode continuar. Muita responsabilidade nas mãos de poucas pessoas. É vulnerabilidade demais.

O Brasil precisa se voltar para o seu mercado interno. Aprender com a China, que soube aproveitar as oportunidades e tomar as decisões soberanamente e corretas na hora de ingressar na economia mundial. “E não pegar carona na locomotiva enferrujada da globalização”, conforme disse o prof. Reinaldo. Até porque, os EUA não são lá essas coisas. Pelo menos não tem dado bons exemplos. Haja vista a onda de fraudes contábeis que estão acontecendo no centro do mercado financeiro mundial. De onde saem os boatos e o cálculo do risco-Brasil, que servem de base para a concessão de empréstimos e manutenção da nossa subserviência aos ditames dessa malfadada globalização de duas vias. Uma mão que leva os dólares para os EUA, em valores triplicados pela especulação financeira, e outra via, que vem dos EUA, trazendo mais dólares para alimentar a fábrica de sonhos de alguns, e a miséria de milhares e milhares de brasileiros.

Domingos Oliveira Medeiros
14 de agosto de 2002













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