NENHUMA FESTA PARA A RAINHA
Lilian Maial
Nenhuma festa para a rainha,
nenhuma.
Sua corte é de relva
sua guarda é de arautos
sua noite é na pedra
o cavaleiro, um centauro.
Nenhuma festa para a rainha,
nenhuma.
Seus súditos são pirilampos
seu séquito, duendes e ninfas
seu candeeiro, relâmpagos,
suas leis, apenas tintas.
Nenhuma festa para a rainha,
nenhuma.
E não precisa fazer trejeitos
ou ordenar sentenças
que feras se curvam cordeiros
apenas por sua presença.
Não, nenhuma festa...
Os sons são cintilantes
nos ventos e na chuva
As cores mais vibrantes
nas árvores, na Lua.
Venham então, entes da floresta
venham organizar delírios
costurar canções de rendas
vencer negros desafios
Venham todos venerá-la
inda que sem pompa
nenhuma festa para a rainha
ela é por si, a nossa sombra. |