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Ensaios-->A Igreja e Seus Inimigos -- 07/07/2002 - 09:58 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A Máscara da Miséria
(Domingos Oliveira Medeiros)

Acredito em Deus. Sou Católico. Mas, confesso, não sou daqueles irmãos que fazem o que deve ser feito. Ir à Missa todos os domingos, por exemplo. Nesse ponto, deixo a desejar. Mas, rezo muito para melhorar. E poder trilhar, com maior fé, os caminhos traçados por Jesus Cristo. Que são os únicos e os verdadeiros. Porém, não me conformo quando algumas pessoas tentam denegrir a imagem do Catolicismo, baseado em fatos isolados, sem qualquer conhecimento mais profundo acerca do que falam.

Há muitas coisas que se podem dizer da língua, das suas elevações e abismos. São Tiago assim escreveu: “Com ela (com a língua) bendizemos o Senhor nosso Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. De uma mesma boca procedem a bênção e a maldição. Não convém, meus irmãos, que seja assim! Porventura lança uma fonte por uma mesma bica água doce e água amarga? Acaso, meus irmãos, pode a figueira dar azeite ou a videira dar figos?” E Cristo: “Uma árvore boa não dá frutos maus, uma árvore má não dá bom fruto, porquanto cada árvore se conhece pelo seu fruto.(...) O homem bom tira as coisas boas do bom tesouro do seu coração, e o homem mau tira coisas más do seu mau tesouro, porque a boca fala daquilo de que o coração está cheio.” (Lc 6, 43-45).

“Mostra-me a língua, e eu te farei ver o teu coração, porque as tuas palavras - com as suas mil tonalidades, cargas, intenções e acentos – são um retrato falado do teu coração: dos teus sentimentos mais íntimos, das tuas purezas e sujidades, dos teus tesouros espirituais e das tuas carências lastimáveis”. Por isso, é sempre bom lembrar se nossas palavras, no dia a dia, constroem ou destroem. Quando as palavras têm suas raízes presas ao amor, estas palavras são sempre fecundas.

Também a língua é um fogo. Existem fogos que purificam e existem fogos que destroem. E há a chamada “língua ociosa”, da palavra inútil, vã, conforme Mt 12,36. Mas a palavra humana deve ser sempre cordial, afetuosa, que alegra e que traz consigo“a carga positiva do amor”.

Já as chamadas “palavras ociosas” são as palavras gastas, formais e sem vida, gélida e cansativa, e até aquelas palavras pronunciadas em família, “quando o amor ou a amizade já se tornaram um ruína decadente. Por isso, ou por causa disso, casa vez se usam menos palavras na comunicação. E isso acontece, principalmente, porque “há no interior dos homens pouca riqueza de idéias, valores, reflexões, sentimentos e ideais. No mundo materialista predomina o egoísmo, o império do nada, como na “História sem fim de Michael Ende, que tudo se devora e reduz a si mesmo : a nada!

“Nada engana com a força e uma autoridade tão terrível como a verdade mal dita”. A mistura de verdade e de erro produz, na boca do mundo, efeitos desastrosos”.

A Igreja, naturalmente, tem seus princípios e suas crenças. E, como qualquer outra religião, empresa ou pessoa, luta para defendê-los. A Igreja é composta por seres humanos. E, por isso, ela é passível de erros. Melhor dizendo, a Igreja, em si, não erra. Os erros são das pessoas, em determinadas circunstâncias. Não há segredo nisso.

Mas não devemos usar esses “erros” para denegrir a imagem da Igreja ou a ela creditar tais desvios de conduta, digamos assim.

Assim, não se pode condenar o fato de representantes da Igreja, em determinado momento, posicionar-se contra esse ou aquele tema. Nem pode a Igreja “impor” tais condições a qualquer adepto de outra religião.

O Aborto, o divórcio, os anticoncepcionais e a união de pessoas do mesmo sexo, vão de encontro ao pensamento Cristão da Igreja Católica e de tantas outras religiões. E tem lá suas razões. O aborto, da forma como vinha sendo praticado, à revelia da medicina, além de perigoso para a vida da paciente, tornava-se um estímulo para a prática do sexo pelo sexo, sem a responsabilidade pelo nascimento de mais um ser humano. Era, ainda, um crime, praticado contra a própria humanidade. A questão do divórcio, ou bem ou mal, coaduna-se com o conceito de família indissolúvel que tem a Igreja. Os anticoncepcionais caminham na mesma direção. Na verdade, a inobservância dessas posições defendias pela Igreja é´que levaram a nossa sociedade para a situação de risco em que se encontra..

A família tem sido cada vez mais deixada de lado. Há inúmeros problemas de filhos que, na prática, não têm pai e nem mãe. E que por isso, com raras exceções, transformaram-se em pessoas mais vulneráveis e menos segura em relação à vida. A pornografia, a falta de amor, no sentido amplo do termo, trouxeram as doenças das carências e das psicoses. A AIDS tomou proporções alarmantes. E com ela vieram os “remédios” do mundo global: a bebida, o fumo e as drogas. A tristeza, a indiferença e a insensatez. Em alguns casos, perdeu-se o senso de ridículo. E com as drogas vieram a descrença e a inobservância de regras de conduta ética e moral.

E as pessoas começaram a procurar saídas. Verdadeiras “fugas”ou “abrigos” em falsas religiões e em seitas enganosas. Tornaram-se, assim, dependentes dos outros e escravas de si mesma. Perderam a liberdade. Ou melhor, trocaram a verdadeira liberdade por uma falsa liberdade. Que lhe prende e lhe tolhe as ações. E, desesperadas para conseguir um meio de justificar o injustificável, travam uma luta interna, inconsciente, e vivem atirando pedras em quem procura ajudá-los. Ajudá-los a sair da escuridão em que se encontram. Ajuda cada vez mais difícil de se concretizar. Pois estas pessoas vão enfraquecendo seu corpo e sua mente. E ficam sem forças para reagir.

Católico não costuma dar opinião sem ser consultado. Mas, quando insultado, injustamente, faz como Cristo: empunha o chicote da sensatez para afastar da Igreja os que tentam “roubar” ou “deturpar” a boa fé dos cristãos. Católico não tem o direito e nem exerce qualquer ingerência em relação às outras religiões. E a Igreja não obriga a quem quer que seja seguir suas próprias convicções religiosas. E muito menos tem o poder de aprovar ou não as leis deste país. Mas, como faz todo mundo, é livre para pregar a palavra de Deus e defender o que acha certo para seus seguidores. Aliás, como tem feito todas as pessoas e organizações que dizem acreditar em “seitas” que nem sequer existem.

Mas, não me canso de repetir: Deus é misericordioso e não tem pressa. Sempre que a pessoa chega ao arrependimento, basta pedir-Lhe que ele estará disposto a perdoar.

Francisco Faus, o autor de livro que serviu de base para este texto, em outro livro, também de sua autoria, intitulado “A Sabedoria da Cruz, cita uma história muito interessante, da leu obra “O Espelho”, de João Guimarães Rosa, a seguir resumida:

“O protagonista da história empreende a aventura de descobrir o seu verdadeiro rosto. (...) Tenta depurar a sua figura de tudo que é superficial, animal, passional e espúrio, e acaba não vendo nada. (“Eu não tinha formas, rosto?”). Prosseguindo na experiência, só mais tarde, ao fim de uma ocasião de sofrimentos grandes, quando já amava – já aprendendo, isto seja, a conformidade e a alegria, é que começou a ver-se como o esboço inicial de um menino que emergia do vazio, isto é, viu o seu rosto verdadeiro que começava nascer. No final da estória, o protagonista pergunta-se: Você chegou a existir?”

Para finalizar, Santo agostinho lembra que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, e que o pecado “deformou” essa imagem e apagou a semelhança. Isso, “ajuda a compreender que a formação cristã não se limita ao conhecimento da verdade, da doutrina – “ler, estudar, aprender” – mas exige um trabalho de purificação - “de limpar, de extirpar, de endireitar, de podar o que procede do egoísmo, para podermos “arrancar a triste máscara que forjamos com as nossa misérias”.

Domingos Oliveira Medeiros
Repr. De 19-05-2002




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