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Ensaios-->32. DESAFOGO -- 28/06/2002 - 06:00 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Um pouco mais e o liberamos por hoje. É bom sabermos que temos uma pena sempre disposta ao atendimento, de forma a concretizar o ato mediúnico, de maneira salutar para os amigos desencarnados.

Aos poucos, vamos aprendendo a manipular as energias, de forma que o trabalho vai apresentando-se cada vez mais promissor. Eis-nos aqui, hoje, para ditado curto, consentâneo com a promessa que fizemos da liberação do médium, que se sente fatigado por não ter tido descanso conveniente nestes mais de dois anos seguidos de psicografia.

Vamos ter de reavivar-lhe a memória, pois insiste em permanecer à disposição, mesmo que seja para ir escrevendo só que lhe extraímos do inconsciente, tudo a que está muitíssimo acostumado.

Ultimamente, os companheiros sofredores têm-lhe esgotado os fluidos, mas, mesmo assim, renitentemente, reiteradamente, insiste e persiste, inutilmente para os que desejam desviá-lo do mister, a oferecer-se para o trabalho.

Ainda há pouco esteve lendo obra que o interessou sobremodo. Por que não volta à leitura, deixando-nos à vontade para prosseguir no que vínhamos fazendo?

Os amigos que para cá nos trouxeram impacientam-se conosco, achando que estamos perdendo precioso tempo e excelente oportunidade para melhorar. Pois nós não pensamos do mesmo modo, já que muito aprendemos com as perturbações que provocamos nos médiuns, uma vez que ficamos sabendo que grandes santarrões eles são. Não encontramos jamais alguém de que pudéssemos dizer:

'Esse, sim, é um camarada superior, dotado das virtudes que apregoa.'

O amigo aqui é metódico e volta sempre no mesmo horário. Agora, estamos sendo impedidos de prosseguir, pois nos dizem que é falta de civilidade tentar revelar as pequenas mazelas que fomos capazes de observar. Certamente, não primamos pela perfeição do procedimento, mas também não temos grandes responsabilidades diante do conjunto dos seres existentes.

Só de vez em quando nos vimos investidos de funções ou de cargos superiores, de modo que de nossas atitudes muitos dependessem. Devemos dizer que nos saímos relativamente bem, apesar de, a bem da verdade, por várias vezes, termos falido completamente, pois desejamos aproveitar-nos das condições favoráveis para lucros pessoais.

Vejam que estamos delatando-nos claramente, não porque quiséssemos mas porque o pessoal daqui não aceitou que nos disséssemos maus e, ao mesmo tempo, pespegássemos alguns safanões em outras pessoas. Disseram que não estávamos aptos moralmente, com o que devemos obrigar-nos a concordar.

A nossa malícia é muito superficial diante da forte argumentação que nos é apresentada, de modo que pouco irá sobrar para dizermos, a não ser contar casos, o que, de resto, nos parece absolutamente inócuo para os fins visados, com a iniciativa de nossa condução até este trabalho mediúnico. Sabemos das vantagens que os leitores poderão obter da exemplificação, mas achamos que existem casos muito mais significativos e interessantes. Insistem em que relatemos algo para bem caracterizar nossa atividade na última encarnação e que nos propiciou o fato de estarmos vagando sem rumo pela erraticidade.

Pois fomos meros açougueiro. Vendíamos partes dos animais e o fazíamos com bastante consciência de que o peso deveria corresponder exatamente às medidas oficiais.

Vemos que o mediador se mexeu na cadeira, interessado em saber se nos foi penoso reconhecer que a morte dos animais poderia onerar nossa expiação. Pois, para seu gáudio, podemos dizer que refletimos muito a respeito da alimentação carnívora, depois que vimos a nossa carcaça ser devorada pelos vermes.

Durante o encarne, jamais nos ocorreu que poderia haver algo de ruim em abater as diversas qualidades de animais comestíveis. Parecia-nos que tudo se estruturava de acordo com os princípios insertos nas leis superiores do Senhor. Nunca, portanto, nos sentimos diminuídos por estar constantemente com as unhas sujas de sangue.

O que nos magoou, no princípio da estada na erraticidade, foi o fato de termos deixado várias pessoas perecerem de fome no país, enquanto nos desfazíamos de muitas peças para obter lucro maior. Era assim que fazíamos lingüiça e que doávamos a pessoas de nosso relacionamento mas não cedíamos no preço às entidades que nos procuravam, dizendo que não tinham fundos suficientes para a compra das quantidades de que necessitavam.

Esse foi o nosso tremor: o de que deixamos de atender às pessoas. Não nos aterrorizou o fato de estarmos a manipular os cadáveres, embora, posteriormente, nos ocupasse o cérebro tal preocupação.

Se há correlação entre o nosso atraso de vida e o fato de termos desconsiderado esse aspecto da piedade e da misericórdia, não sabemos explicar. Vamos deixar isso a para os filósofos e os cientistas. Nós só sabemos que não nos dá vontade de retornar à Terra na mesma condição, pois sentimos uma como que repulsa íntima pelo que fizemos. Por certo, haverá meio mais eficaz de ganhar a vida.

Agora que estamos desenvolvendo estes tópicos, sem muita coerência mas elucidativos da personalidade, estamos adquirindo maior confiança. É interessante perceber o temor que se sente diante da novidade, bem como a segurança que nos dão estes irmãozinhos, pois a escrita vai aparecendo e não nos parece que os assuntos não apresentem importância, para quem deseje estudar os irmãos sofredores, segundo a atividade profissional.

O que está a estranhar o amigo médium — desculpe-me esta última referência às suas vibrações — é que lhe parece que está havendo contraste entre a rude função que exercemos com o jeito de nos manifestar, pois as frases lhe parecem estar bem concatenadas, a ponto de nos atribuir certa inteligência, certa facilidade conceitual. É que não fomos meros donos de açougue. No começo, sim, pois herdamos de nosso pai — meu irmão e eu — pequeno estabelecimento comercial. Mas expandimos os negócios, a ponto de estabelecermos rede de lojas, onde a venda de carne foi tornando-se até secundária. Mas o que me ficou mais fortemente impregnado na mente foi o período em que, pessoalmente, procedia ao corte dos animais, que eu mesmo escolhia no curral, uma vez que tinha acesso às fazendas dos pecuaristas.

É difícil para nós deixar de dizer que chegamos a possuir muitas cabeças e que fomos também criadores de gado de corte. Não pretendíamos tanto, pois parecia-nos que dificilmente se poderia chegar a tais revelações. De qualquer forma, respondendo à questão proposta pelo amigo, podemos dizer que cursamos uma faculdade, não tendo concluído o curso. De qualquer maneira, ficamos com o hábito das leituras e obtivemos verniz cultural, uma vez que não podíamos fazer feio junto aos demais fazendeiros, congregados para o desenvolvimento da pecuária. Agora, vemo-nos coagido a dizer que não voltamos para o etéreo tão inocentes. É que, por várias vezes, nos vimos à testa de empreendimentos grandes, incluindo frigorífico e industrialização da carne, onde desrespeitamos os direitos dos empregados, recebendo a maldição de muitos deles, pela ferocidade com que os tratávamos.

Não vemos como este escrito tão irregular vá poder servir de exemplo do que se não deve fazer na vida, mesmo porque são pouquíssimos os indivíduos em nossas condições, pois nós mesmos nada líamos que viesse do espiritismo. Sendo assim, pretendendo fugir ao desgaste das rememorações inúteis, solicitamos a comiseração deste povo, para que nos seja permitido sustar a nossa participação.

Sabemos que estamos endividados e prometemos compor-nos diante das recriminações que nos serão feitas, mas não gostaríamos de correr o risco de sermos reconhecidos pelos mortais, cujas péssimas vibrações nos perseguiram na erraticidade.

Pedimos, humildemente, perdão pelo transtorno que provocamos e reafirmamos que não somos superiores, deixando de manter, contudo, a afirmação de que não conhecêramos ninguém que merecesse consideração. Várias pessoas vimos atuando com amor, só que nos causavam profunda inveja. Por isso é que não nos púnhamos em condições de análise de sua verdadeira personalidade.

Outro ponto que temos a destacar é o fato de que não fomos tão puro e ingênuo quanto a descrição de nossa personalidade possa fazer supor. Houve crimes e haverá castigos. Eis tudo.

Para encerrar, devemos dizer que o título que demos a este escrito foi-nos sugerido pelos irmãos que estão a nos amparar, mas que, neste momento, passa a ter significado forte para nós, pois nos sentimos bastante desafogado das pressões mentais que sentimos desde que viemos para este lado, há bons anos passados. Querem que definamos o número deles, mas para nós esses quatro anos pareceram quatro séculos.

Fiquem todos com o Senhor e saibam que muito agradecemos o incentivo que recebemos para reformular a maneira de pensar. Estão a nos dizer que muitos quatro anos passarão até que nos compenetremos da verdade do Cristo, mas que, se nos esforçarmos por compreender a existência, poderemos abreviar o tempo da mesma forma que nos pareceu estender-se indefinidamente. Tudo o que ocorre, dizem-nos, está em função do que se passa dentro de nós. Muitas vezes, refletimos a respeito disso, mas só agora parece que tais pensamentos estão a ganhar sentido.

Oremos, amigos, em conjunto, para que tudo se realize segundo a vontade do Senhor.


Comentário

O assistido não nos apresentou, de fato, qualquer novidade marcante de caráter, à vista das atividades na vida. Entretanto, pedimos vênia para lembrar aos leitores que as atitudes foram determinadas pela norma de conduta mais habitual entre os encarnados e que, nem por isso, chegou ao nosso lado em condições de receber, de pronto, a assistência dos socorristas. Estamos a afirmar que nem sempre o que parece acertado e justo entre os mortais é o que se lhes requer do ponto de vista evangélico.

O drama do amigo passou por diversas etapas, terminando pelo reconhecimento das próprias falhas. Quanto não adiantaria na caminhada, se lhe fosse dado à consciência reconhecer antes os péssimos atributos da personalidade, a tempo de reformulá-los. É esse o nosso objetivo maior com os exemplos de procedimentos irregulares que temos deixado registrados.

Oremos, com o irmãozinho, solicitando ao Senhor que se façam as luzes nas mentes, em momento propício para o conhecimento das falhas e dos meios de corrigi-las. Ergamos a Deus súplice pedido de misericórdia, mas empenhemo-nos, por nosso turno, em proceder de forma a demonstrar que estamos sinceramente interessados em palmilhar o cominho do Senhor.

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