Usina de Letras
Usina de Letras
52 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62314 )

Cartas ( 21334)

Contos (13268)

Cordel (10451)

Cronicas (22541)

Discursos (3239)

Ensaios - (10400)

Erótico (13576)

Frases (50700)

Humor (20050)

Infantil (5472)

Infanto Juvenil (4792)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140835)

Redação (3311)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6219)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Ensaios-->O FUTURO DO PRESENTE É O PASSADO -- 10/06/2002 - 20:12 (Edison Gasparim) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O FUTURO DO PRESENTE É O PASSADO

Ele até abriu mais os olhos quando se deu conta do que estava lembrando.
Mais ainda... de quando, no tempo, era o seu pensamento. Ele, aquele ser humano como qualquer outro, agora se sentia acuado querendo fugir de dentro de si mesmo.
Não era justo que eles o viessem perturbar justamente agora! Parecia que sabiam exatamente o momento de trazer memórias há muito esquecidas ou será que nunca estiveram esquecidas? Seriam mesmo apenas memórias, ou uma cobrança de contas antigas como aquelas que nos impõe a vida?
Seguiu pensando, e se viu como uma criança, de tamanha sagacidade que não perdia sequer a oportunidade de ver numa janela entreaberta o que segredava a casa de seus vizinhos quando brincava pelas calçadas.
Um pulo apenas... uma fração de segundo e ele era capaz de decorar tudo o que havia lá dentro; mobília, tapetes, cor do ambiente, decoração e até se havia alguém. Uma curiosidade inata, nele e em todo ser humano, que não fazia mal nenhum a não ser quando, sem se dar conta, atravessou a conversa de sua mãe com uma amiga e revelou: —“A mulher daquela casa grande lá da esquina tem um piano, mas ninguém toca!”. Os pais, nessa hora, só cobram os princípios da boa educação e foi preciso muita explicação e algumas mentirinhas para escapar do castigo.
Foi um preço bem pequeno pago por ter uma mente ativa capaz de construir com tudo que vê uma base para forjar no futuro sua capacidade e valor como ser humano.
Mas ele se via apenas como uma criança curiosa e travessa que não usou, naquela época, essas lembranças de agora. — “Bah! É coisa do passado mesmo, que mal há nisso, agora? Assim como veio, vai embora... num piscar de olhos!”
E aquele ser piscou. E ao abrir novamente os olhos continuou a enxergar a si mesmo porque não se deu conta de que se via com os olhos da alma.
E seguiu pensando o que havia naquela figura parada num canto do sofá, olhando para uma televisão ligada sem saber o que assistia... dentro de uma sala cheia de coisas, numa casa enorme, herdada é claro, da qual ele sequer conseguia se lembrar onde guardava a tesoura.
Aquela inanição pareceria eterna não fosse uma luz furtiva que, riscando rapidamente o chão, atraiu sua atenção para a janela. Janela que agora permanecia fechada.
Situações invertidas, pois agora, ele nem abria nela uma fresta. Perdeu sua curiosidade, e não aproveitou para construir à sua frente a sua própria história. Preferiu viver na história dos outros e tudo na sua vida ficou valendo só metade. A primeira metade, a metade dos outros, das coisas dos outros que ficaram com ele.
Uma vida ao meio, um soneto sem a rima final, uma bela canção cuja partitura foi cortada...
— “Ah! me lembrei onde deixei a tesoura! Em cima do piano”. aquele mesmo piano que sua mãe comprara da vizinha da casa grande da esquina.
Lembrou um pouco tarde, das oportunidades que a vida lhe ofereceu e que se foram com aquela restia de luz que atravessou a janela. A calçada da rua, o burburinho do mundo exterior o chamaram por longos anos mas ele não seguiu, não ousou, e isso agora veio como um turbilhão... Ele mesmo trazido por um companheiro seu de muito tempo que tomara o seu lugar, ocupara o seu espaço e lhe ditou todas as regras erradas da direção de sua vida.
Mas quem era essa companhia que até então não havia se revelado? E como se escondeu tão bem que nunca foi visto?
E seguiu pensando que olhava para dentro de si mesmo e ali viu, muito bem instalado, com um falso ar de maestria, o CONFORMISMO.
Pensou que para isto também poderia dar um jeito, e então determinou.. “De de agora em diante tudo seria diferente, que o que passou, passou e que veria a vida com novos olhos”.
E piscou novamente!
Abriu os olhos e lá estava ele outra vez... barba por fazer, porque a pessoa que cuidava disso ainda não havia chegado. Mas o que lhe incomodava era sua imagem, não a sua aparência.
Uma imagem que ele via no vidro da janela de um hospital dentro de um quarto que ele já sabia tudo o que havia, até mesmo antes da última reforma.
O passado lhe oferecera batalhas interessantes com oponentes valorosos que mesmo derrotando-o teriam acrescentado algo mais à guerra da sua existência.
E agora, no presente, luta desesperadamente contra forças poderosas e capazes de lhe possibilitar o esquecimento total, na hora de fechar-lhe os olhos.
Edison Gasparim - maio de 2002


UM HOMEM, UMA VONTADE E UM CAMINHO Dê vazão à sua vontade e veja o que és capaz de contruir.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui