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Artigos-->Contas da Razão: o prefeito, a imprensa e o IPTU -- 10/07/2011 - 03:31 (Joel Ribeiro do Prado) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quando Jânio Quadros foi prefeito de São Paulo, nos anos 80, houve uma reação avolumada da imprensa à decisão dele de cobrar sem parcelamento e sem exceções de nenhum tipo o IPTU. Pelos jornais as críticas a Jânio foram se tornando extremamente ásperas e, à medida que o prefeito não tomava conhecimento delas, os seus oponentes passaram da oposição legítima para o insulto à pessoa. Eu, que não tinha interesse especial na forma de pagar o tributo, acompanhava o caso, mais pela curiosidade de saber onde a exacerbação dos ânimos levaria a que dessem com os seus burros os que partiram para a briga pessoal com o alcaide.



Jânio, como poderiam suspeitar os mais perspicazes ou os que melhor lhe conhecessem o gênio, já então mais fermentado pelo tempo de confinamento pós-renúncia, em Corumbá, tornara-se alérgico a tudo que pudesse representar mais uma desistência sua, em qualquer situação.



Deixada a correr pelos trilhos do destempero a busca do parcelamento, jamais a ele se chegaria, o que viria a ser um golpe de misericórdia nos que, depois de terem sido, num momento raro, capazes de possuir uma moradia de bom padrão, fossem já decaídos ou decadentes cidadãos pelo tobogã da (im)previdência social, que a política folgazã tratou de instalar no play-ground da terceira idade e no dos incapacitados.



A exemplo dos automóveis, que são seriados segundo o acabamento e os acessórios que tragam, as pessoas da série normal trazem de fábrica um tal freio a senso, que é capaz de evitar que a gente quebre a cara nos muros da intransigência, coisa que os da série básica não possuem e os da especial nunca acionam, já que estes são providos de um requinte de segurança a que eu chamo imunity-bag, com o qual a tecnologia de ponta brasileira deu um vareio de esperteza no inventor do air-bag. Pensando nisso, eu que sou da serie normal, mas com algumas adaptações úteis, resolvi testar o meu modesto engate, que é também de fábrica, mas que tem alguns reforços de diplomacia, adquiridos por aí, nas oficinas da vida.



A singularidade nunca esteve presente no tom e no estilo dos jornalistas que queriam de Jânio o parcelamento do IPTU. Muitos deles pareciam unidades daquela tal série básica que, não trazendo de fábrica o freio a senso, acabavam destrambelhando-se pelo declive do insulto, imaginando assim poder mudar a decisão do prefeito.



Jânio tinha um apuro lingüistico a que se sobrelevava, na percepção popular, o sotaque inusitado. A sua oratória denunciava-lhe o culto à singularidade. Assim, havia nela uma sugestão de que a sua rebeldia poderia ser aplacada pela eloqüência que lhe distraísse o instinto ditatorial. Por ser assim, já o título ou referência da minha missiva deveria ser capaz de hipnotizá-lo ou, senão tanto, de interessá-lo na mensagem.



Quem sabe, pensei, eu consigo rebocar para longe desse imbróglio a questão... Apanhei uma folha de papel e, automaticamente, lancei nela a expressão pedestal da carta que mandei a Jânio Quadros:



Contas da Razão



Feitas as premissas laudatórias, que ego de poderoso é, em controvérsias, coisa a se amansar de entrada, afirmei, arvorando-me porta-voz do povo, que nós, os munícipes, bem sabíamos das dificuldades que ele enfrentava como administrador de uma cidade complexa como São Paulo. Patatipatatá, a minha cartinha chegou àquele ponto em que o convencimento teria de se dar com a ajuda de um malabarismo verbal capaz de agradar aquele que era um aficionado da eloqüência. Então escrevi: ...Nós, que sabemos a razão das suas contas, temos certeza, ilustre Prefeito, de que V.Exa. fará ao cabo as contas da razão. E, em as tendo feito, possibilitará aos menos aquinhoados de hoje o pagamento parcelado do IPTU.



A minha carta seguiu. Não me veio outra em resposta, mas o IPTU foi parcelado.



Passados uns dois anos, numa conversa com o Éder Jofre, no seu gabinete na Câmara Municipal, falei-lhe daquela carta. Para minha surpresa, o Éder me afirmou que Jânio Quadros havia comentado com ele o recebimento da mesma e a sua disposição de atender o pedido nela contido.



Fico pensando na força das palavras e na dificuldade que existe, numa cidade cosmopolita como São Paulo, para se preservar uma língua tão rica como a portuguesa.



E-mail do autor: joelprado@columbiamarcas.com.br

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:: COMENTÁRIOS ::







Trabalhei com O Joel na Editora Abril nos anos setenta. Naquela época era com prazer e alegria que líamos seus relatórios de viagens. A descrição que fazia de cada cidade nos transportava ao local como se tivéssemos também passado por lá. O Joel tem melhorado ainda mais com o tempo. E aquela jornalista: Janio, uma entrevista! Janio não senhorita, Dr. Janio! Intimidade gera duas coisas, falta de respeito ou filhos, e nenhuma das situações eu desejo viver consigo.



[ Enviado em 16/12/2009 por roberto vassão - rvassao@yahoo.com.br ]









Já mandei o comentário, Joel, em todo caso, parabéns. laruccia



[ Enviado em 29/10/2009 por Modesto Laruccia - modesto.laruccia@hotmail.com ]









Capasso, perguntaram para o Jânio por que ele bebia e ele respondeu: Bebo por que é líquido, pois se fosse sólido, comè-lo-ia.



[ Enviado em 28/10/2009 por Laércio da Silveira. - laesil@hotmail.com ]









PREFIRO O JEITO " ETÍLICO" DO VEREADOR, DEPUTADO, PREFEITO, GOVERNADOR E PRESIDENTE SR.JANIO DA SILVA QUADROS, DO QUE ............... ETÍLICOS, VEREADORES, DEPUTADOS, PREFEITOS, GOVERNADORES, SENADORES E PRESIDENTE ATUAIS. E SE ELE FOI O CULPADO PELA DITADURA, COISA QUE NÃO CORRESPONDE AOS FATOS, VIVA O JANIO! FORTUNATO MONTONE



[ Enviado em 27/10/2009 por FORTUNATO MONTONE - fortunapule@hotmail.com ]









Jânio viu o carro de meu ex. Sócio em cima da faixa de pedestre e mandou multa-lo. Já o meu vizinho Araujo, ia saindo com o carro que estava estacionado. Quando ele viu que um carro ia passar, recuo o seu, para que tal carro passa-se. Era o carro de Jânio. Ele mandou o motorista parar, desceu do carro e foi cumprimentar Araujo, e disse: - O senhor é um bom motorista. Parabéns. Esse era o Jânio.



[ Enviado em 27/10/2009 por Mário Lopomo - mlopomo@uol.com.br ]









O SR. JANIO(JA NÂO ERA PRESIDENTE) FOI PADRINHO DE CASAMENTO DA MINHA PRIMA. ELE TOMOU SOZINHO EM POUCO TEMPO UMA GARRAFA DE WODKA. TODA MOÇA QUE PASSAVA PERTO DELE ELE PEDIA UM BEIJINHO. ACHEI UMA ATITUDE RIDICULA POR PARTE DELE; DEVEMOS A DITADURA, A SR. JANIO DA SILVA QUADROS.



[ Enviado em 27/10/2009 por joao claudio capasso - jccapasso@hotmail.com ]









Caro Joel, o seu malabarismo verbal é de um apuro linguístico tal, que o nosso então alcaide se sobrelevaria à exacerbação de qualquer possível ânimo alterado pela sua singular missiva. Parabéns e sinceros amplexos.



[ Enviado em 27/10/2009 por Márcia Sargueiro Calixto - marciascalixto@hotmail.com ]









NOSTÁLGICO EPISÓDIO NA VIDA DE UM GRANDE POLÍTICO, AMANTE DA BOA DICÇÃO E DA BELA ESCRITA. PARABÉNS, JOEL. laruccia



[ Enviado em 27/10/2009 por Modesto Laruccia - modesto.laruccia@hotmail.com ]









Sr.Prado, muito educativo o texto. Utilizar a língua como arma! Destarte as aleivosias, achincalhes e vitupérios prolatados pelos cidadãos unidos num mesmo eito, não lograram êxito. E viva a língua. Parabéns. Bernardi.



[ Enviado em 26/10/2009 por Ernesto Bernardi - ernestob1144@gmail.com ]









Meu filho, médico e já falecido, certa vez parou o carro no farol e sobre a faixa de pedestre. Ao lado estacionou o carro do prefeito Janio. Abriu a janela e admoestou: O senhor será multado, pois parou em cima da faixa! E, meu filho: - O senhor também parou! E o Janio: - Tem razão. Capitão - dirigiu-se ao motorista - multe o rapaz e depois, multe-se! Concordo com você, Joel, o Janio Quadros era um democrata perfeito, que escutava as pessoas e levava em consideração o que elas diziam.



[ Enviado em 24/10/2009 por Larry Coutinho - Lary.Coutinho@Terra.com.br ]









Caro Joel, esse diálogo do Prefeito com Eder Jofre, deve ter sido regado à whisky escoces.Juizo homem.Rubens



[ Enviado em 24/10/2009 por Rubens Ramon Romero - rrubensrr@bol.com.br ]







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