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Artigos-->Simples anotações sobre Bandeira -- 05/07/2011 - 16:14 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


           Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho,  nasceu no Recife, no dia 19 de abril de 1886, na Rua da Ventura, atual Joaquim Nabuco.   Dividiu a infância e a adolescência entre o Recife e o Rio de Janeiro, por conta do trabalho do pai,  engenheiro.  Antes de se tornar poeta,  Manuel Bandeira passou por uma experiência transformadora,   perto dos seus dezoito anos, fato destacado por todos os biógrafos do autor:  o encontro com a tuberculose.  A partir daquela data, final de 1904, Bandeira conviveu com a certeza de que a morte o encontraria no passo seguinte. Depois de ser desenganado pelos médicos inúmeras vezes, no entanto, Bandeira viveu 82 anos.  Mais de 60 anos de vida vizinha da morte. 

            Teria Bandeira se tornado poeta, não fosse a grave doença?  É bem possível. Seria o mesmo poeta? É improvável.  Somos,  em muito, filhos de nossas dificuldades.  Apesar dessa marca de vida, e ao contrário do que se poderia esperar, Bandeira não fez sua poesia obscura. Preferiu sempre o simples, não só na vida, mas - e primordialmente - na literatura. 

            Nas palavras dele, em Belo Belo,  “Não quero amar, Não quero ser amado. Não quero combater, Não quero ser soldado. — Quero a delícia de poder sentir as coisas mais simples!”. Tal escolha está em sintonia com os ideais da geração heroica do modernismo brasileiro: o simples, o rápido, o curto. Apesar de modernista referência, o poeta se forjou, após a descoberta da grave doença e durante o retiro forçado das atividades do dia-a-dia, nos versos penumbristas e crepuscularistas, com cuidado parnasiano.  Quem só conhece Manuel Bandeira modernista pode até estranhar: O plenilúnio vai romper... Já da penumbra/ Lentamente reslumbra/ A paisagem de grandes árvores dormentes./ E cambiantes sutis, tonalidades fugidias,/ Tintas delinquescentes/ Mancham para o levante as nuvens langorosas.  Se esses versos forem comparados ao Bandeira concretista da década de 60, a surpresa é grande:  a onda anda / aonde anda / a onda? / a onda ainda / ainda onda / ainda anda / aonde?/ aonde?/ a onda a onda  

            Fábio Lucas escreveu: Bandeira soube “combinar as suas reservas de conhecimento da poesia clássica, neoclássica, contemporânea e a sua prática de composições e gêneros tradicionais a uma dose violenta de modernidade”.  Pode-se tirar disso uma lição para aplicar às nossas vidas: não é necessário negar o antigo para abraçar o novo. Bandeira prova que é possível viver longamente com o melhor dos dois, sem parecer mais esquizofrênico que o normal. 

            O que Manuel Bandeira nos mostra é que não adianta negar o passado, pois se existe um passado, existe dentro de nós. E do interior de si mesmo, ninguém se exila.


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