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Ensaios-->O Povo e a Mídia -- 01/05/2002 - 14:19 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
MASSA DE MANOBRA


Há um paradigma (uma verdade aparente) segundo o qual o povo tem sido tratado como massa de manobra por parte da mídia, de modo geral. Na verdade, a imprensa tem usado e abusado do seu poder de influência e de instrumento de formação de opinião. Em muitos casos, até mesmo para atender a interesses escusos e inconfessáveis, que não o da informação, pura e simples.

Essa atitude, de jogar com a opinião alheia, não se restringe à imprensa. No mundo da moda, por exemplo, ela se faz muito presente. Aqui, a busca é constante no sentido de criar e impor comportamentos, atitudes e idéias, com interesses sabidamente econômicos. Visa-se, tão somente, o lucro. É aquela história que os especialistas em marketing costumam chamar de “criar um consumidor”.

E a grife do momento tem endereço certo. Endereço que se escreve com duas letras. Duas letras iguais. As letras BB. A sigla BB, portanto, está ditando a moda. Está “fazendo a cabeça” da sua população-alvo.

Não faz muito tempo, esta sigla significava futuro garantido. Principalmente para uma classe de brasileiros que não tinham interesse em cursar uma universidade. E sonhar um pouco mais alto. O sonho ideal dos s jovens daquela época era o de ser funcionário do Banco do Brasil. E todos participavam dos concursos que eram realizados no país inteiro. Começava a era da sigla BB, que iria tomar conta da moda até os nossos dias.

Pessoas ditas “emergentes”, que por qualquer motivo ganharam muito dinheiro e que, só por isso, ingressaram no mundo da elite da sociedade, passaram a ser as principais vítimas da sigla BB. E hoje estão voltadas para a realização de chás de caridade, de doações e de esmolas para os mais necessitados. Incluindo os animais. Principalmente os seus. Que mudaram de vida. Hoje, esses animais, geralmente cães e gatos, possuem todo o tipo de assistência médica e odontológica, de fazer inveja a qualquer ser humano, mesmo aqueles que tenham planos de saúde.

Usam roupas de marca, passeiam de avião e comemoram aniversários em grande estilo. E saem, como os donos, nas páginas dos jornais. Nas colunas sociais. O Fred, o cãozinho da fulaninha de tal, está de caso com a Lili, da sicrana de tal. Alguns exemplos de notícias sobre os cães e seus donos. Emergentes ou não.

E os sonhos continuam com a marca da sigla BB. A criançada e os adolescentes deixaram de lado o Banco do Brasil, que parece não oferecer mais tantas vantagens. E passaram a perseguir outros sonhos. Ser um grande jogador de futebol, por exemplo. Ser mais um BB. Ser bom de bola, ganhar muita fama e muito dinheiro.

As mulheres, por sua vez, não perderam tempo. Usaram da beleza de sou corpo, principalmente visto de trás, e entraram de cabeça nas banheiras da TV. Pousam nuas para as revistas masculinas, e passaram a usar o rebolado como arma sensual e de sucesso garantido. Enfim, aderiram a moda BB. E passaram a balançar a dita cuja, mesmo aquelas que não se chamam Raimunda e que, em tese, não seriam boas de BB.

E os homens? Ficaram só no futebol? E os que não sabiam jogar bola? Bem, estes optaram pela música. A música que está na moda. Ou seja, a música que não precisa que seu praticante entenda de música. Nem que saiba tocar razoavelmente algum instrumento. Também não precisa ser afinado. E a letra nem se fala. Basta gritar qualquer coisa e a mídia se encarregará do resto. O sucesso é garantido. Em pouco tempo as músicas invadirão as emissoras de rádio e galgará o topo das paradas de sucesso. A pessoa não tardará a ser convidado pelo Gugu ou pelo Faustão para receber o seu primeiro disco de prata. Depois de ouro. E aí ninguém segura mais. Vira estrela internacional. São os que optaram por criar uma Boa Banda. Pode ser de rock, de pagode ou grupo sertanejo. Dá no mesmo.

Mas não fica só por aí. A moda BB abre espaços para todo o mundo. No esporte, tem lugar para os que são bons de basquete, bons de briga (judô, karatê e capoeira), e até na sinuca, os que são bons de bilhar.

E quem se aventurar na política, encontrará no BB um bom parceiro. Basta ser especialista em Blá...Blá..Blá. Mais um B, e pronto, tudo estará resolvido. Já estou vendo até esta pessoa ocupando a presidência da República. Ou o cargo de Ministro da Economia.

E quem não tiver qualquer talento, não precisa se preocupar. É simples. Basta participar do Big Brother para ser um Bam Bam. E o sucesso também estará garantido.

Quanto aos demais (BB) bons brasileiros, aqueles que são mais exigentes, e estão mais bem preparados, e que acreditam no trabalho para ganhar dinheiro de forma honesta, às custas do seus próprios valores, estes terão que esperar um pouco. Pois não há empregos para todo mundo. E sendo assim, estes bons brasileiros (BB) terão que aguardar o resultado das eleições e, quiçá, ao seu final, possam arranjar um emprego e comemorar em qualquer (BB) bom boteco, tomando uma (BB) boa bebida (BB), que está sempre na moda. Afinal, ninguém é de ferro.


DOM 01 de maio de 2002








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