Usina de Letras
Usina de Letras
137 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62069 )

Cartas ( 21333)

Contos (13257)

Cordel (10446)

Cronicas (22535)

Discursos (3237)

Ensaios - (10301)

Erótico (13562)

Frases (50476)

Humor (20015)

Infantil (5407)

Infanto Juvenil (4744)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140761)

Redação (3296)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6162)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Ensaios-->A Propósito de Primeiro de Maio -- 30/04/2002 - 16:13 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A Propósito do Dia do Trabalho

Se é verdade que as empresas (públicas e privadas) e o trabalho, além de complementares, são mutuamente dependentes, fica difícil compreender por que na relação capital-trabalho, as divergências de opiniões são mais constantes do que as convergências, no processo de negociação salarial.

Possivelmente, a razão desta aparente contradição esteja na diferença conceitual, por parte dos empresários, de encarar a remuneração (salários mais vantagens) como despesa, e não como investimento.

Visto o problema sob o ângulo meramente econômico, é fácil compreender que somente o salário do ponto de equilíbrio poderá ser entendido como investimento. E isto porque, no caso de o salário de determinada categoria profissional situar-se em patamares superiores à retribuição de mercado, estará inflacionado. No caso oposto, se inferior aos valores praticados pelo mercado, colocará o empregado desmotivado, sinalizando para uma queda de produtividade em relação ao seu desempenho.

Do ponto de vista social, e desde que o salário seja suficiente para satisfação das necessidades básicas do indivíduo (aqui entendido o salário em termos absolutos), o salário será tido como investimento na medida em que, conjugado com outros fatores (planos de saúde, política de desenvolvimento e aperfeiçoamento profissional, cesta básica, por exemplo) conseguir plena motivação do trabalhador.

O problema transcende, portanto, aos aspectos de ordem meramente econômico, encontrando solução adequada no contexto da administração de recursos humanos. Por isso, não faz qualquer sentido o governo anunciar um aumento de R$20 reais ao mês, para o Salário Mínimo. Primeiro porque, em termos absolutos, não se registra grandes alterações no valor de compra do salário que passa de R$180 para R$200 reais.

Depois, logo no segundo mês, com o aumento da inflação, por conta de reajustes de preços de tarifas administradas pelo próprio governo, (caso do gás, da gasolina, da energia elétrica e outros) o poder de compra dos assalariados volta à sua rotina e começa, novamente, a perder a corrida para a inflação. E a medida do governo passa a ser vista como demagógica. Resultado: o governo, no total, gasta muito dinheiro, pensando que está fazendo grande coisa quando, na verdade, além de aumentar seus gastos com os benefícios da previdência, consegue colocar a população contra si mesmo.

Trata-se, portanto, de medida inócua, como se a mão-de-obra fosse equivalente a um produto qualquer. Que precisa ser reajustado. É a lógica econômica do capitalismo. Onde as pessoas não são vistas como pessoas. Mas como coisas. Como números. Como objetos. E, não raras vezes, descartáveis.

O que conduz os homens à luta por melhores salários, tenho dito, não é somente a preocupação pelo dinheiro, em si mesmo, mas, principalmente, pelo que o salário representa como medida de dignidade da função. A falta de interesse do trabalhador pelo seu trabalho, quando reduzido este às condições restritas de um simples meio de subsistência, cria a insatisfação, que conduz à queda da produtividade e acaba desaguando no desequilíbrio das relações humanas. Afetando o indivíduo, a instituição que lhe dá emprego, a família e a própria sociedade para onde, a rigor, devem ser direcionados os frutos do trabalho digno e produtivo.

No âmbito das organizações públicas, típicas prestadoras de serviços, o problema da remuneração assume proporções mais graves, se considerarmos as limitações de ordem orçamentária, e a ausência do lucro, fatores que encurtam os espaços para a negociação.

Negociação, aliás, que dependendo do governante, passa a ser inexistente, a despeito de haver, em relação aos servidores públicos, regras insertas na Constituição que, simplesmente, são ignoradas pelo maior mandatário do país. Além de não reajustar anualmente os salários dos servidores, o presidente ainda se dá ao disparate de conceder aumentos diferenciados, para determinados grupos de servidores que já recebem salários superiores aos demais, aumentando a concentração de rendas, e a discrepância da curva salarial do setor público, e colaborando para a queda da qualidade e da produtividade do setor , que é refletida nos péssimos serviços que são prestados à população.

Não é por outra razão que as filas e o precário atendimento passaram a fazer parte da paisagem dos órgãos de atendimento ao público. Em cada guichet um rosto sempre apressado e mau humorado. O retrato do próprio governo. E no setor privado a coisa não é muito diferente. Até porque, o nível do desemprego está crescendo. Os salários estão baixando. E as defesas dos trabalhadores estão sendo minadas, por conta de alterações na Consolidação das Leis do Trabalho, como se os trabalhadores, principalmente de sindicatos fracos, pudessem competir em igualdade de condições jurídicas e econômicas no processo de negociação com o empresariado.

Tudo isto para dizer que amanhã, Dia do Trabalho, não temos nada o que comemorar. Só resta desejar às famílias dos que estão desempregados que não esmoreçam. Que acreditem em si mesmo e que tenham muita fé em Deus. Continuem na luta pela qualificação profissional e por um lugar ao sol. E recomecem esta luta todos os dias, como se fosse o último. E não esqueçam da única coisa, atualmente, de mais valia que possuem como cidadãos, ops seus votos. Façam bom proveito dele. Saibam escolher quem irá ditar as regras do próximo governo. Com cuidado. Perguntem. Orientem-se. Não vendam seus votos. E não deixem de comparecer às festas comemorativas. Levem suas crianças para participar. Afinal, elas não têm culpa de nada!...


Domingos Oliveira Medeiros
30 de abril de 2002






Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui