... São sempre os mesmos gestos repetidos;
... Até os nossos beijos ao sol-por
... Nos dizem que já estamos vencidos!
----- Na Usina, como de resto em todos os meios de exercício literário, aparecem sempre as 'básculas', que se presumem intelectuais detentores do direito de apreciação (aqueles que designam uma pedra consoante lhes dá na veneta) a intentarem a qualificação dos agentes (alguns conseguem-no), em constante e permanente opinião paradôxal - pagos por Deus - consoante a claridade ambiente lhes bate na estúpida testa. Casos há que até se atrevem a colocar o vértice da pirâmide em magistral equilíbrio impossível, desde que disponham, pelo menos, de dois imbecis para lhes ampararem a base no ar.
----- Surpreendentemente, aqui na Usina, deparou-se-me um miserabilista caso, para mim inédito absoluto, dum escrevinhador a quilómetro que se confessa advindo das humildes lides chãs da vida (muito bonito), mas que logo de seguida cambalhoteia e se atira em bicos de pés para as raias do sublime intelecto e se tem por doutorado literário (muito feio). Este, aliado a outros curiosos casos de narcísica sabichonice invisível, não se vêem de facto.
----- Em resumo.
----- As estantes da humanidade estão plenas de sabedoria transcendental, de soluções mestras infalíveis, de memórias veneradas e inesquecíveis, e a maioria dos vivos actuais continua a arrastar-se penosamente sobre a terra. É irónico, anedótico, dá para um miúdo inteligente, em lugar de chorar, rir durante a vida inteira.
----- José Cardoso Pires, meses antes do seu definitivo repousamento, afirmou à RTP o seguinte: os escritores actuais têm de corromper! Eu entendi-o: demolir quanto possível os que em defeito prático exibem a virtude teórica. É o que, identificando-me com a ideia, não cesso nem cessarei de fazer.
----------------- Torre da Guia ----------------- |