----- A complexidade existencial dos humanos, progressiva e persistenmente instalada na atmosfera racional - segundo as ilacções que retiro da História e o conceito que actualmento faço da vida - lembra-me uma emburricante cavalgada onde montadores e montadas se vão despenhando sucessivamente num abismo: uns destacada e gloriosamente; outros em aflitiva súplica, enclavinhados na inevitável lápide do esquecimento.
------------- Por mais que tente e retente
------------- Minha existência entender
------------- À luz profunda da mente
------------- Nem nada consigo ver!
----- É pois com admirado espanto que encaro os contemporâneos, presumidos e presunçosos conhecedores de todas as coisas, que pateiam os meus singelos e óbvios sonhos e lhes obstam afincadamente a concretização, acotovelando-lhes até o sustento virtual.
----- Recuando na memória da vida, aos tempos da escravatura-civilização, negreiros-civilizadores, escravos-civilizados e quejandas formas de colocar véu sobre a objectiva realidade, eis-me tal e qual afrontando o paradigma evoluído dos mais hediondos e condenados exercícios da humanidade. Como outrora outros dedutores, também eu sou designado de sacrílego profanador do previlégio santo dominante. Atchim! Desculpem.
----- Logre ou não logre intervir com o meu intencional milionésimozinho na mudança a que aspiro - virar do avesso os miolos do esconso patóide e raspar-lhes o sarro acumulado (que tarefa!!!), estou preparado para enfrentar a próxima onda com disponível e bastante lucidez, consciente do que me espera se porventura conseguir perfurá-la e me rever surgindo do outro lado: mais outra onda ainda!
----- Já ninguém me impõe ou alicia obediência para me fazer alçar as patinhas e cravejar-lhes ferragem. Na onda a minha providencial prancha é a mesma de todos os tempos: um asno que decerto me fará graciosamente o prodígio de zurrar às sereias por mim. E assim continuo a ir convicto à descoberta.
-------- DA VELHA ARTE DE MAREAR COM ASNO -------
-------- O rabo faz de leme e firma o rumo
-------- As orelhas vão de vela ao astral
-------- O dorso é o casco aonde arrumo
-------- Meu sonho até torná-lo pó real!
---------------- Torre da Guia -------------------