O que acho bom ou excelente, costumo comentar com meus amigos. É o caso, por exemplo, do excelente artigo do Professor Gilson Caroni Filho, das Faculdades Integradas Hélio Alonso, no Rio de Janeiro, publicado no Jornal do Brasil, de 09 de abril, sob o título “A diferença é que já não há cordeiros.” Selecionei alguns trechos que considero material apropriado para uma boa reflexão sobre o que se passa no Oriente Médio, que, por sinal, faz parte do nosso mundo assimetricamente “globalizado”, in verbis:
“Há momentos históricos que, pela crueza, não comportam acomodação. Não requerem mais análises de conjuntura ou considerações de natureza antropológica. Não mais se trata de fazer considerações geopolíticas para justificar estratégias.” (...)
“Ramala sitiada e destruída é a ruína da razão comunicativa. Não é apenas a inviabilidade de uma trégua que possibilite o diálogo. É a civilização abdicando de seus próprios pressupostos.” (...)
“No Oriente Médio, o movimento palestino é o mais progressista projeto de resistência, o mais prenhe de valores da modernidade. O mais rico em termos culturais. As pedras dos jovens árabes defendem da insanidade uma herança cara ao Ocidente. Querer reduzi – los ao Hamas e outros grupos de motivação religiosa é, com apoio logístico da mídia internacional, distorcer a realidade para ocultar contradições mais profundas. Mentir com insistência até que a inverdade assuma ares de realidade inconteste. Com todo o respeito por vítimas de outra barbárie, o humanista radical deve indagar: Goebbels, de algoz, virou mestre? A generosidade original do sionismo virou fascismo? Os filhos da diáspora agora brincam de destruir seus próprios Guetos de Varsóvia?
São 205 assentamentos judeus em território palestino. Humilhação diária nos postos de controle nas fronteiras. Milhares de mortos ao longo de 20 anos. Humilhação crescente da mais legítima liderança política. Recolhido ao que restou do que um dia foi a sede da Autoridade Nacional da Palestina, sem água, luz e respirando ar rarefeito, a Yasser Arafat é ordenado que controle os homens-bomba. Quem ordena? A mesma comunidade internacional, liderada por Washington, que recomenda a Israel que se retire das terras invadidas nos últimos dias. Como pano de fundo, a tibieza de sempre da Liga Árabe. Esse é o saldo de tantas resoluções internacionais ignoradas.”