Aos poucos, nossos temas vão voando,
Como voam as aves, junto ao bando,
Enquanto as aulas são sempre melhores,
Que o povo, aqui, se entende às maravilhas,
Acumulando as trovas, em mil pilhas,
Para que tu, amigo, nos explores.
Um verso só seria muito pouco.;
Milhões, hás de dizer: — “Coisa de louco,
Pois não dá tempo até de uma leitura.”
Mas que fazer se é nosso o compromisso
De burilar a obra. Pensa nisso
E aceita cá do etéreo esta estrutura.
Um canto alegre satisfaz a todos,
Pois muitos se cansaram desses lodos
Em que se vêem, na vida, mergulhados.
Simples lembrança de tal dor machuca.;
Não faças, pois, do verso uma arapuca,
Para prender os sonhos dos maus fados.
Vamos rezar que o Pai promova a paz,
Que a humanidade possa ser capaz
De progredir, na vida, o que planeja.
No entanto, fique esperto para a lida,
Porquanto, no evangelho, se convida
A enfrentar co’amor cada peleja.
Pedir ao Pai é coisa de somenos:
São sentimentos por demais amenos,
Numa oração que o Mestre nos legou.
Mas fazer versos, com a própria rima,
É isso que o pedido mais sublima.;
Foi isso que o mentor recomendou.
Estou a repetir a tal lição,
Pois sei que os meus amigos ouvirão
O apelo, p’ra que a vida seja um brinco.
Concentração no amor é o que mais peço,
E caridade, p’ra obter sucesso,
Não num encarne, mas em outros cinco.
Dissemos que as poesias eram tantas
Mas, nem por isso, tu muito te espantas
E, agora, ficas mudo, com seis vidas.
O tempo que preenches, com os versos,
Não te permite atos mui perversos,
E eu sei que aqui do etéreo tu duvidas.
Cumpramos uma simples condição:
A de jamais dizer um rude “não”
Aos mandamentos claros do evangelho.
Se não quiserem dar ouvido a isso,
Qualquer coisa que diga, não atiço,
Pois a malícia é fato muito velho.
P’ra quem veio ditar versos alegres,
É esperar demais: que tu te integres
No tema da virtude peregrina,
Pois ser alegre assim, por estas plagas,
É desejar que o riso sempre tragas,
Antes que a nossa graça se defina.
É, na verdade, isso o que pretendo,
Pois quem é bom, aqui, acaba vendo
Que tudo se repete em harmonia,
Desde que a rima chegue com amor
E a caridade o bem venha dispor,
Para que tu não digas: — “Todavia...”
Não vejo com bons olhos o leitor?
Então me digas como vou compor,
Para que o verso tenha algum sentido.
Desejarias nuvens pelos céus.;
Anjos flanando, em doces escarcéus?
Pode até ser, mas crer em mim? Duvido.
De qualquer forma peço a Jesus Cristo
Que este meu verso venha a ser benquisto,
Mesmo que o gajo aí não tenha jeito.
Atire a pedra quem não tenha medo
De me apontar em riste o justo dedo,
Pois, se tiver razão, o ralho aceito.
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