O Prêmio Nobel da Paz, outorgado à ONU, e ao seu secretário-geral, parece que não serviu, sequer, para retomar a discussão sobre o papel político da Instituição. Os atos terroristas, sugerem maior eficácia e autoridade daquele organismo, frente às relações internacionais. O objetivo é garantir a paz e a segurança entre os povos, o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais, entre outros. Para tanto, faz-se imprescindível promover alterações na composição dos seus órgãos deliberativos, aumentando a quantidade de representantes, com poder de voto e de veto, conferindo maior qualidade ao processo decisório.
Espera-se, também, maior integração e interação da ONU com outros organismos mundiais, como forma de harmonizar soluções e objetivos mais amplos. A elaboração de normas claras de direito internacional, que preservem a soberania das nações e estimulem a cooperação e o desenvolvimento sustentado, completaria o arcabouço legal que daria suporte jurídico às arbitragens da ONU. Só desse modo, poderíamos pensar no combate à todas as formas de terrorismo.
Por outro lado, de nada adianta uma organização como a ONU, que não seja respeitada pelos seus representantes, como é o caso dos Estados Unidos, país que possui cadeira cativa e muito peso nas decisões do seu Conselho de Representantes, mas que se nega, até o momento, a colaborar no sentido de que as sentenças ali proferidas sejam, de fato, cumpridas. Não pode uma nação, por mais justas que possam parecer suas iniciativas – e não me parecer ser este o caso - no campo internacional, sobrepor-se aos entendimentos firmados pela ONU, como ó o caso de Israel, que vem praticando verdadeiro genocídio contra o povo palestino, sob o olhar complacente dos Estados Unidos da América. Parece até que Ariel Sharon é dono de Israel. As ações militares ali desenvolvidas são tão absurdas que chegam a lembrar as atrocidades cometidas pelas forças alemãs da Segunda Guerra.
A guerra só interessa aos radicais de ambos os lados. Do jeito que a questão vem sendo conduzida por Ariel Sharon, na contramão da paz e do entendimento entre os povos, acabará reforçando ódios, estimulando ressentimentos, e colocando a paz mundial em risco. Se a Resolução 1402, aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU, que exige a retirada da invasão militar de Israel em locais de ocupação dos palestinos, não puder ser aplicada, e se os EUA continuarem a fazer “corpo mole”, a tendência é o conflito tomar proporções bem mais graves. E o prejuízo será de todos.
Domingos Oliveira Medeiros
05 de abril de 2002
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