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Cartas-->Fases da vida -- 07/10/2002 - 18:15 (Ricardo Barreto Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


FASES DA VIDA

FASES DA VIDA



Acredito que vida pode ser dividida em quatro fases como as estações do ano:

Até aos 20 anos seria a PRIMAVERA; muita luz, as árvores crescendo, as flores brotando, perfume no ar e os hormônios moldando nosso corpo e nossa mente.

Dos 20 aos 40 anos equivaleria ao VERÃO; calor, tempestades, as árvores frutificando. Tempo de aventuras e de conquistas amorosas e materiais.

Dos 40 aos 60, o OUTONO; as folhas caindo, as flores murchando, o mundo tornando-se cinzento. Tempo para reflexões.

Dos 60 aos 80, o INVERNO. Tempo para procurar abrigo, proteção, aconchego.

Estou com 60 anos, três quartos da minha vida já se escoaram. Tenho mais coisas para lembrar do que para pensar em fazer.

Não vivo remoendo o passado, ele é que, de vez em quando, se apossa de mim e me faz reviver todas as emoções vividas e, como a maioria das minhas recordações é feita de boas recordações, é um prazer, para mim, sentir tudo de novo.

Porém como eu só escrevo quando estou triste, o que faz passar a minha tristeza, então a impressão de quem me lê é de que eu vivo triste e sofrendo.

Não é verdade. Noventa por cento do tempo estou satisfeito com a vida. Daí a minha pouca produção literária.

Não queria que minha filha se entristecesse ao me ler, mas a verdade é que, um dos poucos espinhos cravados na minha alma, é o fato dela viver tão distante de mim.

Sei que nunca mais terei a oportunidade de conviver com ela outra vez, a não ser durante pequenos períodos de férias. Sei também que ela precisa libertar-se dos laços familiares, cortar o “cordão umbilical”, para poder ser feliz sem limitações.

Sinto orgulho por ela ter conquistado tanta coisa, em tão pouco tempo, unicamente com esforço próprio. Mas sinto remorso também por não ter conseguido construir um “ninho” seguro e aconchegante para ela não ter que passar por tudo o que ela passou.

Não gostaria de pensar que não a conheço nem ela me conhece mais, basicamente somos os mesmos. Nem todo o sofrimento do mundo consegue modificar a personalidade forjada na primeira fase da vida, a PRIMAVERA. Nem é saudável que isto aconteça. No máximo adquirimos uma camada de verniz social e cultural.

Não se aborreça Renata só estou escrevendo essas coisas porque percebi que nunca tinha pedido para você voltar e talvez você pensasse que eu não me importava com a sua ausência.

Vá em frente, termine a sua tese, conclua o seu doutorado, construa a sua felicidade sem se preocupar comigo. Não podemos ter tudo na vida. Estarei feliz sabendo que você está feliz.



Beijos: Painho.



Recife, 20/09/02



P.S.: Não consigo deixar de ser melodramático, é o meu estilo

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