Usina de Letras
Usina de Letras
156 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62072 )

Cartas ( 21333)

Contos (13257)

Cordel (10446)

Cronicas (22535)

Discursos (3237)

Ensaios - (10301)

Erótico (13562)

Frases (50478)

Humor (20016)

Infantil (5407)

Infanto Juvenil (4744)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140761)

Redação (3296)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6163)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Ensaios-->Quem se Lembra da Letra? -- 07/03/2002 - 17:03 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Hino Nacional Brasileiro. Quem se Lembra da Letra ?

Estava passando os olhos pelos jornais, como quem lê uma revista na sala de espera do dentista, sem qualquer interesse específico. De repente, embora não seja costumeiro, interessei-me pela reportagem sobre o jogo amistoso da seleção brasileira contra o time da Islândia. Islândia? E lá existe futebol? Indaguei-me, com certa surpresa. Mas, logo em seguida, me dei conta de que a nossa seleção não é lá essas coisas. Não é a mesma. Não é nenhuma Brastemp. Não se faz mais seleções como antigamente. Pelo menos semelhantes àquelas que foram vitoriosas em quatro campeonatos mundiais. Algumas das quais tive o privilégio de torcer, tomado pela patriótica emoção de quem se orgulha do país onde nasceu.

E os pensamentos começaram a fluir. Seria saudosismo dizer que naquele tempo as coisas eram bem melhores? Talvez sim, talvez não. O fato é que cada geração tem seus altos e baixos. Uma época pode ser melhor do que outra sobre alguns aspectos. Hoje temos avanços científicos a comemorar. A longevidade, apesar de tudo, aumentou. Já estamos conseguindo retirar do cenário político alguns deputados, senadores e até presidente da república. Mas, e antes? Na minha época, digamos assim, o que poderia ser enumerado como coisa boa?

Foi logo estabelecer esta pergunta e as respostas começaram a fluir. Na educação, por exemplo. O Estado era responsável, tão-somente, pelo ensino básico, que compreendia as cinco primeiras séries. O chamado Curso Primário. Era uma espécie de pré-requisito para tentar, ao seu final, prosseguir os estudos ingressando no Curso Ginasial (equivalente, hoje, ao primeiro grau) e, continuar os estudos optando pelo Curso Clássico (mais voltado para a área de Humanas) ou o Curso Científico (para os interessados em Ciências Exatas). Hoje, reunidas estas áreas num só grupo, o do segundo grau de ensino.

E era melhor, porquê? Porque sendo o Curso Primário única obrigação do Estado, havia mais recursos e maior interesse em dotar esta parte fundamental do ensino de todas as garantias de qualidade. Em toda a rede de ensino público não havia concorrência do setor privado. O ensino público, além de gratuito, era imbatível em termos de qualidade. E os professores? Não ganhavam lá essas coisas, tal como hoje, é bem verdade. Mas isso em termos absolutos. Porque em termos relativos, isto é, comparando os salários à situação econômica da época havia, sem sombra de dúvidas, um ganho adicional. Por conta do poder de compra advindo da boa situação do mercado e da economia como um todo.

No curso primário havia aulas de português, matemática, história, geografia, trabalhos manuais, jardinagem e , uma vez por semana, a professora separava um tempo para ler histórias. Foi assim que pude conhecer toda a trama do Sítio do Pica-Pau Amarelo e tantas outras obras do estilo.

E tem mais. Todos os dias, antes de começar as aulas, os alunos formavam filas no pátio, conforme as séries que cursavam e, sob o comando da diretora da escola, cantavam o Hino Nacional Brasileiro. O Hino à Bandeira Nacional. E assim por diante, principalmente em determinadas datas cívicas. Havia uma ligação direta entre nós e o nosso país. Um compromisso. Uma alegria. Uma esperança. Um primeiro sentido para a vida.

Depois, fomos crescendo. Aos quatorze anos, consegui minha primeira Carteira de Trabalho do Menor. Sim, naquela época o menor podia trabalhar com os mesmos direitos dos adultos. Apenas que, em certas funções classificadas como perigosas, ou de desenvolvimento noturno, proibia-se a presença do menor.

Foi assim que cresci. Aprendendo a lutar pela vida. Sem deixar de estudar. Já tinha minhas responsabilidades. Ajudava em casa, com orgulho. E mais, quando completei dezoito anos, o emprego me liberou para servir o exército. E quando dei baixa, lá estava meu emprego, me esperando, de braços abertos. Que diferença dos dias de hoje!...

Depois veio a vida de rapaz, que não cabe aqui tecer maiores comentários, por razões de espaço e de tempo. Devo dizer apenas que o carnaval era para todos, e brincava-se nas ruas, junto com as escolas de samba.

Não havia AIDS. Vou repetir: Não havia AIDS. Não havia Dengue. E cada ramificação do comércio ou da indústria tinha o seu próprio atendimento médico. IAPB, para os bancários. IAPC, para os comerciários. IAPI, para os industriários, e assim por diante. Não havia a menor chance de corrupção em massa. Seria preciso corromper muita gente, pois os institutos tinham suas próprias gerências e responsabilidades. Eram independentes. Depois juntaram tudo no paquiderme monstruosos chamado previdência social, o famoso INSS. E todos sabemos o que vem acontecendo daí por diante. Infelizmente.

Mas voltando à pagina do jornal, a seleção brasileira não precisa ter medo. Primeiro que a Islândia nunca teve futebol. Depois, a Islândia vai jogar com o seu time reserva. A que ponto nós chegamos. A Islândia ocupa o lugar de número 54 no ranking da Fifa. Mas, no que se refere ao IDH, Índice de Desenvolvimento Humano, que expressa a qualidade de vida de um país, em termos de PIB, grau de escolaridade e na expectativa de vida, a Islândia está em sétimo lugar, e o Brasil ocupa a posição 69. Muito incômoda, por sinal. Bem que poderíamos imitar nosso adversário no que tange ao aspecto relativo à qualidade de vida, porque no futebol até que estamos chegando perto.

Mas toda essa história foi para dizer que, hoje em dia, não me conformo com o descaso em relação ao Brasil, enquanto pátria, enquanto nação. Não vejo ninguém cantar mais o nosso hino. Nas escolas, nas solenidades públicas, e até nos campos de futebol.

Não consigo entender como possa um clube de futebol não se preocupar com este fato. Paga-se milhões de reais aos jogadores e não se lembram de ensiná-los a cantar nosso hino. Problema é antigo. Quantas vezes tivemos que ver o balbuciar de jogadores, imitando a cantoria do hino nacional, enquanto comemoravam um mundial de futebol. Que vergonha para nós. As câmeras não perdoam. No mundo inteiro a crítica deveria estar sendo feita. Que falta de amor ao país. Enquanto as equipes americanas.... dá gosto ver todos abraçados à sua bandeira e cantando, forte e alegre, o hino dos EUA. Enfim....se você já sabe a letra do Hino Nacional Brasileiro, pode parar a leitura do artigo por aqui mesmo e meus parabéns. Para você que ainda não sabe, e deseja aprender, a letra está publicada em “Artigos” e em “Ensaios”. Domingos Oliveira Medeiros
. 07 de mar 2002
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui