Careceria de longas horas em aprofundada consulta e dedicado estudo para Vos falar, de fonte segura, sobre o aparecimento da semântica linguística, logo que o Homem se apercebeu que as palavras, no percurso de seu uso e existência, carregavam muito mais acção do que aquela que por origem tão só significavam. Este fenómeno, a todos os títulos importantíssimo, é no entanto, nos tempos que decorrem e quanto a mim, bem menos instante de avaliação do que a semântica do silêncio que as antecede, intercala ou precede. Quem é que não ouviu já dita ou escrita a célebre frase: há silêncios que valem mais do que mil palavras?!
Ora, estou persuadido - e uma breve matutação sobre o raciocínio também persuadirá aqueles que ainda não abordaram este sujeito - que o silêncio também evolui carregado de novos significados, que a maioria dos indivíduos não entendem ou tão pouco se preocupam entender. É óbvio que não estou a referir-me ao silêncio sepulcral, esse que nunca mais deixará de ser aquilo que é.
Hoje, muito mais do que ouro, como soer é dizer-se, o silêncio faz e é da vida essencial, embora se insista e continue a propalar que a denúncia dos males sociais logrará victória em favor dos menos sucedidos e desprotegidos, canção estafada que é mais um 'em nome de' no charco dos silêncios tácitos que trata efectivamente da realidade quotidiana dos cidadãos. É interessante como no meio de tanto falatório, escritura e debate, se ouve muito mais o silêncio e a sua ressonante nomeclatura vital.
É pois chegada a hora (chega todos os dias e desde sempre) de nos debruçarmos atentos sobre a semântica do silêncio para deduzirmos e sabermos quanto possível um pouco mais àcerca do que ele hiodiernamente significa e, sobretudo, vale: quiçá 5% integrais do produto dum inesgotável poço de petróleo. Gulbekian deu voz aos outros em silêncio!