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Ensaios-->Recall na Passarela da Globalização -- 16/02/2002 - 12:21 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Sempre tem uma palavra da moda. E a moda que está na moda chama-se “recall”. Palavra de origem inglesa, que já assumiu sua posição no dicionário da Língua Portuguesa, que assim a define: “convocação que o fabricante ou distribuidor faz ao consumidor, para retorno de produto já vendido, no qual se descobriu, posteriormente, defeito ou problema”.

Na semana passada, e ainda nesta, o assunto tomou assento na cadeira cativa da imprensa e promete demorar a sair. Tudo por conta da notícia veiculada pela montadora de automóveis GM que, aproveitando-se dos festejos de Momo, no domingo de Carnaval, anunciou o recall de veículos da linha 2002 para corrigir problemas no sistema de freio a disco. De nada adiantou a estratégia do Carnaval. Logo se descobriu que, além da GM, o problema envolvia mais outras três montadoras: Fiat, Volkswagen e Ford , clientes do mesmo fornecedor, a multinacional alemã Continental Tevês, fabricante da peça com defeito. Total de veículos envolvidos: mais de 100 mil.

A primeira leitura que se faz dessa notícia é a de que a ineficiência não é privilégio do Setor Público. E a segunda, é a de que as empresas demoraram muito para convocar sua clientela, a despeito de que o recall venha sendo reconhecido como símbolo de transparência e respeito para com o consumidor. Além disso, o assunto ganha importância na medida em que fica claro a possibilidade do perigo a que ficaram expostos os compradores daqueles produtos defeituosos.

O fato tem correlação com alguns paradigmas preconceituosos com os quais se rotulam pessoas ou fatos. Explico: rico tem amante, cacho ou caso; pobre tem concubina. Pobre correndo é ladrão; rico, é atleta.

Quando aparece um lote de vacinas com defeito, no Ministério da Saúde, trata-se de mau gerenciamento ou incompetência do governo. Quando acontece um defeito na peça de mais de cem mil automóveis, produzidos por várias montadoras do setor privado, seja pelo descaso, pela falta de controle de qualidade, pela incompetência ou pela irresponsabilidade empresarial, o assunto passa a ser travestido com o pomposo nome de recall.

E não adianta justificar dizendo que a culpa é do fornecedor da peça. A terceirização implica delegação de competência, mas não retira a co-responsabilidade das montadoras em relação aos seus clientes.

Mas, como não convém remar contra a maré, de encontro às ondas da globalização, a idéia do recall poderia ser melhor aproveitada pelos governos. Aliás, o nosso presidente poderia, há muito tempo, estar utilizando o recall para resolver uma série de problemas mal resolvidos. Aproveito a oportunidade para sugerir alguns exemplos de recall que poderiam ser utilizados pelo governo.

recall para a troca dos parafusos que sustentam os cabos de distribuição de energia elétrica, fabricados há anos, e que só servem para produzir falta de energia e tensão no Brasil. Estes parafusos estão com problemas na cabeça. A convocação deve ser feita durante o dia, pois à noite poderá não ter energia;

recall para o salário mínimo, a fim de que estes rendimentos possam atender às necessidades básicas do trabalhador e de sua família, nos termos garantidos pela Constituição Federal, entre as quais destacamos: a moradia, a alimentação, a educação, a saúde, o transporte e previdência social;.

recall para que seja corrigido o defeito nos vencimentos do servidor público, em cumprimento ao que estabelece a Constituição, que garante a revisão anual, geral e linear dos seus vencimentos, mantendo o poder aquisitivo de compra e possibilitando sua sobrevivência e de seus familiares; extensivo aos aposentados e pensionistas;

recall para as ações na área de saúde, a fim de evitar a proliferação de doenças infecto-contagiosas, como a dengue, de números 01 a 03, denominadas de simples, comum e hemorrágicas, que começaram a aparecer no início do século passado, mas que foram totalmente banidas e que, agora, retornam com toda força, provavelmente motivadas pelas chuvas que tanto ajudaram o governo na questão da falta de energia mas que, paradoxalmente, culminaram com quedas de barreiras e desabrigados, e muito prejuízo.

recall para o Congresso Nacional, a fim de que a Instituição, que melhor simboliza a nossa democracia, e que encarna a figura do mais importante órgão responsável pelo processo decisório brasileiro, possa, finalmente, encontrar e consertar as ferramentas necessárias para votar e aprovar as grandes reformas ainda pendentes, como a reforma política, a tributária, a judiciária, e a administrativa, entre outras, que, até agora, por conta de ferramentas enferrujadas e desalinhadas em relação às atuais e urgentes necessidades do país e da população, não saíram do papel;

recall para todos os políticos que apresentaram defeitos por conta dos quais foram cassados ou renunciaram aos respectivos cargos e que agora pretendem voltar ao cenário político;

recall para o recall das concessionárias das montadoras, sediadas em Brasília-DF, que não puderam trocar as pinças de freios com suspeita de defeito, porque não receberam as novas peças a tempo. Segundo a imprensa, apenas a Fiat seria a única que estaria realizando todas as reposições recomendadas;

recall para os jogadores da seleção brasileira, incluindo a comissão técnica, que não andam, decididamente, bem das pernas, da cabeça e dos joelhos. Não sabemos até que ponto a reposição, neste caso, poderá dar certo, de vez que não é a primeira vez que es tipo de troca é realizado, sem que, no entanto, tenha produzido algo de positivo.;

recall para todos os presidentes eleitos e que tiveram, ou ainda têm, mandatos compreendidos nos períodos de 1995 a 2002. Estes presidentes apresentam muito defeitos, alguns dos quais irreparáveis, em face do tempo que resta para sua correção. O mais comum deles é a falta de energia e de parafusos, em todos os sentidos; e, finalmente,

recall para os eleitores que insistem em votar errado, sem qualquer critério de escolha, acreditando, ingenuamente, que a política nada tem a ver com sua vida e de sua família. E com isso, cometem um grande erro, um grande defeito: passam a acreditar nas pesquisas eleitorais e votam mais pela simpatia do produto apresentado pelos marqueteiros de plantão, do que pelos programas de governo apresentados pelos candidatos, sem ao menos preocupar-se com sua atuação, sua história, o que já fizeram de bom e de ruim para este país e para o povo brasileiro. Domingos Oliveira Medeiros. 16 de fevereiro de 2002









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